{"title":"在《小丑》的创伤叙事和审问之间","authors":"Airton Pott, Ivânia Campigotto Aquino","doi":"10.15448/1984-7726.2023.1.44508","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A literatura é o refúgio e o lugar de registro de muitas vivências resultantes da realidade de períodos históricos, principalmente os traumáticos, como a ditadura militar, que, no Brasil, perpetuou de 1964 a 1985, mas deixou marcas até na atualidade. Muitos são os escritores que escreveram obras literárias que guardam em seu enredo histórias representativas dos 21 anos de ditadura militar. Maria José Silveira, por exemplo, em seu livro Felizes poucos: onze contos e um curinga, publicado em 2016, expressa, em onze contos, diversificadas vivências experienciadas por militantes e seus familiares e amigos durante aquele período histórico. No começo e no final do livro, bem como no final de um conto e começo de outro, aparece um personagem inusitado – o Curinga – que exerce diversas funções enquanto conversa com o leitor e a própria autora, além de comentar as cenas narradas. Observando-se essas questões, objetiva-se, neste estudo, analisar a representação de realidades da história da ditadura militar na obra ficcional supracitada em meio às estratégias narrativas suscitadas pela autora para conseguir atingir seus propósitos. Para subsidiar tais assertivas, recorre-se à teoria do efeito estético de Wolfgang Iser (1999) e aos estudos de Walter Benjamin (1987), Jeanne Marie-Gagnebin (2006), Márcio Seligmann-Silva (2000, 2003) e Euridice Figueiredo (2017) sobre narrativa, história, memória e as possibilidades de representação de traumas históricos na literatura, considerando seu contexto ficcional. Diante disso, as análises propiciam destacar que a literatura, por ser ficcional e formada por diversas estratégias narrativas, possibilita a representação da realidade das personagens vítimas da ditadura militar e a resistência da memória destas na ficção, uma vez que esta abarca outros elementos que os da história.","PeriodicalId":42440,"journal":{"name":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-08-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Entre narrações traumáticas e interpelações do Curinga\",\"authors\":\"Airton Pott, Ivânia Campigotto Aquino\",\"doi\":\"10.15448/1984-7726.2023.1.44508\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A literatura é o refúgio e o lugar de registro de muitas vivências resultantes da realidade de períodos históricos, principalmente os traumáticos, como a ditadura militar, que, no Brasil, perpetuou de 1964 a 1985, mas deixou marcas até na atualidade. Muitos são os escritores que escreveram obras literárias que guardam em seu enredo histórias representativas dos 21 anos de ditadura militar. Maria José Silveira, por exemplo, em seu livro Felizes poucos: onze contos e um curinga, publicado em 2016, expressa, em onze contos, diversificadas vivências experienciadas por militantes e seus familiares e amigos durante aquele período histórico. No começo e no final do livro, bem como no final de um conto e começo de outro, aparece um personagem inusitado – o Curinga – que exerce diversas funções enquanto conversa com o leitor e a própria autora, além de comentar as cenas narradas. Observando-se essas questões, objetiva-se, neste estudo, analisar a representação de realidades da história da ditadura militar na obra ficcional supracitada em meio às estratégias narrativas suscitadas pela autora para conseguir atingir seus propósitos. Para subsidiar tais assertivas, recorre-se à teoria do efeito estético de Wolfgang Iser (1999) e aos estudos de Walter Benjamin (1987), Jeanne Marie-Gagnebin (2006), Márcio Seligmann-Silva (2000, 2003) e Euridice Figueiredo (2017) sobre narrativa, história, memória e as possibilidades de representação de traumas históricos na literatura, considerando seu contexto ficcional. Diante disso, as análises propiciam destacar que a literatura, por ser ficcional e formada por diversas estratégias narrativas, possibilita a representação da realidade das personagens vítimas da ditadura militar e a resistência da memória destas na ficção, uma vez que esta abarca outros elementos que os da história.\",\"PeriodicalId\":42440,\"journal\":{\"name\":\"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2023-08-18\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44508\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"LITERATURE\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44508","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
摘要
文学是历史时期现实产生的许多经历的避难所和记录地,尤其是创伤时期,如1964年至1985年在巴西持续的军事独裁,但直到今天仍留下了印记。许多作家的文学作品在情节中保留了21年军事独裁的代表性故事。例如,Maria JoséSilveira在2016年出版的《Felizes few:十一个短篇小说和一个通配符》一书中,用十一个短篇故事表达了武装分子及其家人和朋友在那段历史时期所经历的各种经历。在这本书的开头和结尾,以及一个短篇小说的结尾和另一个短篇故事的开头,出现了一个不同寻常的角色——小丑——除了评论叙述的场景外,他在与读者和作者本人交谈时还发挥了多种功能。观察到这些问题,本研究的目的是分析上述虚构作品中军事独裁历史的现实表现,以及作者为实现其目的而提出的叙事策略。为了支持这些断言,我们使用了Wolfgang Iser(1999)的美学效果理论,以及Walter Benjamin(1987)、Jeanne Marie Gagnebin(2006)、Márcio Seligmann Silva(20002003)和Euridie Figueiredo(2017)关于叙事、历史、记忆和在文学中表现历史创伤的可能性的研究,考虑到其虚构的背景。因此,这些分析可以强调,文学是虚构的,由多种叙事策略形成,能够在小说中再现军事独裁受害者的现实,以及他们记忆的抵抗,因为它包含了历史之外的其他元素。
Entre narrações traumáticas e interpelações do Curinga
A literatura é o refúgio e o lugar de registro de muitas vivências resultantes da realidade de períodos históricos, principalmente os traumáticos, como a ditadura militar, que, no Brasil, perpetuou de 1964 a 1985, mas deixou marcas até na atualidade. Muitos são os escritores que escreveram obras literárias que guardam em seu enredo histórias representativas dos 21 anos de ditadura militar. Maria José Silveira, por exemplo, em seu livro Felizes poucos: onze contos e um curinga, publicado em 2016, expressa, em onze contos, diversificadas vivências experienciadas por militantes e seus familiares e amigos durante aquele período histórico. No começo e no final do livro, bem como no final de um conto e começo de outro, aparece um personagem inusitado – o Curinga – que exerce diversas funções enquanto conversa com o leitor e a própria autora, além de comentar as cenas narradas. Observando-se essas questões, objetiva-se, neste estudo, analisar a representação de realidades da história da ditadura militar na obra ficcional supracitada em meio às estratégias narrativas suscitadas pela autora para conseguir atingir seus propósitos. Para subsidiar tais assertivas, recorre-se à teoria do efeito estético de Wolfgang Iser (1999) e aos estudos de Walter Benjamin (1987), Jeanne Marie-Gagnebin (2006), Márcio Seligmann-Silva (2000, 2003) e Euridice Figueiredo (2017) sobre narrativa, história, memória e as possibilidades de representação de traumas históricos na literatura, considerando seu contexto ficcional. Diante disso, as análises propiciam destacar que a literatura, por ser ficcional e formada por diversas estratégias narrativas, possibilita a representação da realidade das personagens vítimas da ditadura militar e a resistência da memória destas na ficção, uma vez que esta abarca outros elementos que os da história.