{"title":"军事话语","authors":"Paula Ramos Ghiraldelli, T. Soares","doi":"10.15448/1984-7726.2022.1.43556","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente artigo busca analisar discursivamente a propaganda brasileira de alistamento militar (2022). Seu intuito é verificar as concepções ideológicas expressas discursivamente e o modo como os mecanismos discursivos operam em prol de reforçar um posicionamento político-ideológico governamental, uma vez que os enunciados produzidos pelo exército se constituem como Aparelhos Ideológicos do Estado (ALTHUSSER, 1980), representando os ideais estatais. O objeto em questão é considerado propaganda, de acordo com a definição proposta por Costa e Mendes (2012), que descrevem tais formas enunciativas como fornecedoras de um objeto ideológico, ou seja, referem-se à propagação de ideias, principalmente políticas. Para a análise, foram utilizados os conceitos de cena da enunciação e ethos discursivo – respectivamente o espaço discursivo e a imagem de si do enunciador (MAINGUENEAU, 1996, 2004, 2008, 2015). Através do exame dessas construções na propaganda, foram constatados os aspectos culturais, sociais e ideológicos sob os quais esses elementos se constituem. Tanto a cena quanto o ethos do objeto apresentam destacadamente a neutralidade e o silenciamento como mecanismos persuasivos, vinculados a uma intenção não conflituosa do enunciador. O objetivo, com isso, é resgatar a boa imagem do exército aos olhos brasileiros, por meio da construção de uma enunciação “positiva” sobre o país no quesito da violência interna e do racismo, promovendo o país e o trabalho do exército como locais interligados em que a igualdade, a democracia e a justiça insurgem. Entretanto, tais características não significam a representação integral da realidade do país, uma vez que a violência interna e o racismo estão amplamente presentes no Brasil e são silenciados pela propaganda. ","PeriodicalId":42440,"journal":{"name":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2022-12-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"discurso militar\",\"authors\":\"Paula Ramos Ghiraldelli, T. Soares\",\"doi\":\"10.15448/1984-7726.2022.1.43556\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O presente artigo busca analisar discursivamente a propaganda brasileira de alistamento militar (2022). 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O presente artigo busca analisar discursivamente a propaganda brasileira de alistamento militar (2022). Seu intuito é verificar as concepções ideológicas expressas discursivamente e o modo como os mecanismos discursivos operam em prol de reforçar um posicionamento político-ideológico governamental, uma vez que os enunciados produzidos pelo exército se constituem como Aparelhos Ideológicos do Estado (ALTHUSSER, 1980), representando os ideais estatais. O objeto em questão é considerado propaganda, de acordo com a definição proposta por Costa e Mendes (2012), que descrevem tais formas enunciativas como fornecedoras de um objeto ideológico, ou seja, referem-se à propagação de ideias, principalmente políticas. Para a análise, foram utilizados os conceitos de cena da enunciação e ethos discursivo – respectivamente o espaço discursivo e a imagem de si do enunciador (MAINGUENEAU, 1996, 2004, 2008, 2015). Através do exame dessas construções na propaganda, foram constatados os aspectos culturais, sociais e ideológicos sob os quais esses elementos se constituem. Tanto a cena quanto o ethos do objeto apresentam destacadamente a neutralidade e o silenciamento como mecanismos persuasivos, vinculados a uma intenção não conflituosa do enunciador. O objetivo, com isso, é resgatar a boa imagem do exército aos olhos brasileiros, por meio da construção de uma enunciação “positiva” sobre o país no quesito da violência interna e do racismo, promovendo o país e o trabalho do exército como locais interligados em que a igualdade, a democracia e a justiça insurgem. Entretanto, tais características não significam a representação integral da realidade do país, uma vez que a violência interna e o racismo estão amplamente presentes no Brasil e são silenciados pela propaganda.