当下诗歌与现实机制

IF 0.1 0 LITERATURE
I. Magri, Natália Barcelos Natalino
{"title":"当下诗歌与现实机制","authors":"I. Magri, Natália Barcelos Natalino","doi":"10.15448/1984-7726.2023.1.44474","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A partir de duas antologias de poesia publicadas recentemente no Brasil– As 29 poetas hoje (2021), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda, e É agora como nunca (2017), organizada por Adriana Calcanhotto – este artigo investiga o que Tamara Kamenszain, crítica e poeta argentina, chama de “maquinaria realista”, que estaria em funcionamento em certa produção poética desde a década de 1990. Essa maquinaria realista colocaria em cena uma poesia “profanada”, restituída ao uso, e que encena múltiplas vozes, performando um “pós-eu” que se deixa ver plenamente na poesia de Ana Guadalupe. Se em As 29 poetas hoje vemos em cena uma orquestração de vozes, um coro, pensando com Tamara Kamenszain, podemos dizer que essa pluralidade de vozes encontra um éthos comum, um eu que soma: um eu-tu-nós que apaga aquela voz unitária do eu lírico autocentrado. O artigo, assim, busca tornar visível na análise de alguns poemas de Ana Guadalupe que ali também está em cena uma espécie de eu que, na verdade, nunca é somente autoral ou autobiográfico: um eu que sabe e reconhece as marcas pelas quais passou; um eu provisório; um eu, por vezes, estrangeiro; um eu que se inaugura no instante-já do poema, no aqui-agora do poema; um eu que se retroalimenta numa possível releitura (do poema); um eu refém de outros eus. Esse coro de eus nos apresenta a tarefa de tentar entender os movimentos e as motivações que essa poesia profanada suscita, sendo ele mesmo uma boa amostra da poesia do presente que investe na captação de um real profanado. \n ","PeriodicalId":42440,"journal":{"name":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-08-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"poesia do presente e a maquinaria realista\",\"authors\":\"I. Magri, Natália Barcelos Natalino\",\"doi\":\"10.15448/1984-7726.2023.1.44474\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A partir de duas antologias de poesia publicadas recentemente no Brasil– As 29 poetas hoje (2021), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda, e É agora como nunca (2017), organizada por Adriana Calcanhotto – este artigo investiga o que Tamara Kamenszain, crítica e poeta argentina, chama de “maquinaria realista”, que estaria em funcionamento em certa produção poética desde a década de 1990. Essa maquinaria realista colocaria em cena uma poesia “profanada”, restituída ao uso, e que encena múltiplas vozes, performando um “pós-eu” que se deixa ver plenamente na poesia de Ana Guadalupe. Se em As 29 poetas hoje vemos em cena uma orquestração de vozes, um coro, pensando com Tamara Kamenszain, podemos dizer que essa pluralidade de vozes encontra um éthos comum, um eu que soma: um eu-tu-nós que apaga aquela voz unitária do eu lírico autocentrado. O artigo, assim, busca tornar visível na análise de alguns poemas de Ana Guadalupe que ali também está em cena uma espécie de eu que, na verdade, nunca é somente autoral ou autobiográfico: um eu que sabe e reconhece as marcas pelas quais passou; um eu provisório; um eu, por vezes, estrangeiro; um eu que se inaugura no instante-já do poema, no aqui-agora do poema; um eu que se retroalimenta numa possível releitura (do poema); um eu refém de outros eus. Esse coro de eus nos apresenta a tarefa de tentar entender os movimentos e as motivações que essa poesia profanada suscita, sendo ele mesmo uma boa amostra da poesia do presente que investe na captação de um real profanado. \\n \",\"PeriodicalId\":42440,\"journal\":{\"name\":\"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2023-08-18\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44474\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"LITERATURE\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44474","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

摘要

从最近刊登了两篇诗歌选集在巴西—2021年诗人今天(29日),由海洛薇兹发起的荷兰,和现在(2017年),由阿德里亚娜Calcanhotto—这篇调查塔玛拉Kamenszain)和诗人阿根廷,现实主义者”,他称,“机械运行的一些诗歌产量自1990年代以来。这种现实主义的机器将把一首“亵渎”的诗歌放在舞台上,恢复使用,并上演多种声音,表现出一种“后我”,这在安娜·瓜达卢佩的诗歌中得到了充分的体现。如果在今天的29位诗人中,我们看到了一种声音的编组,一种合唱,和塔玛拉·卡门泽恩一起思考,我们可以说,这种声音的多样性找到了一种共同的精神,一种自我的总和:一种自我-你-我们,它抹去了以自我为中心的抒情自我的统一声音。因此,这篇文章试图通过分析安娜·瓜达卢佩的一些诗歌来表明,在那里也有一种自我,事实上,它从来不只是一个作者或自传体的自我:一个知道并识别它所经过的标记的自我;临时的“我”;有时是陌生人的自我;一个在诗的瞬间——已经,在诗的此时此地——开始的自我;在可能的(诗歌)重读中反馈自己的自我;一个被其他自我挟持的自我。这个自我的合唱给我们带来了一项任务,试图理解这首被亵渎的诗歌所激发的动作和动机,它本身就是一个很好的例子,现在的诗歌投资于捕捉一个被亵渎的真实。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
poesia do presente e a maquinaria realista
A partir de duas antologias de poesia publicadas recentemente no Brasil– As 29 poetas hoje (2021), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda, e É agora como nunca (2017), organizada por Adriana Calcanhotto – este artigo investiga o que Tamara Kamenszain, crítica e poeta argentina, chama de “maquinaria realista”, que estaria em funcionamento em certa produção poética desde a década de 1990. Essa maquinaria realista colocaria em cena uma poesia “profanada”, restituída ao uso, e que encena múltiplas vozes, performando um “pós-eu” que se deixa ver plenamente na poesia de Ana Guadalupe. Se em As 29 poetas hoje vemos em cena uma orquestração de vozes, um coro, pensando com Tamara Kamenszain, podemos dizer que essa pluralidade de vozes encontra um éthos comum, um eu que soma: um eu-tu-nós que apaga aquela voz unitária do eu lírico autocentrado. O artigo, assim, busca tornar visível na análise de alguns poemas de Ana Guadalupe que ali também está em cena uma espécie de eu que, na verdade, nunca é somente autoral ou autobiográfico: um eu que sabe e reconhece as marcas pelas quais passou; um eu provisório; um eu, por vezes, estrangeiro; um eu que se inaugura no instante-já do poema, no aqui-agora do poema; um eu que se retroalimenta numa possível releitura (do poema); um eu refém de outros eus. Esse coro de eus nos apresenta a tarefa de tentar entender os movimentos e as motivações que essa poesia profanada suscita, sendo ele mesmo uma boa amostra da poesia do presente que investe na captação de um real profanado.  
求助全文
通过发布文献求助,成功后即可免费获取论文全文。 去求助
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
12
审稿时长
10 weeks
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信