Eduardo Jorge de Oliveira-皮肤的发明:努诺·拉莫斯的作品。圣保罗:照明,2018

IF 0.1 0 LITERATURE, ROMANCE
Irma Caputo
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Enquanto ensaio de verve estilística altamente literária, o livro estrutura-se em sete partes principais: “Pele, textura da animalidade”, “Pele e expansão literária”, “Inventar um lugar, fazer pele”, “Manto: camadas de pele, pintura”, “Inventar uma pele, transferir uma pele, possuir uma pele”, “Breve retorno: Proteu e a invenção da pele” e “Nuno Ramos em obras”. Cada parte, à exceção da última (um apêndice de imagens coloridas), é marcada por giros (primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto), a fim de assinalar uma viagem dentro da obra do autor,1 como uma rodada que não exaure o que se tem para dizer. Talvez, esses giros, em que são abordadas obras plásticas e literárias escolhidas, sejam só o início de uma reflexão em espiral que, exatamente como a roda, nunca acaba. As reflexões sobre as obras abrangem de alguma maneira toda a produção de Nuno Ramos. Ideias como a de “animalidade como um fenômeno de superfície” (Oliveira, 2018, p. 72) relacionadas às obras Craca e Caixa de areia, ambas de 1995, são, de fato, aplicáveis a outras criações de Nuno Ramos.2 Se, ao abrir o livro, Eduardo Jorge explora, através do dicionário, o verbete animalidade “como um conjunto de qualidades ou de faculdades que são os atributos dos seres que compõem o reino animal”, do ponto de vista da obra de criação, ela convida o leitor a “lidar com os limites do corpo diante da matéria”, misturando assim “pulsões de vida e de morte, ao longo de uma observação da própria matéria em obra” (Oliveira, 2018, p. 12). Tanto em Caixa de areia quanto em Craca, “a animalidade como fenômeno de superfície” nessa vontade de observação da matéria em obra, sob a osmose de impulsos contrastantes (vida e morte) resultaria na tentativa de invenção de uma pele por detração, como no primeiro caso, ou por acumulação, como no segundo. Em Caixa de areia, carcaças de animais mortos deixaram seu calque na areia, cristalizando a memória da passagem daqueles corpos, os quais, uma vez extraídos, deixaram nas duas partes das caixas o resíduo especular do que foram. Uma nova superfície côncava configura-se como uma nova pele para a materialidade arenosa que ali ficou exposta, uma pele que se dá por subtração. Em Craca, ao contrário, o molde espelha os materiais por acumulação, constituindose como um espelho por excesso e ao avesso. Assim, a nova pele do alumínio fundido no molde se constrói por adição e acumulação do díspar. Essa análise poder-se-ia aplicar também a outras obras. 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摘要

皮肤:努诺·拉莫斯的发明之前,爱德华·乔治(2018)表明了在分析作品主题链状态multiartista——一个皮的发明和应用这种分析方法选择:艺术家的作品在一个整体,在塑料和文学之间综合方法。皮肤,努诺·拉莫斯在写作中反复出现的主题——“我开始从事物中剥离皮肤。我想看看下面是什么。(拉莫斯,1993/2011,第29页)——在他的造型艺术作品中,如Pele I(1988)和Pele III(1989),它超越了一个主题,代表了一个真正的美学过程。寻找皮肤、创造皮肤或撕扯皮肤的行为导致了创造实践。在文学的神韵分析测试,这本书结构分为七大部分:“皮,纹理animalidade文学”、“皮肤和扩展”,“创造一个地方,让皮肤”,“斗篷:绘画的皮肤层”,“发明,传送一个皮肤,拥有的皮肤”,“很快就返回:变形杆菌和皮肤的发明”和“努诺·拉莫斯装修”。除了最后一部分(彩色图像的附录)外,每一部分都用转折(第一、第二、第三、第四和第五)来标记,以标志作者作品中的一段旅程,1作为一个不用尽要说内容的回合。也许这些转折,在这些转折中,艺术和文学作品被选择,只是一个螺旋反思的开始,就像轮子一样,永远不会结束。对这些作品的反思在某种程度上涵盖了努诺·拉莫斯的整个作品。这样的想法“animalidade作为一种表面现象”(橄榄,2018,p . 72)与作品三沙盒,两个1995,实际上是适用于其他的Nuno Ramos.2爱德华打开这本书,如果乔治•字典的探讨,通过文章animalidade“作为一个集合的能力或品质是人的属性的动物”,从工作的角度看,它邀请读者“在物质面前处理身体的极限”,从而混合“生与死的冲动,通过观察工作中的物质本身”(Oliveira, 2018,第12页)。在沙盒和三年“animalidade表面现象”,将观察物质的渗透在作品的冲动)会造成冲突(生与死在detração试图发明的皮肤上,在第一种情况下,通过积累,或者像第二。在一个沙箱里,死去的动物的尸体在沙子上留下了它们的印记,结晶了这些尸体经过的记忆,一旦被提取出来,就在盒子的两边留下了推测的残留物。一个新的凹面被配置为暴露在那里的沙质物质的新皮肤,一个通过减法发生的皮肤。相反,在Craca中,模具通过堆积来反映材料,通过过度和倒置来构成镜子。因此,新的铸铝皮是通过添加和积累不同的。这种分析也适用于其他作品。如果我们想想20世纪90年代的情景,从2007年开始,努诺·巴蒂略(Nuno bar蒂略)在他的著作中提出的观点
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Eduardo Jorge de Oliveira - A invenção de uma pele: Nuno Ramos em obras. São Paulo: Iluminuras, 2018
A invenção de uma pele: Nuno Ramos em obras, de Eduardo Jorge de Oliveira (2018) deixa entrever já no título um dos eixos temáticos de análise das obras do multiartista paulistano – a invenção de uma pele – bem como a escolha metodológica para aplicação dessa análise: a obra do artista em seu conjunto, numa perspectiva integrada entre plástico e literário. A pele, tema recorrente em Nuno Ramos, tanto na escrita – “Comecei a arrancar a pele das coisas. Queria ver o que havia debaixo. Ergui a superfície do assoalho, que saiu inteira sem quebrar” (Ramos, 1993/2011, p. 29) –, quanto em suas obras de arte plástica, como Pele I (1988) e Pele III (1989), representa, para além de uma temática, um verdadeiro procedimento estético. A busca de uma pele, a criação de uma pele ou o ato de arrancá-la resultam em práticas de criação. Enquanto ensaio de verve estilística altamente literária, o livro estrutura-se em sete partes principais: “Pele, textura da animalidade”, “Pele e expansão literária”, “Inventar um lugar, fazer pele”, “Manto: camadas de pele, pintura”, “Inventar uma pele, transferir uma pele, possuir uma pele”, “Breve retorno: Proteu e a invenção da pele” e “Nuno Ramos em obras”. Cada parte, à exceção da última (um apêndice de imagens coloridas), é marcada por giros (primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto), a fim de assinalar uma viagem dentro da obra do autor,1 como uma rodada que não exaure o que se tem para dizer. Talvez, esses giros, em que são abordadas obras plásticas e literárias escolhidas, sejam só o início de uma reflexão em espiral que, exatamente como a roda, nunca acaba. As reflexões sobre as obras abrangem de alguma maneira toda a produção de Nuno Ramos. Ideias como a de “animalidade como um fenômeno de superfície” (Oliveira, 2018, p. 72) relacionadas às obras Craca e Caixa de areia, ambas de 1995, são, de fato, aplicáveis a outras criações de Nuno Ramos.2 Se, ao abrir o livro, Eduardo Jorge explora, através do dicionário, o verbete animalidade “como um conjunto de qualidades ou de faculdades que são os atributos dos seres que compõem o reino animal”, do ponto de vista da obra de criação, ela convida o leitor a “lidar com os limites do corpo diante da matéria”, misturando assim “pulsões de vida e de morte, ao longo de uma observação da própria matéria em obra” (Oliveira, 2018, p. 12). Tanto em Caixa de areia quanto em Craca, “a animalidade como fenômeno de superfície” nessa vontade de observação da matéria em obra, sob a osmose de impulsos contrastantes (vida e morte) resultaria na tentativa de invenção de uma pele por detração, como no primeiro caso, ou por acumulação, como no segundo. Em Caixa de areia, carcaças de animais mortos deixaram seu calque na areia, cristalizando a memória da passagem daqueles corpos, os quais, uma vez extraídos, deixaram nas duas partes das caixas o resíduo especular do que foram. Uma nova superfície côncava configura-se como uma nova pele para a materialidade arenosa que ali ficou exposta, uma pele que se dá por subtração. Em Craca, ao contrário, o molde espelha os materiais por acumulação, constituindose como um espelho por excesso e ao avesso. Assim, a nova pele do alumínio fundido no molde se constrói por adição e acumulação do díspar. Essa análise poder-se-ia aplicar também a outras obras. Se pensarmos nos quadros da década de 1990, retomados a partir de 2007, os quais Nuno
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期刊介绍: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea é um periódico científico quadrimestral do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, da Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasí­lia. A revista tem o compromisso de fomentar o debate crí­tico sobre a literatura contemporânea produzida no Brasil, em suas diferentes manifestações, a partir dos mais diversos enfoques teóricos e metodológicos, com abertura para o diálogo com outras literaturas e outras expressões artí­sticas. Seu conteúdo destina-se, em especial, a pesquisadores, professores e estudantes interessados em literatura brasileira contemporânea.
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