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Sociedade do espetáculo adiado: Apontamentos sobre educação na cidade febril
Este artigo objetiva desenvolver alguns apontamentos sobre os impactos da pandemia de covid-19 para a educação. Parte da suspensão das características da sociedade do espetáculo em meio às mudanças operadas pela crise sanitária e seus desdobramentos econômicos, sociais, culturais e, sobretudo, nos modos de subjetivação contemporâneos. O novo cenário agudiza as segmentações molares e moleculares da dívida, da securitização e o esvaziamento das instâncias políticas, forçando ainda mais a busca por territórios abertos e a necessidade de outros campos de visualidade. Entendendo a pandemia como um ponto de vista, habitar a interioridade desta perspectiva nos ajuda a compreender não só as sombras da modernidade residual, como os processos de subjetivação que exercitam outras formas de atenção, uma espécie de fúria dos vaga-lumes na célebre imagem proposta por Pasolini. Para além das formas dominantes de educação, é esse quase-mundo de uma educação informe que se abre com o inferno conjuntural do momento. Algumas dessas contra-utopias e seu iluminismo das sombras arrasta nossos olhos para frestas que, se alargadas, desfazem a luz branca das utopias e distopias do poder. Atravessando algumas dessas fogueiras difusas, elencamos algumas reverberações que a pandemia de covid-19 evoca, como linhas abertas ao pensamento violentado por sua perspectiva e passível de formulações vindouras, o que chamamos de efeito “Joker” na sociedade do espetáculo adiado.