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Neste artigo debruçar-nos-emos sobre os jogos / as estratégias de influência desenvolvidas no discurso político, de acordo com as teorizações de Charaudeau (2005, 2007, 2008). Suscita-nos particular interesse o discurso marcado por traços de polemicidade, frequentemente assente na dicotomização e na polarização (AMOSSY, 2010, 2014). A esta estruturação textual/discursiva não é, de modo algum, estranha a desqualificação e, no extremo, a diabolização do Outro, envolvendo a realização (estratégica) de atos ilocutórios caracterizados pela impolidez no conflito (KERBRAT-ORECCHIONI, 2017). Por outro lado, entre o convencer/persuadir aflora à superfície textual a manifestação linguística das emoções (PLANTIN, 2011) ao serviço do “contrato de comunicação”, no seio do dissenso. Com efeito, a patemização do discurso condiciona a reação dos interlocutores em determinadas situações. Tais aspetos enunciativo-pragmáticos e retóricos marcam o discurso político português (MARQUES, 2000): o discurso referendário (GIL, 2018, 2021) em torno de temas sensíveis é não apenas agónico, mas extremamente marcado pelo pathos. Cabe perguntar como no discurso político se articulam agonismo e violência verbal com a construção de um ethos credível e legítimo.