他者的发明:历史教科书研究中的“领域”

Thiago Ranniery, Renata Ferreira de Oliveira
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Assim, ainda que a disputa por ressignificação do “campo” seja o de desmontar o binário campo/cidade e, portanto, escapar daqueles sentidos que o alocaram em condição de subalternidade, paradoxalmente, partilha-se das mesmas estratégias que o produzem como lugar de falta, de passividade, de disputa por terras, de conflitos e mortes. Isto é, parte-se do mesmo recurso de fabulação de categorias que, em posições hierarquicamente distintas, fazem-se contingencialmente dicotômicas, conflitantes, excludentes. De modo ambivalente, desta repetição emerge outro binário – rural/campo –, que caracterizará os argumentos de parte dos trabalhos analisados. Afim de sobrepujarem-se às ideias de urbanização e industrialização que marcariam o “campo” como outro da “cidade”, os textos analisados parecem assentir da lógica em que o “campo” é outro, cuja identidade precisa ser elaborada, reafirmada e defendida, o que tornaria potente a reivindicação por direitos sociais como, por exemplo, acesso à terra e educação, ou mesmo à vida. Acessar o recurso da cidadania, via políticas de identidade, por meio dos discursos educacionais, produziriam como efeito, então, reconhecimento do Estado e, portanto, garantias através dos textos legais. Entretanto, parece-nos que, a despeito de tais projetos emancipatórios para as “populações camponesas”, as possibilidades de sentidos de “campo” permanecem restritas quando os modos de produzir inteligibilidade da luta política da pesquisa em educação ainda constituem-se segundo uma ontologia moderna e colonial, que acabam por simplificar e tornar homogêneas categorias, trajetórias e temporalidades.","PeriodicalId":34060,"journal":{"name":"Plurais","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-04-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A INVENÇÃO DO OUTRO: o “campo” em pesquisas sobre livros didáticos de história\",\"authors\":\"Thiago Ranniery, Renata Ferreira de Oliveira\",\"doi\":\"10.29378/PLURAIS.2447-9373.2019.V4.N1.65-91\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Este artigo tem por objetivo discutir como pesquisas com/sobre livros didáticos de História participam da disputa por significação de “campo”, cujo processo de fabricação está marcado por elementos da cidadania, do desenvolvimento, do progresso e do binômio inclusão/exclusão. 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摘要

本文旨在探讨历史教科书研究如何参与“领域”意义的争论,“领域”的制造过程以公民、发展、进步和包容/排斥二项式为标志。我们认为这是因为这些教育研究,成为政治斗争,以确保权利的“乡村人口”,最终访问机制discursivos生产的“另一个”,alterizado从矩阵思想的工作,这是力量的现代化/ colonialidade的网格。还ressignificação纠纷的“场”的卸载二进制字段/城市,因此避免那些检查分配的条件的隶属关系,矛盾的是,共享同样的策略的产生,缺乏的地方,被动的、土地纠纷、冲突和死亡。也就是说,我们从同样的类别虚构资源开始,这些类别在等级上不同的位置,偶然地成为二分法、冲突和排斥。以一种矛盾的方式,从这种重复中出现了另一种二元——农村/农村——这将是分析部分作品的论点特征。以便sobrepujarem城市化和工业化的思想,从“场”的另一个“城市”,文章分析了看起来很像逻辑问题的点了点头,“场”的身份必须是另一个,明确重申和提出有效化的社会分红的权利,例如获得土地和教育,甚至是生命。通过身份政治,通过教育话语获得公民资源,将产生国家承认的效果,从而通过法律文本获得保障。同时,我们认为,尽管这些项目解放农民的“人”,“场”的感觉的可能性仍然受限模式产生政治斗争的可解性的研究在现代教育还是基于本体和殖民,最终和temporalidades简化,并按类别,轨迹。
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A INVENÇÃO DO OUTRO: o “campo” em pesquisas sobre livros didáticos de história
Este artigo tem por objetivo discutir como pesquisas com/sobre livros didáticos de História participam da disputa por significação de “campo”, cujo processo de fabricação está marcado por elementos da cidadania, do desenvolvimento, do progresso e do binômio inclusão/exclusão. Argumentamos que isto ocorre porque tais pesquisas educacionais, fazendo-se luta política com o fim de assegurar direitos para as “populações do campo”, acabam por acessar mecanismos discursivos de produção do “Outro”, alterizado, a partir do qual funciona a matriz de pensamento constituída nas malhas de poder da modernidade/colonialidade. Assim, ainda que a disputa por ressignificação do “campo” seja o de desmontar o binário campo/cidade e, portanto, escapar daqueles sentidos que o alocaram em condição de subalternidade, paradoxalmente, partilha-se das mesmas estratégias que o produzem como lugar de falta, de passividade, de disputa por terras, de conflitos e mortes. Isto é, parte-se do mesmo recurso de fabulação de categorias que, em posições hierarquicamente distintas, fazem-se contingencialmente dicotômicas, conflitantes, excludentes. De modo ambivalente, desta repetição emerge outro binário – rural/campo –, que caracterizará os argumentos de parte dos trabalhos analisados. Afim de sobrepujarem-se às ideias de urbanização e industrialização que marcariam o “campo” como outro da “cidade”, os textos analisados parecem assentir da lógica em que o “campo” é outro, cuja identidade precisa ser elaborada, reafirmada e defendida, o que tornaria potente a reivindicação por direitos sociais como, por exemplo, acesso à terra e educação, ou mesmo à vida. Acessar o recurso da cidadania, via políticas de identidade, por meio dos discursos educacionais, produziriam como efeito, então, reconhecimento do Estado e, portanto, garantias através dos textos legais. Entretanto, parece-nos que, a despeito de tais projetos emancipatórios para as “populações camponesas”, as possibilidades de sentidos de “campo” permanecem restritas quando os modos de produzir inteligibilidade da luta política da pesquisa em educação ainda constituem-se segundo uma ontologia moderna e colonial, que acabam por simplificar e tornar homogêneas categorias, trajetórias e temporalidades.
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