Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203775
José Luiz Fiorin
{"title":"A questão da marcação linguística da não binariedade","authors":"José Luiz Fiorin","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203775","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203775","url":null,"abstract":"Depois de apresentar as condições histórico-sociais que estão na base da reivindicação de uma linguagem neutra, isto é, que não dê a entender que o mundo se organiza apenas em masculino e feminino e, por isso, expressa um gênero neutro ao lado dos gêneros já existentes na língua, este trabalho expõe o que é gênero gramatical e como ele se organiza e se manifesta em indo-europeu, em latim, em português e em inglês. Em seguida, mostra a simplicidade da criação de uma linguagem neutra em inglês e a complexidade para fazê-lo em português, pois, naquela língua, o gênero é marcado apenas pela referência pronominal na terceira pessoa do singular dos pronomes pessoais e possessivos, enquanto, nesta, o gênero é assinalado pela referência pronominal, pela concordância nominal e pela flexão de gênero. Essa mudança, apesar de complexa, pode ser feita e não vai acabar com o português, mas, ao contrário, vai mostrar sua força e sua potência de, como toda língua, acolher nele as transformações sociais.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44644485","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203776
Verónica Estay Stange
{"title":"L’identité narrative en question : les zones paradoxales de l’expérience","authors":"Verónica Estay Stange","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203776","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203776","url":null,"abstract":"Afin de remettre en cause le problème de l’identité collective, le présent essai prend pour objet les discours de la mémoire post-dictature au Chili et en Argentine, dont il souligne les contradictions et les points de fracture. On voudrait montrer ici comment “l’ancrage ontologique” des “rôles thématiques” (héros, militant de la résistance, tyran, tortionnaire), essentiel pour l’engendrement des récits historique et judiciaire, se voit questionné par les micro-récits dévoilant la complexité immanente aux individus qui leur prêtent une concrétude corporelle. Entre collaboration contrainte, dissidence, Syndrome de Stockholm et “honte du survivant”, cet article passe en revue les multiples “instances énonçantes” qui, en amont des acteurs collectifs, nous font problématiser le concept même d’une “identité”, tout en dissociant ses différents domaines de manifestation (historique, juridique, politique, intersubjectif, intime...).","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44886330","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198838
Conrado Moreira Mendes, Natália Giarola, M. Vitti, André Vianna Maricato
{"title":"Interação, desinformação e intolerância: análise de uma fake news sobre o assassinato Marielle Franco","authors":"Conrado Moreira Mendes, Natália Giarola, M. Vitti, André Vianna Maricato","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198838","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198838","url":null,"abstract":"Este trabalho investiga a relação entre a desinformação e a intolerância nas redes sociais online, tomando como corpus uma fake news, veiculada na fanpage “Canal da Direita”, no Facebook. Para isso, apresenta duas seções teóricas: uma sobre verdade, veridicção e crença para tratar, semioticamente, da desinformação e, em seguida, uma sobre intolerância, visto que tais fenômenos estão, contemporaneamente, relacionados. Os objetivos deste trabalho são: com base em Barros (2020), a) realizar o diálogo entre essa fake news e outros textos/discursos para desmascará-la; (b) analisar o discurso intolerante da postagem e dos comentários com base em dois dos quatro eixos propostos por Barros (2011, 2015), a saber: sanção e temas e figuras e; (c) analisar as interações discursivas (OLIVEIRA, A., 2013) nos pares postagem/comentários e comentários/comentários. Os resultados da análise indicam que a notícia compartilhada faz uso de estratégias que permitem a criação de um parecer verdadeiro, por meio da ancoragem de ator, tempo e espaço e, sobretudo, o argumento de autoridade. Além disso, tematiza a minimização da morte de Marielle Franco. Finalmente, a notícia falsa propagada é a responsável por desencadear um circuito de interações discursivas nos pares postagem/comentários e comentários/comentários, caracterizados, sobretudo, pelo sentido conquistado e pelo sentido aleatório (OLIVEIRA, A., 2013). ","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43615947","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203773
Matheus Nogueira Schwartzmann, L. Silva
{"title":"Romper, desviar, desafiar: reflexões por uma semiótica implicada","authors":"Matheus Nogueira Schwartzmann, L. Silva","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203773","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203773","url":null,"abstract":"Ao tratar dos desenvolvimentos teóricos da semiótica discursiva, Jacques Fontanille, em entrevista a Jean Cristtus Portela, afirma que “fazer viver uma escola de pensamento” não é repeti-la identicamente, à exaustão, mas “explorar o impensado, levá-la ao seu limite, experimentar caminhos transversais e confrontá-la com o seu próprio silêncio” (PORTELA, 2006, p. 184). A questão da “repetição”, ou mais propriamente, da continuidade, se coloca, aparentemente, em resposta a um certo senso comum que se estabeleceu em torno da disciplina, de que ela estaria presa a um hermetismo datado, pouco afeita a dialogar com outras áreas. Seu silêncio teria assim raízes numa espécie de “recusa à ideologia” que fez a disciplina se interessar, de início e por muito tempo, “por objetos de análise etnoliterários e literários e, frequentemente, desconectados de sua época” (PORTELA, 2019, p. 134), e parecer centrada em problemas estáticos e distantes dos movimentos da sociedade. Isso não é","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47301769","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203778
Matheus Nogueira Schwartzmann
{"title":"Língua, gênero e diversidade: o que tem a semiótica a ver com isso?","authors":"Matheus Nogueira Schwartzmann","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203778","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203778","url":null,"abstract":"Neste trabalho, objetivamos demostrar como discursos sexistas e sobre a língua são construídos para perpetuar preconceitos de gênero, raça e classe, à medida que o discurso anticientífico é usado para estabelecer a língua normatizada por gramáticas e dicionários como a única correta e aceitável, e performances linguísticas sexistas e intolerantes perpetuam formas de violência contra o corpo feminino (mulheres cis e identidades de gênero LGBTQIA+), e sua consequente exclusão social. Utilizando a visada teórico-metodológica da semiótica discursiva, verificamos a construção figurativa e veridictória do nosso córpus, revelando valores como a negação das transformações da/na língua em uso em artigo jornalístico veiculado na revista Veja em 2001, na Portaria nº 604/21, do Ministério do Turismo, e no Projeto de Lei 948/21, dispositivos legislativos que vetam o uso de linguagem neutra na esfera pública brasileira. Conforme explicitamos como a linguagem sexista inflige a exclusão e violências simbólicas à população que não é exclusivamente masculina, simultaneamente, analisamos o Manual para o uso não sexista da linguagem (2014), publicado pelo Governo do Rio Grande do Sul. Como resultado, apresentamos o que é e como o falante do português pode usar a linguagem não sexista e a linguagem neutra em diferentes situações de interação social.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43427255","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198991
Sued Lima, Taís Ferreira de Oliveira
{"title":"Corpos e práticas LGBTQIAP+: da censura à presença capital","authors":"Sued Lima, Taís Ferreira de Oliveira","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198991","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198991","url":null,"abstract":"No Brasil, durante grande parte do século XX, corpos e práticas homossexuais eram constantemente reprimidos nas ruas e censurados nos jornais, na literatura ou no cinema. Muito embora a organização e o estabelecimento de movimentos sociais tenham ocorrido durante esse período, a prevalência de uma moral conservadora contribuiu para a promoção de ações discriminatórias por parte da sociedade civil e do Estado. Na atualidade, com a evidência dos movimentos sociais e a crescente preocupação com pautas identitárias, a emergência de discursos que promovam o reconhecimento dos homossexuais busca suprir demandas sociais e midiáticas. As primeiras se referem à inclusão social dessa minoria que, historicamente, se constitui como uma “identidade concessiva” (OLIVEIRA, 2021) em relação a construções identitárias heteronormativas, estas, implicativas. As segundas correspondem aos interesses mercadológicos e midiáticos que se adaptam às demandas sociais e originam práticas como o Pink Money e a inserção de personagens homossexuais em diversas esferas de comunicação. De modo a abordar essas transições socioculturais e midiáticas, mobilizamos conceitos da semiótica discursiva para contrastar a repressão de homossexuais em artigos de opinião do jornal Lampião da Esquina (1978-1981) com a presença numerosa de corpos LGBTQIAP+ nas produções midiáticas contemporâneas, como reality shows e programas de TV de modo geral.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45726565","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198486
Naiane Vieira dos Reis
{"title":"Interação e cuidado materno: análise sociossemiótica de histórias de vida de estudantes da área de Letras","authors":"Naiane Vieira dos Reis","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198486","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198486","url":null,"abstract":"Este trabalho objetiva analisar, nas narrativas de formação de estudantes que também são mães e trabalhadoras, situadas na região Norte do Brasil, as interações no serviço de cuidado, que pode estar associado ao fazer de mulheres ou de uma comunidade. Para tanto, discute-se sobre o trabalho e sobre a participação das mulheres no espaço público e privado, a partir das contribuições das teorias sociológicas, da historiografia e dos estudos do discurso, mobilizando as categorias de análise da sociossemiótica para compreender como se dão as relações mais ou menos hierarquizadas ou ritualizadas nos discursos desses sujeitos na sua atuação em diferentes âmbitos. Ao longo da formação, as estudantes que vivenciam a maternidade fazem uso de diferentes estratégias para garantir a permanência na universidade, tendo em vista suas rotinas de estudos e, tantas vezes, de trabalho. Assim, ao ser configurada uma comunidade de cuidado em diversos espaços, em interação regida pela sensibilidade, emergem-se novas possibilidades, menos excludentes, para as estudantes-mães, de pertencimento à vida acadêmica e ao âmbito público. ","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43904572","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198432
Eduardo Prachedes Queiroz
{"title":"Personagens negras de O Cortiço: convergências com estereótipos","authors":"Eduardo Prachedes Queiroz","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198432","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198432","url":null,"abstract":"Sabendo da importante contribuição que podem fazer as análises sólidas para o reconhecimento e o combate ao racismo, desejamos, com o presente artigo, examinar como são construídas três personagens do romance de Aluísio Azevedo, O Cortiço (1890) – Rita Baiana, Bertoleza e Firmo, evidenciando as estratégias discursivas usadas em sua construção e as correspondências dessas personagens com estereótipos negativos reconhecidos na cultura brasileira com relação a pessoas negras. Para alcançar nosso objetivo, analisaremos trechos do romance principalmente fazendo uso de elementos da semântica discursiva, relacionando os resultados das análises com discursos convergentes e divergentes presentes em outros textos a fim de melhor iluminar as questões pertinentes.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44513012","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.199067
Patricia Veronica Moreira, Flavia Karla Ribeiro Santos, Jean Cristtus Portela
{"title":"Práticas e estratégias de cancelamento virtual","authors":"Patricia Veronica Moreira, Flavia Karla Ribeiro Santos, Jean Cristtus Portela","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.199067","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.199067","url":null,"abstract":"Considerando as reflexões sobre os níveis de pertinência da análise semiótica e as diferentes cenas predicativas observadas nas redes sociais – que utilizam a violência em diferentes intensidades para destruir a imagem pública do outro, ou, em certos casos, mantê-la –, buscamos, neste trabalho, identificar como se configuram as práticas e estratégias relacionadas à cultura do cancelamento. Essas práticas, e as estratégias que as acomodam, são realizadas no ambiente virtual, na forma de comentários em redes sociais e outros tipos de mídia on-line que, simulando um tribunal virtual e assumindo os papéis actanciais de juízes, jurados e executores, sancionam negativamente o sujeito que enuncia discursos desinformados, preconceituosos e intolerantes ou exprime comportamentos que podem corroborar discursos negacionistas, e aplicam punições diversas. Por outro lado, as mesmas práticas podem desencadear um processo de reiteração e forte assunção do discurso ou comportamento que levou o sujeito a ser inicialmente julgado e cancelado. Esse comportamento é observado em grupos que manifestam discursos de apoio a valores morais historicamente enraizados na estrutura social e que não condizem com uma sociedade que visa a ser mais pacífica, inclusiva, sustentável e justa.","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42587242","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Estudos SemioticosPub Date : 2022-12-15DOI: 10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198470
Regiane Miranda de Oliveira Nakagawa, Fábio Sadao Nakagawa
{"title":"As culturas binárias e ternárias: da intolerância à tradução semiótica","authors":"Regiane Miranda de Oliveira Nakagawa, Fábio Sadao Nakagawa","doi":"10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198470","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198470","url":null,"abstract":"Com base na formulação proposta pelo semioticista da cultura Iuri Lotman, interessa-nos discutir de que maneira as estruturas binárias elucidam o funcionamento semiótico da intolerância, diferentemente do que ocorre com as estruturas ternárias, que se caracterizam pela ambivalência e pelo intercâmbio com diferentes esferas culturais. Ambas serão exploradas como tipologias que, segundo Lotman, prevê a apreensão das culturas como sistemas de linguagens que se organizam com base na presença de um dominante. Assim, no caso das estruturas binárias, isso ocorre por meio da dinâmica espacial estabelecida entre interior/ exterior ou dentro/ fora, da qual decorre a separação entre a “cultura própria” e o “alheio”, de modo que tudo o que não faz parte da primeira é visto como uma ameaça, gerando a intolerância. Por outro lado, nas estruturas ternárias, o “diferente” é considerado fonte de informação pela qual se constroem individualidades caracterizadas pela diversidade e pela heterogeneidade semiótica. Com essa discussão, objetivamos indicar de que maneira se dá a compreensão da intolerância como um fenômeno semiótico cultural e como ela é constantemente tensionada pelo movimento do espaço semiótico de relações. ","PeriodicalId":30062,"journal":{"name":"Estudos Semioticos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44900933","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}