{"title":"Slam Resistência: poesia, cidadania e insurgência","authors":"D. A. S. Freitas","doi":"10.1590/2316-40185915","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185915","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo investiga os entrelaçamentos entre poesia, cidadania e insurgência na São Paulo contemporânea a partir do Slam Resistência, uma batalha de poesia que acontece desde 2014, todos os meses, na Praça Roosevelt, no centro da cidade. Para tanto, dada a novidade que essa nova forma de poesia constitui, apresentaremos as origens e os percursos da slam poetry até sua chegada a São Paulo e discutiremos a forma como o slam transforma a relação entre público, poeta e poesia, redefinindo seus termos. Em seguida, veremos como, ao se afiliar simultaneamente aos suportes oral, visual e escrito, o slam mistura as esferas do público e do privado, do político e do pessoal. Dessa forma, no Slam Resistência, a prática da cidadania insurgente acontece no centro da pólis e toma a praça, ocupando e ressignificando o espaço público.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-01-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48963795","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Poéticas do desejo e dos prazeres LGBTQ na Poesia gay brasileira","authors":"C. Silva","doi":"10.1590/2316-4018614","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-4018614","url":null,"abstract":"Resumo Antologia é um compêndio de textos, de um ou vários autores, escolhidos por um organizador com a finalidade de colocar em evidência uma estética, um período ou uma temática. Antologias, portanto, dizem muito das políticas editoriais e sociais do seu tempo. Desse modo, o artigo se propõe a analisar Poesia gay brasileira (2017), coletânea que reúne poemas do século XIX ao XXI a partir da temática da homossexualidade ou homoafetividade. O recorte do estudo, porém, se restringe aos textos nos quais o discurso encena os afetos LGBTQ, o desejo e suas tensões, os prazeres e suas marcas na cultura. Em suma, interessa pensar como o discurso sobre as práticas eróticas desses sujeitos se desloca para uma postura política sobre a sexualidade. Entre outros suportes teóricos, a análise baseia-se em Butler (2017; 2019a; 2019b), Foucault (2015), Preciado (2011; 2014), Rolnik (2018), Rubin (2017), Sejo e Carrascosa (2016) e Vidarte (2019).","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"4 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67319910","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Traços de espirógrafo: o cotidiano banal e a intransitividade social no conto “De forno a forno”, de Rubens Figueiredo","authors":"Abigail Ribeiro Gomes","doi":"10.1590/2316-40185816","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185816","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo se propõe a observar alguns aspectos do uso de imagens esféricas no conto “De forno a forno”, de Rubens Figueiredo. A proposição é verificar de que modo essas imagens contribuem na apresentação e na reiteração da banalidade e da intransitividade social do cotidiano da camada mais pobre da população retratadas na obra de Figueiredo, dentro de uma perspectiva do círculo como algo que simboliza o imutável, sem começo nem fim, nem variações. A utilização e a articulação das imagens esféricas no conto, assim como a própria estrutura circular adotada por Figueiredo na construção da narrativa, propõem, a nosso ver, um cerco e uma manutenção das classes sociais retratadas, consequentemente uma espécie de impedimento de transposição dessas classes, tanto socialmente quanto de pensamento.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48472667","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Gabriela Aguerre - O quarto branco. São Paulo: Todavia, 2019","authors":"Stefania Chiarelli","doi":"10.1590/2316-40185819","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185819","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48944302","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel, Andréia Ferreira de Melo Cunha
{"title":"Migrantes e refugiados em Mohamed: um menino afegão, de Fernando Vaz","authors":"Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel, Andréia Ferreira de Melo Cunha","doi":"10.1590/2316-4018586","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-4018586","url":null,"abstract":"Resumo A literatura juvenil, por se voltar para um público específico, constituído por jovens leitores cada vez mais imersos em um mundo globalizado, assume um papel importante na reflexão sobre a mobilidade humana na contemporaneidade e os impasses advindos da necessidade de se viver junto. Mohamed: um menino afegão, de Fernando Vaz (2002), tematiza o drama de um menino muçulmano que vive em meio à guerra no Afeganistão. Por meio da análise da obra, este artigo objetiva mostrar como essa narrativa apresenta estratégias composicionais que proporcionam ao leitor ao mesmo tempo uma empatia e um estranhamento com a cultura do outro. Para tanto, serão consideradas as reflexões de Maria Zilda Cury (2006), Fanny Mahy (2016), Zygmunt Bauman (2017), entre outros.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67319618","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Eduardo Jorge de Oliveira - A invenção de uma pele: Nuno Ramos em obras. São Paulo: Iluminuras, 2018","authors":"Irma Caputo","doi":"10.1590/2316-40185818","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185818","url":null,"abstract":"A invenção de uma pele: Nuno Ramos em obras, de Eduardo Jorge de Oliveira (2018) deixa entrever já no título um dos eixos temáticos de análise das obras do multiartista paulistano – a invenção de uma pele – bem como a escolha metodológica para aplicação dessa análise: a obra do artista em seu conjunto, numa perspectiva integrada entre plástico e literário. A pele, tema recorrente em Nuno Ramos, tanto na escrita – “Comecei a arrancar a pele das coisas. Queria ver o que havia debaixo. Ergui a superfície do assoalho, que saiu inteira sem quebrar” (Ramos, 1993/2011, p. 29) –, quanto em suas obras de arte plástica, como Pele I (1988) e Pele III (1989), representa, para além de uma temática, um verdadeiro procedimento estético. A busca de uma pele, a criação de uma pele ou o ato de arrancá-la resultam em práticas de criação. Enquanto ensaio de verve estilística altamente literária, o livro estrutura-se em sete partes principais: “Pele, textura da animalidade”, “Pele e expansão literária”, “Inventar um lugar, fazer pele”, “Manto: camadas de pele, pintura”, “Inventar uma pele, transferir uma pele, possuir uma pele”, “Breve retorno: Proteu e a invenção da pele” e “Nuno Ramos em obras”. Cada parte, à exceção da última (um apêndice de imagens coloridas), é marcada por giros (primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto), a fim de assinalar uma viagem dentro da obra do autor,1 como uma rodada que não exaure o que se tem para dizer. Talvez, esses giros, em que são abordadas obras plásticas e literárias escolhidas, sejam só o início de uma reflexão em espiral que, exatamente como a roda, nunca acaba. As reflexões sobre as obras abrangem de alguma maneira toda a produção de Nuno Ramos. Ideias como a de “animalidade como um fenômeno de superfície” (Oliveira, 2018, p. 72) relacionadas às obras Craca e Caixa de areia, ambas de 1995, são, de fato, aplicáveis a outras criações de Nuno Ramos.2 Se, ao abrir o livro, Eduardo Jorge explora, através do dicionário, o verbete animalidade “como um conjunto de qualidades ou de faculdades que são os atributos dos seres que compõem o reino animal”, do ponto de vista da obra de criação, ela convida o leitor a “lidar com os limites do corpo diante da matéria”, misturando assim “pulsões de vida e de morte, ao longo de uma observação da própria matéria em obra” (Oliveira, 2018, p. 12). Tanto em Caixa de areia quanto em Craca, “a animalidade como fenômeno de superfície” nessa vontade de observação da matéria em obra, sob a osmose de impulsos contrastantes (vida e morte) resultaria na tentativa de invenção de uma pele por detração, como no primeiro caso, ou por acumulação, como no segundo. Em Caixa de areia, carcaças de animais mortos deixaram seu calque na areia, cristalizando a memória da passagem daqueles corpos, os quais, uma vez extraídos, deixaram nas duas partes das caixas o resíduo especular do que foram. Uma nova superfície côncava configura-se como uma nova pele para a materialidade arenosa que ali ficou exposta, uma pele ","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47611714","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Meshugá, de Jacques Fux: à roda de perguntas sumamente delicadas","authors":"Wanderland Alves","doi":"10.1590/2316-40185810","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185810","url":null,"abstract":"Resumo Neste artigo, analisamos o romance Meshugá (2016), de Jacques Fux, procurando compreender como, em sua textualidade, operam-se três movimentos fundamentais, a saber: a criação de uma persona de escritor, o diálogo com as indefinições genéricas típicas da literatura contemporânea, e uma reflexão ética sobre os desafios e as possibilidades atuais para as literaturas ligadas à memória do holocausto e da perseguição aos judeus ao longo da história.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67319456","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Cronicar lo íntimo: las inflexiones autobiográficas y el lector confidente en las crónicas de Clarice Lispector","authors":"M. V. Gutiérrez","doi":"10.1590/2316-40185814","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185814","url":null,"abstract":"Resumen Las crónicas de Clarice Lispector, reunidas bajo el título Revelación de un mundo, publicadas en el Jornal do Brasil entre 1967 y 1973, aparecen como textos que, por su temática y recursos de escritura, cabalgan entre la crónica y las narrativas del yo, configurando un lugar de enunciación que se vuelve sobre la propia escritura para problematizar la cuestión genérica y la cuestión de los lectores. En este trabajo analizaré el cuerpo de crónicas de Lispector a partir de las categorías de “crónica personal”, en la que podrían inscribirse las singulares incursiones de la escritora en la tradición del género, y de “intimismo espectacular” (Giordano), categoría que permite pensar la relación entre las crónicas de Lispector y los lectores.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67319524","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"O predomínio das memórias frente ao romance nas narrativas a respeito da ditadura militar brasileira","authors":"Marana Borges","doi":"10.1590/2316-40185813","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185813","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo analisa o declínio gradual na produção de romances sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985) e a ascensão das memórias, gênero a tal ponto difundido que se converteu durante décadas na principal fonte histórica sobre o período, como mostra o historiador Carlos Fico. As memórias são ainda hoje largamente mais publicadas do que os romances. Para explicar o fenômeno, articulam-se argumentos epistemológicos, literários e históricos, lançando mão especialmente de teóricos como Merton, Russell, Avelar e Fico. O livro Viagem à luta armada (1996), de Carlos Eugênio Paz, servirá de estudo de caso. Defende-se a hipótese de que a preponderância das memórias deve-se: a) à noção de privilégio epistemológico envolvendo as pessoas afetadas diretamente pelo regime ditatorial; b) à noção de que a escrita ficcional não seria fidedigna às versões sobre o passado reivindicadas por diferentes segmentos da sociedade. Ambas noções são questionadas neste artigo.","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67319513","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Lucía Tennina - Cuidado com os poetas! Literatura e periferia da cidade de São Paulo. Porto Alegre: Zouk, 2017","authors":"A. S. Lima","doi":"10.1590/2316-40185817","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2316-40185817","url":null,"abstract":"Ao associar o termo literatura com o adjetivo “marginal”, estamos classificando “as obras literárias produzidas e vinculadas à margem do corredor editorial, que não pertencem ou que se opõem aos cânones estabelecidos, que são de autoria de escritores originários de grupos sociais marginalizados, ou ainda, que tematizam o que é peculiar aos sujeitos e espaços tidos como marginais” (Nascimento, 2009, p. 20-21). Nessa estética literária, é perceptível, entre outras características próprias, o cunho social e político, haja vista que esses escritores, por meio da literatura, posicionam-se e denunciam os problemas do meio em que estão inseridos, além de firmar suas identidades, resgatando memórias individuais ou coletivas. A obra da professora e pesquisadora argentina Lucía Tennina, intitulada Cuidado com os poetas! Literatura e periferia da cidade de São Paulo, publicada pela editora Zouk (2017), traz um estudo aprofundado sobre essa literatura, problematizando as questões em torno do campo literário a partir das produções da literatura marginal da periferia paulista. Na introdução do livro, a autora narra em primeira pessoa sua motivação para com esse corpus de estudo, assim como a trajetória percorrida até chegar à fatura da obra, o que garante uma maior aproximação do leitor com o objeto narrado. Vale notar a importância do trabalho de campo antropológico1 realizado por Tennina, tendo em vista que muitos dos textos analisados não têm circulação fora do circuito dos saraus. Esse é um diferencial do livro, pois grande parte dos estudos dedicados a essa temática traz como corpus apenas textos dos autores mais conhecidos na área. A pesquisadora aproveita-se desse fato para criticar o cenário hegemônico do campo literário brasileiro, visto que este foi construído e edificado tendo como base obras produzidas por homens, heterossexuais, brancos e economicamente bem posicionados, que, para manter esse status, negam valor literário a determinadas produções, em benefício de outras, reafirmando suas identidades e excluindo, assim, as diferenças. Por essa razão, a crítica argentina destaca que há uma tensão quando esses grupos marginalizados se autorrepresentam, isto é, quando deixam de ser objeto da fala do outro para se tornar sujeito de seu próprio discurso, pois de acordo com Regina Dalcastagnè, o outro (mulheres, pobres, negros, trabalhadores) está, em geral, ausente; quando incluído nessas narrativas, costuma aparecer em posição secundária, sem voz e, muitas vezes, marcado por estereótipos. Daí a tensão presente em textos de escritores e escritoras provenientes de outros segmentos sociais, que têm de se contrapor a essas representações já fixadas na tradição literária e, ao mesmo tempo, reafirmar a legitimidade de sua própria construção (Dalcastagnè, 2007, p. 18).","PeriodicalId":43102,"journal":{"name":"Estudos de Literatura Brasileira Contemporanea","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49204833","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}