Delcyanne Kathlen Silva Lima, Gabriel De Jesus dos Anjos Costa, Márcia Manir Miguel Feitosa
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A análise de Flores (2016) demonstrou explicitamente como, na falta de uma memória individual, é na coletividade que o homem alimenta sua necessidade de conhecer o próprio passado. Além disso, o resgate do passado, tal como aconteceu com o senhor Ulme, ocorre sobretudo numa busca pela identidade perdida, fragmentada ou desconhecida. A análise sobre Kevin comprova como as memórias podem atuar na identidade presente do homem, uma vez que muitas de suas ações atuais são ecos dos ensinamentos do seu pai. Pode-se afirmar, portanto, que Afonso Cruz criou uma narrativa que se situa no tripé da memória individual, da memória coletiva e da identidade. 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“Senhor Ulme, encontrarei o seu caroço e dar-lhe-ei um motivo para ser cuspido”: uma leitura da memória em Flores, de Afonso Cruz
A memória é um fenômeno que envolve a evocação das experiências vividas no passado que se manifestam por meio das lembranças. Como tal processo faz parte do “ser” humano, há uma tentativa humana de entender toda a complexidade envolvida no processo de rememoração. Tendo como base tais ideias, objetiva-se, no presente artigo, analisar as manifestações do fenômeno da memória no romance Flores (2016), de Afonso Cruz, a fim de expor de que forma os personagens se relacionam com tal processo. Do ponto de vista metodológico, o artigo configura-se como qualitativo de cunho bibliográfico. Publicado em 2015, Flores faz parte de uma tendência da Novíssima Literatura Portuguesa de tocar em temas universais. A análise de Flores (2016) demonstrou explicitamente como, na falta de uma memória individual, é na coletividade que o homem alimenta sua necessidade de conhecer o próprio passado. Além disso, o resgate do passado, tal como aconteceu com o senhor Ulme, ocorre sobretudo numa busca pela identidade perdida, fragmentada ou desconhecida. A análise sobre Kevin comprova como as memórias podem atuar na identidade presente do homem, uma vez que muitas de suas ações atuais são ecos dos ensinamentos do seu pai. Pode-se afirmar, portanto, que Afonso Cruz criou uma narrativa que se situa no tripé da memória individual, da memória coletiva e da identidade. Servirão de aporte teórico para esse estudo as reflexões de Paul Ricoeur (2007), Michael Pollak (1992), Maurice Halbwachs (1990), Yi-Fu Tuan (2013), Joël Candau (2011), Gabriela Silva (2016) e Miguel Real (2012).