Julia Pinheiro Machado, Camila de Lima Magalhães, Donavan de Souza Lucio
{"title":"弗洛里亚诺波利斯市吸引、留住、阻碍或驱赶家庭医生从事初级保健工作的因素","authors":"Julia Pinheiro Machado, Camila de Lima Magalhães, Donavan de Souza Lucio","doi":"10.5712/rbmfc18(45)3887","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: Um dos principais desafios da atenção primária no Brasil é a falta de fixação de profissionais médicos nas equipes de Saúde da Família, causando prejuízos à longitudinalidade, atributo essencial da atenção primária. Objetivo: Identificar os fatores que influenciam na atração de médicos de família e comunidade (MFC) para a atenção primária de Florianópolis, bem como fatores que os mantêm, os frustram ou os afastam. Métodos: Pesquisa qualitativa por meio de entrevistas em profundidade analisadas por análise de conteúdo convencional. Sorteamos 30 médicos de família de um painel amostral composto de três grupos: a) MFC estatutários e ativos na atenção primária de Florianópolis; b) MFC exonerados a partir de 2021; e c) médicos que prestaram, mas não assumiram, o concurso público de 2019, concurso que exigia título de especialista em MFC e foi o último realizado até o momento. Resultados: Entrevistamos 12 MFC, todos com residência médica. Deles, cinco compunham o grupo de profissionais que se exoneraram; três estavam atuantes na rede; e quatro compunham o grupo de MFC que foram aprovados no último concurso ofertado em 2019, porém não assumiram o cargo. Em síntese, os MFC são atraídos para trabalhar em Florianópolis por aspectos da cidade e pela possibilidade de desempenhar plenamente o trabalho de médico de família. Entretanto, as fragilidades do sistema de saúde público, agravadas nos últimos cinco anos e acentuadas no período crítico da pandemia de COVID-19 frustram os médicos de família a ponto de eles desejarem abandonar a atenção primária ou manter-se trabalhando às custas de sua saúde mental. Os motivos que mantêm ou mantiveram os médicos na atenção primária de Florianópolis foram principalmente a redução da carga horária assistencial e seus vínculos com família e amigos na cidade. A decisão final de exonerar-se partiu do sofrimento psíquico associado ao sentimento de sobrecarga no trabalho e/ou do salário menor que o desejado. Conclusões: Apoiados na análise dos dados, supomos que algumas estratégias, se adotadas, amenizariam a frustração de quase todos os entrevistados: a redução da carga horária com salário proporcional; a contratação de MFC volantes para cobrir ausências; a implementação de um registro eletrônico de saúde que integrasse todas as plataformas digitais utilizadas rotineiramente; o remanejamento das questões burocráticas para um profissional administrativo.","PeriodicalId":21274,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade","volume":"108 23","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-12-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Fatores que atraem, fixam, frustram ou afastam médicos de família da atenção primária de Florianópolis\",\"authors\":\"Julia Pinheiro Machado, Camila de Lima Magalhães, Donavan de Souza Lucio\",\"doi\":\"10.5712/rbmfc18(45)3887\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução: Um dos principais desafios da atenção primária no Brasil é a falta de fixação de profissionais médicos nas equipes de Saúde da Família, causando prejuízos à longitudinalidade, atributo essencial da atenção primária. 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Fatores que atraem, fixam, frustram ou afastam médicos de família da atenção primária de Florianópolis
Introdução: Um dos principais desafios da atenção primária no Brasil é a falta de fixação de profissionais médicos nas equipes de Saúde da Família, causando prejuízos à longitudinalidade, atributo essencial da atenção primária. Objetivo: Identificar os fatores que influenciam na atração de médicos de família e comunidade (MFC) para a atenção primária de Florianópolis, bem como fatores que os mantêm, os frustram ou os afastam. Métodos: Pesquisa qualitativa por meio de entrevistas em profundidade analisadas por análise de conteúdo convencional. Sorteamos 30 médicos de família de um painel amostral composto de três grupos: a) MFC estatutários e ativos na atenção primária de Florianópolis; b) MFC exonerados a partir de 2021; e c) médicos que prestaram, mas não assumiram, o concurso público de 2019, concurso que exigia título de especialista em MFC e foi o último realizado até o momento. Resultados: Entrevistamos 12 MFC, todos com residência médica. Deles, cinco compunham o grupo de profissionais que se exoneraram; três estavam atuantes na rede; e quatro compunham o grupo de MFC que foram aprovados no último concurso ofertado em 2019, porém não assumiram o cargo. Em síntese, os MFC são atraídos para trabalhar em Florianópolis por aspectos da cidade e pela possibilidade de desempenhar plenamente o trabalho de médico de família. Entretanto, as fragilidades do sistema de saúde público, agravadas nos últimos cinco anos e acentuadas no período crítico da pandemia de COVID-19 frustram os médicos de família a ponto de eles desejarem abandonar a atenção primária ou manter-se trabalhando às custas de sua saúde mental. Os motivos que mantêm ou mantiveram os médicos na atenção primária de Florianópolis foram principalmente a redução da carga horária assistencial e seus vínculos com família e amigos na cidade. A decisão final de exonerar-se partiu do sofrimento psíquico associado ao sentimento de sobrecarga no trabalho e/ou do salário menor que o desejado. Conclusões: Apoiados na análise dos dados, supomos que algumas estratégias, se adotadas, amenizariam a frustração de quase todos os entrevistados: a redução da carga horária com salário proporcional; a contratação de MFC volantes para cobrir ausências; a implementação de um registro eletrônico de saúde que integrasse todas as plataformas digitais utilizadas rotineiramente; o remanejamento das questões burocráticas para um profissional administrativo.