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Unidade cordial da pessoa humana e da comunidade: o símbolo do coração nos escritos e na recepção artística de Agostinho de Hipona
Este artigo irá examinar a concepção de Agostinho de Hipona (354-430) sobre o coração humano, visto que, ocupando o lugar de um cardiologista, Agostinho prescreve um tratamento terapêutico intensivo. Serão considerados três movimentos essenciais do cor agostiniano. Primeiramente, Agostinho propõe uma busca pelo coração, a câmara secreta, o centro vital interior que necessita ser reencontrado. Uma vez localizado o coração, somos levados a um segundo movimento: o retorno ao coração. Depois de diagnosticar sua própria doença cardíaca, um coração vazio, Agostinho propõe uma terapia, a volta ao coração no encontro com um terapeuta divino, o Cristo; e um remédio potente, o esmagamento do coração. Terceiro, ascende-se com seu coração: o coração se eleva ao alto, sursum cor. Um coração saudável é um coração ascendente, com o amor como seu marca-passo. Retornar ao coração significa, portanto, voltar ao núcleo de uma autêntica existência, no chamado para não se fechar em si mesmo, para ascender em uma abertura de amor a uma alteridade, Deus e ao próximo. Como epílogo, iremos explorar de forma concisa dois contextos relacionados, nos quais Agostinho utiliza a imagem do coração: vida comunitária e espiritualidade.