M. E. Viaro, Phablo Roberto Marchis Fachin, Vanessa Martins do Monte
{"title":"演讲:语言学、词源学和历史语言学研究","authors":"M. E. Viaro, Phablo Roberto Marchis Fachin, Vanessa Martins do Monte","doi":"10.11606/ISSN.2176-9419.V22IESPECIALP7-9","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O volume 22(especial) da revista Filologia e Linguística Portuguesa, dedicado à Filologia, à Etimologia e à Linguística Histórica da língua portuguesa, aborda temas de relevância histórica, sociológica e linguística, que se configuram como importantes tanto para a reconstrução de sincronias pretéritas, quanto para a comparação interlinguística. Apesar de a necessidade de retomada dos estudos diacrônicos e históricos ser tema amplamente recorrente e, de certo modo, ser algo unanimemente desejado, a leitura deste volume mostrará que há muito ainda por se conhecer quando o assunto é a documentação em língua portuguesa. A cada investigação apresentada observa-se a urgência de renovação de quadros teóricos e de metodologias, dando-nos a entender que se trata de áreas em efervescência, que prometem muita investigação e requerem ainda muito investimento de recursos e de esforços. Dividiu-se este volume em três blocos de artigos, cujos conteúdos, embora frequentemente permeados um pelo outro, assumem o foco das perspectivas teóricas adotadas pelos seus autores e por suas autoras.\nO primeiro bloco aborda a Filologia no seu sentido mais amplo e inicia pelo artigo Fragmenta latina operis Isaaci Ninivitae, de César Nardelli Cambraia, no qual são apresentados, por meio de critérios de edição paleográfica, nove testemunhos fragmentários inéditos da tradução latina da obra de Isaac de Nínive, localizados em Praga, Olomouc, Paris, Uppsala, Basileia e Colônia. Esse estudo proporcionará ao leitor uma visão mais detalhada das versões conhecidas, permitindo a identificação de variantes, erros conjuntivos e separativos.\nO artigo Entre a Filologia e a Lexicografia Histórica: notas sobre a elaboração de uma edição das cantigas satíricas do Cancioneiro da Biblioteca Nacional para o estudo do léxico, de Lisana Rodrigues Trindade Sampaio, descreve a exploração de acervos digitais, que hoje nos proporcionam dados linguísticos não investigados nessas obras e apresenta-nos o processo de elaboração de uma edição diplomática de cantigas satíricas com vistas à confecção de um vocabulário das formas verbais, finitas e infinitivas, a partir de preceitos da Lexicografia Histórica.\nEm Você confia nas edições que lê?, Carlos Eduardo Mendes de Moraes alerta-nos sobre o tratamento de fontes na preparação de um corpus de textos impressos ou manuscritos, problema com o qual o filólogo está sempre às voltas e que transcende o mero conhecimento da língua, pois em diversas versões de um texto em sua tradição impressa existem processos complexos de edição, publicação e divulgação e isso se situa para além do estabelecimento de critérios de qualificação do suporte ou da preferência por um edição, versão ou manuscrito específicos.\nCeila Maria Ferreira, no quarto artigo, Com a voz enrouquecida ou considerações sobre a presença de Camões no último capítulo de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, apresenta-nos a atualidade de Os Lusíadas, versando sobre a presença da obra camoniana na obra de Eça de Queirós, em que há um relato da Comuna de Paris. O artigo mostra o papel da Crítica Textual para a preservação e divulgação do patrimônio cultural.\nEm A Filologia e o estudo de Requerimentos do Arquivo Histórico Ultramarino, de Eliana Correia Brandão Gonçalves, considera-se a organização de edições de Requerimentos históricos do Conselho Ultramarino e detalha-se a análise de um requerimento, do escravizado Francisco da Cruz, ao príncipe regente D. João, no qual se solicita proteção régia contra as injustiças praticadas por seu senhor Antônio da Cruz Veloso. Conforme a autora mostra, a Filologia age de modo transformador sobre os tempos de produção, de recepção e de análise do texto, bem como no reconhecimento de temas voltados à política.\nDo mesmo modo, Marcelo Módolo e Maria de Fátima Nunes Madeira, no artigo intitulado Caminhos de um manuscrito setecentista: da Vila Real do Sabará à contemporaneidade, ao analisarem uma cópia da “Carta Régia ao Juiz e officiaes da Camara para a contribuiçaõ do subsidio voluntario, de 1755”, também discorrem sobre o potencial de revelação de marcas políticas no percurso de um manuscrito, desde a sua produção até a contemporaneidade. Segundo os autores, uma análise codicológica atesta preocupações com a longevidade do manuscrito e com a segurança de sua circulação: colecionadores, arquivistas, filólogos, entre outros pesquisadores seriam coautores na transmissão de documentos a gerações futuras.\nConcluindo a primeira seção, voltada à Filologia, Norma Suely da Silva Pereira, no artigo Fontes coloniais e escravidão: relações de trabalho e práticas culturais na América portuguesa, corrobora a importância do conhecimento do passado para a compreensão da realidade presente, tendo como exemplo o reflexo da diáspora africana, na Bahia colonial. Por meio de um estudo transdisciplinar entre Paleografia, Diplomática, Sociologia dos textos, História cultural e Onomástica, analisa-se o intenso tráfico negreiro transatlântico rumo principalmente a portos brasileiros.\nA relevância de questões filológicas, tais como as abreviaturas em manuscritos, também surge no primeiro artigo da segunda seção, voltada à Linguística Histórica, a saber, Revisitando a marca de plural na concordância de número: novos dados do português brasileiro e do francoprovençal antigos, de Maria Antonieta A. M. Cohen e Simone Fonseca Gomes, no qual se apresentam contrastivamente dados do português brasileiro e do francoprovençal, com a finalidade de compreender fenômenos de concordância de número no sintagma nominal português numa matriz românica.\nRenata Ferreira Costa, José Douglas Felix de Sá e Luiza Daviane Santos Barbosa (UFS) no artigo Análise pragmático-discursiva de cartas trocadas entre Epifânio Dória e José Calasans fazem um estudo sobre a natureza da comunicação epistolar de dois representativos intelectuais sergipanos, com vistas a uma análise textual, em nível pragmático-discursivo, a saber, mediante a análise das rotinas verbais de abertura, pré-fecho e fecho das cartas. Tal análise leva ainda em consideração a produção e a circulação dos textos epistolares e o seu papel na história e na sociedade.\nConcentrado na investigação de Linguística Histórica, mas também tentando resolver um problema etimológico, Alice Pereira Santos, em Origem e desenvolvimento dos prefixos de- e des-, parte do desenvolvimento semântico do prefixo de- para, em seguida, discutir e arquitetar uma nova proposta etimológica para o formante des-, apontando, por meio de dados num estudo comparativo e dialetológico, sua interseção com outros elementos formativos de origem latina.\nAléxia Teles Duchowny e Caroline de Oliveira Silva analisam no artigo O item ‘trouxa’ no português usado no Twitter ambos os sentidos do vocábulo em análise, ou seja, tanto o sentido etimológico, quanto o inovador, bem como as razões pelas quais teria ocorrido o processo de pejoratização do item lexical. Tentando flagrar flutuações semânticas na oralidade, as autoras também investigam ocorrências do item numa rede social, o Twitter, em que a língua escrita apresenta muitas características da oralidade.\nFechando o volume, Bruno Maroneze, no artigo Reavaliando a etimologia de abacaxi a partir de novos dados histórico-filológicos, reavalia a hipótese etimológica consensual de que a unidade lexical abacaxi se origina do tupi (yvá “fruta” e katĩ “que recende”, “que exala cheiro”) a partir de descrições etimológicas, transformações fonético-fonológicas e dados histórico-filológicos, mostrando incoerências, para, ao fim e ao cabo, concluir que tal hipótese deve ser tratada como controversa e que há necessidade de novas propostas etimológicas, sobretudo para a denominação de um grupo indígena homônimo.\nDesejamos a todas e todos uma excelente e proveitosa leitura.\n \nMário Eduardo ViaroPhablo Roberto Marchis FachinVanessa Martins do Monte\nUniversidade de São Paulo\nPrimavera de 2020","PeriodicalId":30297,"journal":{"name":"Filologia e Linguistica Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Apresentação: Estudos de Filologia, Etimologia e Linguística histórica\",\"authors\":\"M. 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A cada investigação apresentada observa-se a urgência de renovação de quadros teóricos e de metodologias, dando-nos a entender que se trata de áreas em efervescência, que prometem muita investigação e requerem ainda muito investimento de recursos e de esforços. Dividiu-se este volume em três blocos de artigos, cujos conteúdos, embora frequentemente permeados um pelo outro, assumem o foco das perspectivas teóricas adotadas pelos seus autores e por suas autoras.\\nO primeiro bloco aborda a Filologia no seu sentido mais amplo e inicia pelo artigo Fragmenta latina operis Isaaci Ninivitae, de César Nardelli Cambraia, no qual são apresentados, por meio de critérios de edição paleográfica, nove testemunhos fragmentários inéditos da tradução latina da obra de Isaac de Nínive, localizados em Praga, Olomouc, Paris, Uppsala, Basileia e Colônia. Esse estudo proporcionará ao leitor uma visão mais detalhada das versões conhecidas, permitindo a identificação de variantes, erros conjuntivos e separativos.\\nO artigo Entre a Filologia e a Lexicografia Histórica: notas sobre a elaboração de uma edição das cantigas satíricas do Cancioneiro da Biblioteca Nacional para o estudo do léxico, de Lisana Rodrigues Trindade Sampaio, descreve a exploração de acervos digitais, que hoje nos proporcionam dados linguísticos não investigados nessas obras e apresenta-nos o processo de elaboração de uma edição diplomática de cantigas satíricas com vistas à confecção de um vocabulário das formas verbais, finitas e infinitivas, a partir de preceitos da Lexicografia Histórica.\\nEm Você confia nas edições que lê?, Carlos Eduardo Mendes de Moraes alerta-nos sobre o tratamento de fontes na preparação de um corpus de textos impressos ou manuscritos, problema com o qual o filólogo está sempre às voltas e que transcende o mero conhecimento da língua, pois em diversas versões de um texto em sua tradição impressa existem processos complexos de edição, publicação e divulgação e isso se situa para além do estabelecimento de critérios de qualificação do suporte ou da preferência por um edição, versão ou manuscrito específicos.\\nCeila Maria Ferreira, no quarto artigo, Com a voz enrouquecida ou considerações sobre a presença de Camões no último capítulo de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, apresenta-nos a atualidade de Os Lusíadas, versando sobre a presença da obra camoniana na obra de Eça de Queirós, em que há um relato da Comuna de Paris. O artigo mostra o papel da Crítica Textual para a preservação e divulgação do patrimônio cultural.\\nEm A Filologia e o estudo de Requerimentos do Arquivo Histórico Ultramarino, de Eliana Correia Brandão Gonçalves, considera-se a organização de edições de Requerimentos históricos do Conselho Ultramarino e detalha-se a análise de um requerimento, do escravizado Francisco da Cruz, ao príncipe regente D. João, no qual se solicita proteção régia contra as injustiças praticadas por seu senhor Antônio da Cruz Veloso. Conforme a autora mostra, a Filologia age de modo transformador sobre os tempos de produção, de recepção e de análise do texto, bem como no reconhecimento de temas voltados à política.\\nDo mesmo modo, Marcelo Módolo e Maria de Fátima Nunes Madeira, no artigo intitulado Caminhos de um manuscrito setecentista: da Vila Real do Sabará à contemporaneidade, ao analisarem uma cópia da “Carta Régia ao Juiz e officiaes da Camara para a contribuiçaõ do subsidio voluntario, de 1755”, também discorrem sobre o potencial de revelação de marcas políticas no percurso de um manuscrito, desde a sua produção até a contemporaneidade. Segundo os autores, uma análise codicológica atesta preocupações com a longevidade do manuscrito e com a segurança de sua circulação: colecionadores, arquivistas, filólogos, entre outros pesquisadores seriam coautores na transmissão de documentos a gerações futuras.\\nConcluindo a primeira seção, voltada à Filologia, Norma Suely da Silva Pereira, no artigo Fontes coloniais e escravidão: relações de trabalho e práticas culturais na América portuguesa, corrobora a importância do conhecimento do passado para a compreensão da realidade presente, tendo como exemplo o reflexo da diáspora africana, na Bahia colonial. Por meio de um estudo transdisciplinar entre Paleografia, Diplomática, Sociologia dos textos, História cultural e Onomástica, analisa-se o intenso tráfico negreiro transatlântico rumo principalmente a portos brasileiros.\\nA relevância de questões filológicas, tais como as abreviaturas em manuscritos, também surge no primeiro artigo da segunda seção, voltada à Linguística Histórica, a saber, Revisitando a marca de plural na concordância de número: novos dados do português brasileiro e do francoprovençal antigos, de Maria Antonieta A. M. 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Tal análise leva ainda em consideração a produção e a circulação dos textos epistolares e o seu papel na história e na sociedade.\\nConcentrado na investigação de Linguística Histórica, mas também tentando resolver um problema etimológico, Alice Pereira Santos, em Origem e desenvolvimento dos prefixos de- e des-, parte do desenvolvimento semântico do prefixo de- para, em seguida, discutir e arquitetar uma nova proposta etimológica para o formante des-, apontando, por meio de dados num estudo comparativo e dialetológico, sua interseção com outros elementos formativos de origem latina.\\nAléxia Teles Duchowny e Caroline de Oliveira Silva analisam no artigo O item ‘trouxa’ no português usado no Twitter ambos os sentidos do vocábulo em análise, ou seja, tanto o sentido etimológico, quanto o inovador, bem como as razões pelas quais teria ocorrido o processo de pejoratização do item lexical. Tentando flagrar flutuações semânticas na oralidade, as autoras também investigam ocorrências do item numa rede social, o Twitter, em que a língua escrita apresenta muitas características da oralidade.\\nFechando o volume, Bruno Maroneze, no artigo Reavaliando a etimologia de abacaxi a partir de novos dados histórico-filológicos, reavalia a hipótese etimológica consensual de que a unidade lexical abacaxi se origina do tupi (yvá “fruta” e katĩ “que recende”, “que exala cheiro”) a partir de descrições etimológicas, transformações fonético-fonológicas e dados histórico-filológicos, mostrando incoerências, para, ao fim e ao cabo, concluir que tal hipótese deve ser tratada como controversa e que há necessidade de novas propostas etimológicas, sobretudo para a denominação de um grupo indígena homônimo.\\nDesejamos a todas e todos uma excelente e proveitosa leitura.\\n \\nMário Eduardo ViaroPhablo Roberto Marchis FachinVanessa Martins do Monte\\nUniversidade de São Paulo\\nPrimavera de 2020\",\"PeriodicalId\":30297,\"journal\":{\"name\":\"Filologia e Linguistica Portuguesa\",\"volume\":\" \",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2020-12-22\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Filologia e Linguistica Portuguesa\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/ISSN.2176-9419.V22IESPECIALP7-9\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Filologia e Linguistica Portuguesa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2176-9419.V22IESPECIALP7-9","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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摘要
《葡萄牙语言文学》杂志第22卷(特刊)专门讨论葡萄牙语的语言学、词源学和历史语言学,涉及历史、社会学和语言相关性的主题,这些主题对重建过去的同步和语际比较都很重要。尽管恢复历时和历史研究的必要性是一个广泛反复出现的主题,在某种程度上也是一致希望的,但阅读本卷将表明,在葡萄牙语文献方面仍有很多未知之处。每一项研究都表明了更新理论框架和方法论的紧迫性,使我们明白这些领域都在蓬勃发展,有望进行大量研究,但仍需要大量资源和努力的投资。本卷分为三个部分的文章,其内容虽然经常相互渗透,但占据了作者和作者所采用的理论观点的焦点。第一块论述了最广泛意义上的文献学,以塞萨尔·纳尔德利·坎布里亚的文章《拉丁语轻歌剧Isaac Ninivitae的碎片》开始,在这篇文章中,通过古文字编辑标准,呈现了Isaac de Ninive作品拉丁语翻译的九个未发表的片段证词,这些证词位于布拉格、奥洛穆克、巴黎、乌普萨拉、巴塞尔和科隆。这项研究将为读者提供已知版本的更详细的视图,允许识别变体、连词和分离错误。Lisana Rodrigues Trindade Sampaio的文章《进入历史档案:墨西哥国家图书馆》描述了对数字藏品的探索,今天,它为我们提供了这些作品中没有调查过的语言数据,并向我们展示了讽刺歌曲外交版的制作过程,以期根据历史词典学的规则,形成有限和不定式的语言形式词汇。Carlos Eduardo Mendes de Moraes警告我们在准备印刷文本或手稿语料库时要注意对来源的处理,这是语文学家一直在处理的问题,它超越了对语言的单纯了解,因为在印刷传统中的文本的几个版本中,都有复杂的编辑过程,出版和传播,这超出了对特定版本、版本或手稿的支持或偏好的标准。Ceila Maria Ferreira,在第四篇文章中,Eça de Queirós的《O crime do padre Amaro》的最后一章中对Camões的存在发出了愤怒的声音或考虑,向我们介绍了Os Lusíadas的现状,处理了在Eça de Queirós的作品中存在的迷彩作品,其中有巴黎公社的描述。本文论述了文本批评在文化遗产保护和传播中的作用。在Eliana Correia Brandão Gonçalves的《阿奎沃·历史·超马里诺的Requerementos do Arquivo Histórico Ultramarino电影》中,我们考虑了《超马里诺委员会的历史·Requeimentos do Conselho Ultramarino》的版本组织,并详细分析了被奴役的弗朗西斯科·达克鲁兹向摄政王D.若昂提出的请求,其中要求王室保护其免受其领主Antônio da Cruz Veloso的不公正待遇。正如作者所展示的那样,语言学在文本的生产、接收和分析时代,以及对政治主题的认可方面,都以一种变革的方式发挥着作用。同样,马塞洛·莫多洛和玛丽亚·德·法蒂玛·努涅斯·马德拉在题为《十八世纪手稿之路:从维拉·雷亚尔到当代》的文章中,通过分析《1755年皇家宪章》(Carta Régia ao Juiz e officials da Camara para a contribução do subsidio voluntario,1755)的副本,他们还讨论了在手稿从制作到当代的过程中揭示政治标记的潜力。根据作者的说法,一项协同生态学分析证明了人们对手稿的寿命及其流通安全的担忧:收藏家、档案管理员、文献学家和其他研究人员将是将文件传递给后代的共同作者。Norma Suely da Silva Pereira在《殖民地来源与奴隶制:葡裔美国人的劳动关系和文化实践》一文中总结了第一节,重点介绍了文献学,以殖民地巴伊亚的非洲侨民反映为例,证实了了解过去对理解现在现实的重要性。 通过对古地理、外交学、文本社会学、文化史和本体论的跨学科研究,我们分析了主要流向巴西港口的跨大西洋奴隶贸易。文献学问题的相关性,如手稿中的缩写,也出现在第二节的第一篇文章中,重点是历史语言学,即Maria Antonieta A.M.Cohen和Simone Fonseca Gomes的《重新审视数字一致中的复数标记:来自巴西葡萄牙语和旧法俄语的新数据》,其中对比了巴西葡萄牙语和法国法语的数据,以了解罗马式矩阵中葡萄牙语名词短语的数字一致现象。JoséDouglas Felix de Sá和Luiza Daviane Santos Barbosa(UFS)在文章中对Epifânio Dória和JoséCalasans之间的书信往来进行了语用话语分析,研究了两位塞尔吉派知识分子书信交流的性质,以期在语用话语层面上进行文本分析,通过分析开头字母、前结尾字母和结尾字母的言语习惯。这一分析还考虑到书信体文本的产生和流通及其在历史和社会中的作用。重点考察了历史语言学,同时也试图解决一个语源学问题,Alice Pereira Santos在《前缀de和des的起源和发展》中,对前缀de的语义发展进行了部分论述,进而为共振峰des提出了一个新的语源学建议,指出,通过比较和方言学研究中的数据,它与拉丁起源的其他形成要素的交叉。Aléxia Teles Duchowny和Caroline de Oliveira Silva在文章中分析了推特上使用的葡萄牙语“背包”一词既有被分析词的含义,也有词源和创新意义,以及该词出现贬义过程的原因。为了捕捉口语中的语义波动,作者还调查了该项目在社交网络推特中的出现,在推特中,书面语言呈现出口语的许多特征。最后,Bruno Maroneze在《从新的历史文献数据中重新评估菠萝的词源》一文中,从词源学描述中重新评估了一致的词源学假设,即词汇单位菠萝源自tupi(yvá“fruit”和katĩ“that recende”,语音-语音转换和历史文献学数据,显示出不一致性,得出的结论是,这一假设应该被视为有争议的,并且需要新的词源建议,特别是对于土著同音词群体的命名。Mário Eduardo ViaroPhablo Roberto Marchis FachinVanessa Martins do Monte Universidade São PauloSpring 2020
Apresentação: Estudos de Filologia, Etimologia e Linguística histórica
O volume 22(especial) da revista Filologia e Linguística Portuguesa, dedicado à Filologia, à Etimologia e à Linguística Histórica da língua portuguesa, aborda temas de relevância histórica, sociológica e linguística, que se configuram como importantes tanto para a reconstrução de sincronias pretéritas, quanto para a comparação interlinguística. Apesar de a necessidade de retomada dos estudos diacrônicos e históricos ser tema amplamente recorrente e, de certo modo, ser algo unanimemente desejado, a leitura deste volume mostrará que há muito ainda por se conhecer quando o assunto é a documentação em língua portuguesa. A cada investigação apresentada observa-se a urgência de renovação de quadros teóricos e de metodologias, dando-nos a entender que se trata de áreas em efervescência, que prometem muita investigação e requerem ainda muito investimento de recursos e de esforços. Dividiu-se este volume em três blocos de artigos, cujos conteúdos, embora frequentemente permeados um pelo outro, assumem o foco das perspectivas teóricas adotadas pelos seus autores e por suas autoras.
O primeiro bloco aborda a Filologia no seu sentido mais amplo e inicia pelo artigo Fragmenta latina operis Isaaci Ninivitae, de César Nardelli Cambraia, no qual são apresentados, por meio de critérios de edição paleográfica, nove testemunhos fragmentários inéditos da tradução latina da obra de Isaac de Nínive, localizados em Praga, Olomouc, Paris, Uppsala, Basileia e Colônia. Esse estudo proporcionará ao leitor uma visão mais detalhada das versões conhecidas, permitindo a identificação de variantes, erros conjuntivos e separativos.
O artigo Entre a Filologia e a Lexicografia Histórica: notas sobre a elaboração de uma edição das cantigas satíricas do Cancioneiro da Biblioteca Nacional para o estudo do léxico, de Lisana Rodrigues Trindade Sampaio, descreve a exploração de acervos digitais, que hoje nos proporcionam dados linguísticos não investigados nessas obras e apresenta-nos o processo de elaboração de uma edição diplomática de cantigas satíricas com vistas à confecção de um vocabulário das formas verbais, finitas e infinitivas, a partir de preceitos da Lexicografia Histórica.
Em Você confia nas edições que lê?, Carlos Eduardo Mendes de Moraes alerta-nos sobre o tratamento de fontes na preparação de um corpus de textos impressos ou manuscritos, problema com o qual o filólogo está sempre às voltas e que transcende o mero conhecimento da língua, pois em diversas versões de um texto em sua tradição impressa existem processos complexos de edição, publicação e divulgação e isso se situa para além do estabelecimento de critérios de qualificação do suporte ou da preferência por um edição, versão ou manuscrito específicos.
Ceila Maria Ferreira, no quarto artigo, Com a voz enrouquecida ou considerações sobre a presença de Camões no último capítulo de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, apresenta-nos a atualidade de Os Lusíadas, versando sobre a presença da obra camoniana na obra de Eça de Queirós, em que há um relato da Comuna de Paris. O artigo mostra o papel da Crítica Textual para a preservação e divulgação do patrimônio cultural.
Em A Filologia e o estudo de Requerimentos do Arquivo Histórico Ultramarino, de Eliana Correia Brandão Gonçalves, considera-se a organização de edições de Requerimentos históricos do Conselho Ultramarino e detalha-se a análise de um requerimento, do escravizado Francisco da Cruz, ao príncipe regente D. João, no qual se solicita proteção régia contra as injustiças praticadas por seu senhor Antônio da Cruz Veloso. Conforme a autora mostra, a Filologia age de modo transformador sobre os tempos de produção, de recepção e de análise do texto, bem como no reconhecimento de temas voltados à política.
Do mesmo modo, Marcelo Módolo e Maria de Fátima Nunes Madeira, no artigo intitulado Caminhos de um manuscrito setecentista: da Vila Real do Sabará à contemporaneidade, ao analisarem uma cópia da “Carta Régia ao Juiz e officiaes da Camara para a contribuiçaõ do subsidio voluntario, de 1755”, também discorrem sobre o potencial de revelação de marcas políticas no percurso de um manuscrito, desde a sua produção até a contemporaneidade. Segundo os autores, uma análise codicológica atesta preocupações com a longevidade do manuscrito e com a segurança de sua circulação: colecionadores, arquivistas, filólogos, entre outros pesquisadores seriam coautores na transmissão de documentos a gerações futuras.
Concluindo a primeira seção, voltada à Filologia, Norma Suely da Silva Pereira, no artigo Fontes coloniais e escravidão: relações de trabalho e práticas culturais na América portuguesa, corrobora a importância do conhecimento do passado para a compreensão da realidade presente, tendo como exemplo o reflexo da diáspora africana, na Bahia colonial. Por meio de um estudo transdisciplinar entre Paleografia, Diplomática, Sociologia dos textos, História cultural e Onomástica, analisa-se o intenso tráfico negreiro transatlântico rumo principalmente a portos brasileiros.
A relevância de questões filológicas, tais como as abreviaturas em manuscritos, também surge no primeiro artigo da segunda seção, voltada à Linguística Histórica, a saber, Revisitando a marca de plural na concordância de número: novos dados do português brasileiro e do francoprovençal antigos, de Maria Antonieta A. M. Cohen e Simone Fonseca Gomes, no qual se apresentam contrastivamente dados do português brasileiro e do francoprovençal, com a finalidade de compreender fenômenos de concordância de número no sintagma nominal português numa matriz românica.
Renata Ferreira Costa, José Douglas Felix de Sá e Luiza Daviane Santos Barbosa (UFS) no artigo Análise pragmático-discursiva de cartas trocadas entre Epifânio Dória e José Calasans fazem um estudo sobre a natureza da comunicação epistolar de dois representativos intelectuais sergipanos, com vistas a uma análise textual, em nível pragmático-discursivo, a saber, mediante a análise das rotinas verbais de abertura, pré-fecho e fecho das cartas. Tal análise leva ainda em consideração a produção e a circulação dos textos epistolares e o seu papel na história e na sociedade.
Concentrado na investigação de Linguística Histórica, mas também tentando resolver um problema etimológico, Alice Pereira Santos, em Origem e desenvolvimento dos prefixos de- e des-, parte do desenvolvimento semântico do prefixo de- para, em seguida, discutir e arquitetar uma nova proposta etimológica para o formante des-, apontando, por meio de dados num estudo comparativo e dialetológico, sua interseção com outros elementos formativos de origem latina.
Aléxia Teles Duchowny e Caroline de Oliveira Silva analisam no artigo O item ‘trouxa’ no português usado no Twitter ambos os sentidos do vocábulo em análise, ou seja, tanto o sentido etimológico, quanto o inovador, bem como as razões pelas quais teria ocorrido o processo de pejoratização do item lexical. Tentando flagrar flutuações semânticas na oralidade, as autoras também investigam ocorrências do item numa rede social, o Twitter, em que a língua escrita apresenta muitas características da oralidade.
Fechando o volume, Bruno Maroneze, no artigo Reavaliando a etimologia de abacaxi a partir de novos dados histórico-filológicos, reavalia a hipótese etimológica consensual de que a unidade lexical abacaxi se origina do tupi (yvá “fruta” e katĩ “que recende”, “que exala cheiro”) a partir de descrições etimológicas, transformações fonético-fonológicas e dados histórico-filológicos, mostrando incoerências, para, ao fim e ao cabo, concluir que tal hipótese deve ser tratada como controversa e que há necessidade de novas propostas etimológicas, sobretudo para a denominação de um grupo indígena homônimo.
Desejamos a todas e todos uma excelente e proveitosa leitura.
Mário Eduardo ViaroPhablo Roberto Marchis FachinVanessa Martins do Monte
Universidade de São Paulo
Primavera de 2020