{"title":"(虚幻的)学校优胜劣汰和抹杀学校的作用","authors":"Jane Helen Gomes de Lima","doi":"10.37618/paradigma.1011-2251.2023.p327-346.id1507","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Embasado pela psicologia histórico-cultural e pela pedagogia histórico-crítica, este trabalho busca desvelar como a adoção do conceito de meritocracia escolar, instrumento avaliativo institucional que está sendo implementado na educação básica brasileira, apaga o real papel da educação escolar e promove a manutenção do estado de coisas. Para isso, discute o modo como a apropriação dos signos culturais ocorre na sociedade capitalista, pois, com base em estudos do psiquismo humano, é compreendido que a qualidade de tal apropriação impacta qualitativamente no pensamento humanizado e no desenvolvimento da consciência. Partindo dessa premissa vigotskiana, aponta-se que a escola tem o papel de transmitir de forma sistemática e intencional o conhecimento que foi produzido historicamente. Contudo, observando-se a implantação legal da meritocracia na educação, sob o signo ‘meritocracia escolar’, percebe-se que a escola se afasta ainda mais de seu foco. Com o trabalho educativo reduzido majoritariamente às questões burocrático-administrativas, a escola volta-se para questões secundárias que pouco agregam para seu papel social: a transmissão do conhecimento elaborado, sistematizado e erudito. Desse modo, percebe-se que a inserção legal desse conceito na escola serve apenas para manter o trabalho educativo alienado, promovendo, assim, o ideário burguês-neoliberal que mantém a universalização da educação dentro dos limites admissíveis pelo capital.","PeriodicalId":477096,"journal":{"name":"Paradigma (Maracay)","volume":"251 2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-11-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A (ilusória) meritocracia escolar e o apagamento do papel da escola\",\"authors\":\"Jane Helen Gomes de Lima\",\"doi\":\"10.37618/paradigma.1011-2251.2023.p327-346.id1507\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Embasado pela psicologia histórico-cultural e pela pedagogia histórico-crítica, este trabalho busca desvelar como a adoção do conceito de meritocracia escolar, instrumento avaliativo institucional que está sendo implementado na educação básica brasileira, apaga o real papel da educação escolar e promove a manutenção do estado de coisas. Para isso, discute o modo como a apropriação dos signos culturais ocorre na sociedade capitalista, pois, com base em estudos do psiquismo humano, é compreendido que a qualidade de tal apropriação impacta qualitativamente no pensamento humanizado e no desenvolvimento da consciência. Partindo dessa premissa vigotskiana, aponta-se que a escola tem o papel de transmitir de forma sistemática e intencional o conhecimento que foi produzido historicamente. Contudo, observando-se a implantação legal da meritocracia na educação, sob o signo ‘meritocracia escolar’, percebe-se que a escola se afasta ainda mais de seu foco. Com o trabalho educativo reduzido majoritariamente às questões burocrático-administrativas, a escola volta-se para questões secundárias que pouco agregam para seu papel social: a transmissão do conhecimento elaborado, sistematizado e erudito. Desse modo, percebe-se que a inserção legal desse conceito na escola serve apenas para manter o trabalho educativo alienado, promovendo, assim, o ideário burguês-neoliberal que mantém a universalização da educação dentro dos limites admissíveis pelo capital.\",\"PeriodicalId\":477096,\"journal\":{\"name\":\"Paradigma (Maracay)\",\"volume\":\"251 2\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-11-04\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Paradigma (Maracay)\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.37618/paradigma.1011-2251.2023.p327-346.id1507\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Paradigma (Maracay)","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.37618/paradigma.1011-2251.2023.p327-346.id1507","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
A (ilusória) meritocracia escolar e o apagamento do papel da escola
Embasado pela psicologia histórico-cultural e pela pedagogia histórico-crítica, este trabalho busca desvelar como a adoção do conceito de meritocracia escolar, instrumento avaliativo institucional que está sendo implementado na educação básica brasileira, apaga o real papel da educação escolar e promove a manutenção do estado de coisas. Para isso, discute o modo como a apropriação dos signos culturais ocorre na sociedade capitalista, pois, com base em estudos do psiquismo humano, é compreendido que a qualidade de tal apropriação impacta qualitativamente no pensamento humanizado e no desenvolvimento da consciência. Partindo dessa premissa vigotskiana, aponta-se que a escola tem o papel de transmitir de forma sistemática e intencional o conhecimento que foi produzido historicamente. Contudo, observando-se a implantação legal da meritocracia na educação, sob o signo ‘meritocracia escolar’, percebe-se que a escola se afasta ainda mais de seu foco. Com o trabalho educativo reduzido majoritariamente às questões burocrático-administrativas, a escola volta-se para questões secundárias que pouco agregam para seu papel social: a transmissão do conhecimento elaborado, sistematizado e erudito. Desse modo, percebe-se que a inserção legal desse conceito na escola serve apenas para manter o trabalho educativo alienado, promovendo, assim, o ideário burguês-neoliberal que mantém a universalização da educação dentro dos limites admissíveis pelo capital.