{"title":"IMPENSABLE, INDISPENSABLE","authors":"Daniel Frey","doi":"10.14195/0872-0851_64_8","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_8","url":null,"abstract":"Tão fecunda quanto paradoxal, a noção de clássico implica uma referência de excelência que só é reconhecida retrospectivamente, uma inserção histórica tanto quanto um valor intemporal, a autoridade de uma tradição bem como a liberdade criadora de uma apropriação actual, o elitismo da recepção aliado à popularidade do acesso. Após uma sinopse etimológica e lexicográfica, este artigo explora a noção de “clássico” na hermenêutica de Paul Ricœur. De facto, é todo o espectro da teoria da interpretação, mas também da tradução e da leitura, que pode ser mobilizado para tratar desta noção, ambivalente na própria utilização que dela faz o autor de Temps et Récit. A hermenêutica começa a ser a “arte de compreender os clássicos” no sentido lato do termo: textos sagrados e profanos na encruzilhada de horizontes geográficos e históricos. Explicação e compreensão, crítica e pertença, afastamento e desdistanciamento, são tantas dicotomias metodológicas através das quais se desenvolve a ideia do carácter plural e activo da recepção dos clássicos. Tanto quanto a sua teoria, é também a prática ricoeuriana que evidencia a sua concepção dos “clássicos”. Paul Ricœur é um leitor-pensador que mediatiza as tensões tanto quanto articula as oposições entre os autores canónicos a partir dos quais elabora o seu próprio pensamento. Estes são alguns dos desafios da impensabilidade e da indispensabilidade dos \"clássicos\" e da própria noção de \"clássico\".","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134908809","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Luís António Umbelino, Memorabilia. O lado espacial da memória (na esteira de Merleau‑Ponty). (Editus, Bahia, 2019). ISBN: 9788574555447. 238 pp.","authors":"João Paulo Costa","doi":"10.14195/0872-0851_64_14","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_14","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134909230","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Traços da fenomenologia de Max Scheler na obra de Lima Vaz","authors":"André Damasceno Barbosa, Nilo Ribeiro Junior","doi":"10.14195/0872-0851_64_1","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_1","url":null,"abstract":"O artigo visa identificar traços da fenomenologia de Max Scheler na obra de Henrique Cláudio de Lima Vaz. Pretende-se aprofundar a compreensão do pensamento deste filósofo brasileiro ainda pouco estudado através da aproximação de outras fontes filosóficas implícitas em sua sua escritura ética. No primeiro passo, trata-se de investigar a influência do personalismo moral de Scheler sobre a questão ética em Lima Vaz. No segundo passo, intenciona-se propugnar o ineditismo da Ética filosófica em relação ao pensamento scheleriano graças ao sistema ético-filosófico do autor que faz com que seu pensamento possa ser situado numa esfera mais elaborada do saber filosófico.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134908804","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"An interfaith dialogue ou Paul Ricoeur's challenge of tolerance in our day","authors":"Joseph Edelheit, James Moore","doi":"10.14195/0872-0851_64_11","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_11","url":null,"abstract":"Este artigo assume a forma de um diálogo. Essa escolha pretende ser um prolongamento da forma como Ricœur abordava todos os problemas filosóficos. É na sua obra Le juste que encontramos aquela que é, porventura, a sua definição mais clara de diálogo, a qual designava conversa. Nesse texto, Ricœur sustenta que existem diversas normas que regem a discussão autêntica, e que incluem a necessidade de assegurar a todos a possibilidade de participar na conversa, e de providenciar razões para as teses avançadas. Tais normas requerem que todos têm direito a tomar a palavra mas também assumem a necessidade de ouvir de forma respeitosa. Acima tudo, é preciso que todos “aceitem as consequências de uma decisão”. Ou seja, é preciso chegar a um compromisso. Tal conclusão aplicar-se-á de forma privilegiada ao tópico do trabalho de Ricœur que exploramos neste artigo, a saber, as suas reflexões sobre a tolerância, especialmente as reflexões sobre a intolerância e a erosão da tolerância. O nosso diálogo aborda o contexto histórico do trabalho original, sublinhando diversas referências das Escrituras àquilo que Ricœur descreve como tolerância, e que são essenciais para a sua reflexão sobre a tolerância e a sua erosão.
 Palavras-chave: Indignação; indiferença; intolerância; o intolerável; tolerância.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134909140","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Ricoeur between Ithaca and the isle of the Phaecians","authors":"Silvia Pierosara","doi":"10.14195/0872-0851_64_12","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_12","url":null,"abstract":"The aim of this contribution is to critically engage with the ricoeurian reading of the topic of recognition in the Homeric poem Odyssey. The hypothesis presented here is that the ricoeurian reading shows only one side of the coin, since it is almost solely focused on the recognition received by Ulysses when he comes back to Ithaca incognito. Ricoeur stresses the unilaterality of recognition, which is only directed to re‑establish Ulysses’ power as king. Being recognized as the king of Ithaca does not imply, so Ricoeur’s argument goes, to recognize those who are subjected to him, and is a mere way of exhibiting power. But there is another possible reading of the scenes of recognition in the Odyssey, even if Ricoeur does not take them into account. Indeed, another moment of the recognition story can be found in the Isle of the Phaeacians, and it cannot be traced back to the “will to power”, but, rather, to Ulysses’s fragility. When Demodocus, the poet at the court of the king Alcinoos, starts singing the story of the famous hero Ulysses, who is there incognito, Ulysses cannot hold back his tears, and in the end he discloses his own identity. Here, Ulysses does not look for recognition, instead recognition is granted to him in an unexpected way. This act of recognition reveals all the fragility of the hero, who discovers himself in the words of others, and understands that he depends upon them to be, to exist, and, in the end, to come back home. This sort of “recognition by fragility” is possible due to a narrative dimension where Ulysses is hosted, and whose configurative and refigurative power makes the hero able to name his feeling as a feeling of “nostalgia”.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134908283","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"A desconstrução como desconstrução dos humanismos em Derrida","authors":"Martha Luiza Macedo Costa Bernardo","doi":"10.14195/0872-0851_64_5","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_5","url":null,"abstract":"O artigo propõe apresentar o movimento de desconstrução do humanismo em Derrida em A escritura e a diferença. Parto de um trabalho exegético, na trilha das ocorrências do termo “humanismo” na mencionada obra, com o intuito de determinar seus usos diferentes e em que sentidos a desconstrução derridiana deve ser compreendida já, em seus primeiros escritos, como uma desconstrução do humanismo. Para tal, minha análise se dedicou a três textos centrais no referido livro: Violence et métaphysique, essai sur la pensée d’Emmanuel Lévinas; La parole souflée; La structure, le signe, le jeu dans le discours des Sciences Humaines.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134909015","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Sobre a retórica do negacionismo da COVID-19","authors":"Carlos Vieira Monteiro, Henrique Jales Ribeiro","doi":"10.14195/0872-0851_64_2","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_2","url":null,"abstract":"Neste artigo, procura-se enquadrar na perspetiva da retórica e da argumentação a problemática do chamado “negacionismo” da COVID-19, entendendo-se por um tal conceito não tanto ou simplesmente a rejeição da identificação médica dessa doença, mas, fundamentalmente, quer a negação da sua gravidade e a da sua amplitude pandémica como matéria de saúde pública, quer a negação das medidas adotadas para a combater, de maneira geral, pelas autoridades competentes. As posições defendidas sobre o assunto por uma autoridade médica especializada, mas rotulada e estigmatizada como “negacionista” (Fernando Nobre, médico, ex-Professor catedrático convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e doutor honoris causa pela mesma Universidade), servem de caso em estudo.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136377315","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Uma 'escola filosófica de Coimbra'? História, tendências e problemas","authors":"Mário Santiago de Carvalho","doi":"10.14195/0872-0851_64_4","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/0872-0851_64_4","url":null,"abstract":"O estudo faz o ponto relativamente à existência de uma eventual “escola de Coimbra” (séculos XVI-XVIII), de âmbito filosófico, para o que começa por incidir nas produções teóricas – a história – que podem contribuir para o esclarecimento da questão, enumera algumas das linhas dessas produções e da eventual escola – tendências – e enuncia alguns problemas que criam dificuldades à identidade discutida.","PeriodicalId":52758,"journal":{"name":"Revista Filosofica de Coimbra","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136377337","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}