{"title":"“没有上帝的犹太人”被流放的许多方面:西格蒙德·弗洛伊德的父亲遗产","authors":"É. S. Wels","doi":"10.11606/1982-88372444296","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em sua Selbstdarstellung (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939), ressalta as origens judaicas e, nessa linhagem, o êxodo que marca sua família: percurso que desemboca em Viena e, posteriormente, em Londres, estação final. As marcas do exílio nos escritos freudianos reforçam o vínculo com o judaísmo, índice da herança paterna. O episódio do “gorro na lama”, descrito na Interpretação dos Sonhos (2019 [1900]), como a humilhação do pai de Freud, Jakob, aos olhos da criança que aspirava a sonhos de grandeza, assim como o presente do Velho Testamento (Derrida 2001; Yerushalmi 1992), abrem portas para outras questões centrais nas teorias freudianas. O pai, a “judeidade” (Fuks 2000), remetem às reflexões de Freud sobre religião, notadamente nas obras Totem & Tabu (2012 [1913]), O Futuro de uma ilusão (2014 [1927]), Moisés e o Monoteísmo (2018 [1939]). Dessas, o Moisés de Freud é o texto derradeiro, cujas raízes ligam-se ao povo judeu. Outros temas, como o anti-semitismo, as vantagens das “teses universalistas” da intelectualidade judaica, (Said 2004), o isolamento e a resistência (Gay 1990) são igualmente importantes para os estudos psicanalíticos. Ser judeu é ser o Outro, e por isso, transitar pelo (des)território psicanalítico: da pulsão, da escuta das histéricas, da sexualidade infantil, da insistência da neurose, do valor do sonho.","PeriodicalId":53124,"journal":{"name":"Pandaemonium Germanicum Revista de Estudos Germanisticos","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"As Muitas Faces do Exílio de um “Judeu Sem Deus”: A Herança Paterna de Sigmund Freud\",\"authors\":\"É. S. Wels\",\"doi\":\"10.11606/1982-88372444296\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Em sua Selbstdarstellung (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939), ressalta as origens judaicas e, nessa linhagem, o êxodo que marca sua família: percurso que desemboca em Viena e, posteriormente, em Londres, estação final. As marcas do exílio nos escritos freudianos reforçam o vínculo com o judaísmo, índice da herança paterna. O episódio do “gorro na lama”, descrito na Interpretação dos Sonhos (2019 [1900]), como a humilhação do pai de Freud, Jakob, aos olhos da criança que aspirava a sonhos de grandeza, assim como o presente do Velho Testamento (Derrida 2001; Yerushalmi 1992), abrem portas para outras questões centrais nas teorias freudianas. O pai, a “judeidade” (Fuks 2000), remetem às reflexões de Freud sobre religião, notadamente nas obras Totem & Tabu (2012 [1913]), O Futuro de uma ilusão (2014 [1927]), Moisés e o Monoteísmo (2018 [1939]). Dessas, o Moisés de Freud é o texto derradeiro, cujas raízes ligam-se ao povo judeu. Outros temas, como o anti-semitismo, as vantagens das “teses universalistas” da intelectualidade judaica, (Said 2004), o isolamento e a resistência (Gay 1990) são igualmente importantes para os estudos psicanalíticos. Ser judeu é ser o Outro, e por isso, transitar pelo (des)território psicanalítico: da pulsão, da escuta das histéricas, da sexualidade infantil, da insistência da neurose, do valor do sonho.\",\"PeriodicalId\":53124,\"journal\":{\"name\":\"Pandaemonium Germanicum Revista de Estudos Germanisticos\",\"volume\":\"6 1\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-06-25\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Pandaemonium Germanicum Revista de Estudos Germanisticos\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/1982-88372444296\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Pandaemonium Germanicum Revista de Estudos Germanisticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/1982-88372444296","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
As Muitas Faces do Exílio de um “Judeu Sem Deus”: A Herança Paterna de Sigmund Freud
Em sua Selbstdarstellung (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939), ressalta as origens judaicas e, nessa linhagem, o êxodo que marca sua família: percurso que desemboca em Viena e, posteriormente, em Londres, estação final. As marcas do exílio nos escritos freudianos reforçam o vínculo com o judaísmo, índice da herança paterna. O episódio do “gorro na lama”, descrito na Interpretação dos Sonhos (2019 [1900]), como a humilhação do pai de Freud, Jakob, aos olhos da criança que aspirava a sonhos de grandeza, assim como o presente do Velho Testamento (Derrida 2001; Yerushalmi 1992), abrem portas para outras questões centrais nas teorias freudianas. O pai, a “judeidade” (Fuks 2000), remetem às reflexões de Freud sobre religião, notadamente nas obras Totem & Tabu (2012 [1913]), O Futuro de uma ilusão (2014 [1927]), Moisés e o Monoteísmo (2018 [1939]). Dessas, o Moisés de Freud é o texto derradeiro, cujas raízes ligam-se ao povo judeu. Outros temas, como o anti-semitismo, as vantagens das “teses universalistas” da intelectualidade judaica, (Said 2004), o isolamento e a resistência (Gay 1990) são igualmente importantes para os estudos psicanalíticos. Ser judeu é ser o Outro, e por isso, transitar pelo (des)território psicanalítico: da pulsão, da escuta das histéricas, da sexualidade infantil, da insistência da neurose, do valor do sonho.