{"title":"“Mãe, Maria nunca existiu! Me chama de João?” Uma análise etnográfica das relações de família e medicalização nas experiências de “crianças trans”","authors":"Arthur Leonardo Costa Novo","doi":"10.1590/s0104-71832021000200011","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200011","url":null,"abstract":"Resumo Este trabalho se volta às experiências de famílias de crianças que vivem conflitos identitários com as normas de gênero, analisando o caso etnográfico de uma família das camadas médias de Pernambuco no curso de processos de medicalização em torno do diagnóstico de Disforia de Gênero na Infância. O objetivo é refletir sobre as condições sociais e culturais em que explicações e práticas das ciências médico-psi se tornam uma alternativa para reorganizar as relações familiares em torno do conflito vivido pela criança. Exploro, por um lado, a dimensão dos valores de família e infância mobilizados nos conflitos e dilemas da interlocutora e seu filho e, por outro, as práticas de tutela familiar e médica sobre crianças e sobre experiências e identificações de gênero em conflito com as normas sociais.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48145996","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"“Vem! É só segurar o violino assim e olhar pra frente” - o que as crianças podem nos ensinar sobre fazer música (e fazer antropologia)?","authors":"Paula Bessa Braz","doi":"10.1590/s0104-71832021000200008","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200008","url":null,"abstract":"Resumo Em 2013, uma família de jovens músicos no estado do Ceará iniciou um projeto de educação musical na sua comunidade. Funcionando na sua própria casa, no bairro Novo Mondubim, um bairro popular situado na periferia sudoeste da cidade de Fortaleza, a família Cruz se organiza entre seus oito membros (a mãe, o pai e os seis irmãos) para ensinar música erudita às crianças do bairro. A partir da discussão de um trecho da etnografia do cotidiano do projeto, em que brincadeiras e apresentações musicais se alternam e se complementam, este ensaio propõe uma abordagem desse fazer musical erudito que considere a experiência dessas crianças e suas próprias narrativas a respeito do que é tocar e das formas como elas, às suas maneiras, refletem sobre a prática musical ali empreendida.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48978707","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"A cidade e as crianças: desenhos e caminhos a partir do Morro do Estado (Niterói, RJ)","authors":"Beatriz Soares Gonçalves","doi":"10.1590/s0104-71832021000200010","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200010","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo propõe interlocução entre os estudos urbanos envolvendo crianças e a reflexão sobre políticas urbanas que considerem as multiplicidades de seus habitantes de forma mais democrática e inclusiva. O artigo aborda metodologicamente o uso do desenho na pesquisa etnográfica, promovendo a análise densa de narrativas e desenhos elaborados por crianças, de 6 a 12 anos (e um adolescente de 13 anos), moradoras do Morro do Estado, Niterói (RJ). O recurso serviu para a comunicação com as crianças e para disparar conversas, as estimulando a refletirem sobre os temas de seu cotidiano e sua visão sobre a cidade. Ao mesmo tempo, produziu conhecimento sobre o bairro, a cidade onde moram, suas ambiguidades e desejos.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41814424","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"A idade do santo. Crianças e autoridade ritual no candomblé","authors":"C. Falcão","doi":"10.1590/s0104-71832021000200013","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200013","url":null,"abstract":"Resumo O candomblé é uma tradição de matriz africana com organização social, hierarquia e regras próprias. Pesquisando com crianças no terreiro de candomblé ketu Ilê Axé Omin Mafé em Sergipe pode-se compreender que o mundo do candomblé possui suas próprias teorias e noções cuja relação com as teorias e noções ocidentais é de complementaridade. Durante 15 anos de pesquisa sobre candomblé ketu, tenho coletado dados sobre a experiência de crianças na religião, os lugares sociais e rituais que ocupam. Olhando para as crianças com autoridade ritual no Ilê Axé Omin Mafé fica evidente a relativização da noção (social e biológica) de criança.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46429232","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"A “mãe do corpo”: conhecimentos das mulheres Karipuna e Galibi-Marworno sobre gestação, parto e puerpério","authors":"Antonella Tassinari","doi":"10.1590/s0104-71832021000200004","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200004","url":null,"abstract":"Resumo O artigo analisa um conjunto de conhecimentos, técnicas e cuidados relativos à gestação, parto e puerpério, utilizados por uma rede de mulheres Karipuna e Galibi-Marworno do vale do rio Uaçá, Oiapoque (AP), experientes em “puxar barriga” (halevã). Busca-se mostrar que essa atividade articula compreensões dessas duas populações sobre fertilidade, saúde da mulher, gestação, parto e infância, enunciadas em torno do conceito da “mãe do corpo”. Ao dar relevo ao período imediatamente anterior e posterior ao nascimento, pretende-se lançar luz sobre essa fase da infância, pouco estudada, mostrando que, assim como para as crianças maiores, sua agência e vontade são também reconhecidas pelos adultos. Ao expor a composição de uma rede supraétnica de circulação de conhecimentos femininos, pretende-se contribuir para uma reflexão sobre modos de aprendizagem, noções de pessoa, corporalidade e infância.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47086586","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
F. Rifiotis, Fernanda Bittencourt Ribeiro, Clarice Cohn, Patrice Schuch
{"title":"A antropologia e as crianças: da consolidação de um campo de estudos aos seus desdobramentos contemporâneos","authors":"F. Rifiotis, Fernanda Bittencourt Ribeiro, Clarice Cohn, Patrice Schuch","doi":"10.1590/s0104-71832021000200001","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200001","url":null,"abstract":"O presente numero de Horizontes Antropologicos nos convida a pensar na configuracao contemporânea do campo da antropologia da crianca, o qual e alimentado nao so por tematicas multiplas, mas tambem pelas contribuicoes das diferentes disciplinas que o conformam. Tal interdisciplinaridade tanto confere forma a esse campo, cujas articulacoes teorico-metodologicas sao organizadas desde a antropologia, como tambem coloca desafios e descobertas aos pesquisadores que se dedicam ao universo plural da...","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49596298","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"“Viene, está acá y tá”. Una aproximación a las vivencias de niños y niñas en torno a la migración en una escuela de Montevideo","authors":"Leandro Piñeyro, Pilar Uriarte Bálsamo","doi":"10.1590/s0104-71832021000200012","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200012","url":null,"abstract":"Resumen En la última década, Uruguay ha comenzado a recibir población migrante proveniente de diversos países latinoamericanos. Este fenómeno atraviesa gran parte de los debates en torno a políticas educativas y planificación a nivel nacional. El artículo parte de la experiencia de trabajo en una escuela pública primaria en Montevideo - Uruguay. Esta escuela tiene un alto porcentaje de población migrante y representa una de las experiencias que ha obtenido buenos resultados en el área. Proponemos dirigir la mirada hacia los niños y niñas de la escuela Portugal para desnaturalizar algunas categorizaciones de orden abstracto que suelen aparecer frente al “inmigrante”. La experiencia de investigación muestra que las interacciones cotidianas de niños y niñas de orígenes diversos pueden establecer fronteras bajo otros criterios y dualidades que las de nacional/extranjero. A partir de un abordaje etnográfico se busca visibilizar estos sentidos construidos en torno a las migraciones.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45370208","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Cultivando proliferações indomáveis: considerações antropológicas sobre as políticas de proteção à infância","authors":"Claudia Fonseca","doi":"10.1590/s0104-71832021000200015","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200015","url":null,"abstract":"Resumo Por uma reflexão voltada para políticas de adoção infantil, procuro estabelecer uma ponte entre, por um lado, episódios etnográficos - densos e contextualmente situados - e, por outro, sistemas abrangentes com consequências em larga escala e de longo alcance. Operacionalizo essa proposta pela análise das infraestruturas administrativa, estatística e burocrática que conectam as filosofias políticas do momento às atitudes e ações dos variados atores (profissionais, servidores e usuários) sob observação. Essa abordagem permite rastrear através das últimas décadas os instrumentos tecnológicos - em particular, estatísticas, cadastros e formulários - cunhados para estabilizar determinadas políticas de adoção. Ao mesmo tempo, atento às “proliferações” (Tsing; Mathews; Bubandt, 2019) - produto e produtor de tensões do próprio sistema - que levam acontecimentos em direções inesperadas. Ao apreciar esses eventos que iniciam quase sempre em escala limitada e com consequências incertas, minha intenção é restituir o poder desses exemplos a alimentar certa esperança - profundamente pragmática, epistemologicamente ambivalente e subarticulada - em possibilidades futuras ainda sequer imaginadas.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47201670","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Futuros possíveis dos mundos sociais mais que humanos: entrevista com Anna Tsing","authors":"Luz Gonçalves Brito","doi":"10.1590/s0104-71832021000200014","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200014","url":null,"abstract":"Anna Tsing. Foto: Feifei Zhou. Anna Tsing leciona no Departamento de Antropologia da Universidade da California-Santa Cruz. Seu livro The mushroom at the end of the world foi laureado pelo Victor Turner Prize e pelo Gregory Bateson Prize, em 2016. O trabalho plenamente maduro de Anna Tsing impulsiona a forca da descricao critica como um dos mais relevantes aspectos da pratica antropologica. Tsing entende que tal forma de descricao e uma responsabilidade de antropologas e antropologos em temp...","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41904388","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Café-com-leite, piques e gigantes: brincando no acampamento Canaã (MST - DF)","authors":"Gustavo Belisário","doi":"10.1590/s0104-71832021000200009","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000200009","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo busca compreender as brincadeiras em sua endogenia (Mafeje, 1971, 1991). A partir das brincadeiras de queimada, do pique-esconde, do dominó com crianças que participam de ocupações do acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, busco levar a sério os significados conceituais de café-com-leite, guardar caixão e licença. Argumento que a maneira de pensar as brincadeiras pode mudar perspectivas da disciplina antropológica. O artigo foi desenvolvido a partir de uma etnografia no acampamento Canaã (MST), localizado no Distrito Federal, e na ocupação que o movimento fez na Praça do Buriti para pressionar o governo Rollemberg (2015-2018) por políticas de reforma agrária.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42337332","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}