Nina Feital Montezz, Giulia Bianco da Silva, Renata Santos Dantas Machado, Plínio Tostes Berardo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach
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Relato de caso: Foi relatado o caso de paciente de 18 anos, sem comorbidades, que procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento devido a sangramento menstrual prolongado por 18 dias. Além disso, a paciente apresentava equimoses e petéquias espontâneas nos últimos 2 meses, bem como um quadro gripal leve com febre e odinofagia. Não houve atividade sexual nos últimos 12 meses. No exame inicial, constatou-se anemia grave (hematócrito de 12,3% e hemoglobina de 4,1 g/dL), plaquetopenia (30.000/mm3), INR de 1,85, TAP de 53% e teste de gravidez β-HCG negativo. O ultrassom transvaginal não evidenciou anormalidades. Após a estabilização clínica com hemotransfusão, a paciente foi encaminhada para hospital terciário no quinto dia de internação. No exame físico, observou-se sangramento moderado pelo orifício cervical, com presença de coágulos, sem lesões genitais aparentes. O útero estava dentro da pelve, móvel e indolor à mobilização, sem massas abdominais. Os exames laboratoriais revelaram hemoglobina de 8,4 g/dL, INR de 1,32 e contagem de plaquetas de 7.000/mm³. A sorologia para o vírus Epstein-Barr (EBV) indicou infecção recente, com resultado inicial indeterminado para IgM e posterior queda, além de IgG positivo. Hepatites virais, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) foram descartados. O diagnóstico de PTI secundária à infecção por EBV foi considerado, e a paciente foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de prednisolona por 30 dias. Houve resolução do sangramento vaginal e das equimoses em 5 dias, além de uma hemorragia intrarretiniana diagnosticada pela equipe de oftalmologia, que regrediu espontaneamente. A paciente recebeu alta hospitalar 11 dias após o início do tratamento, com contagem de plaquetas.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Púrpura trombocitopênica imune como etiologia de sangramento uterino anormal em mulher em idade reprodutiva — relato de caso\",\"authors\":\"Nina Feital Montezz, Giulia Bianco da Silva, Renata Santos Dantas Machado, Plínio Tostes Berardo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach\",\"doi\":\"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1038\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Introdução: O sangramento uterino anormal (SUA) é uma condição comum na prática clínica, sendo classificado pela nomenclatura PALM-COEIN, proposta em 2011 pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). 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Púrpura trombocitopênica imune como etiologia de sangramento uterino anormal em mulher em idade reprodutiva — relato de caso
Introdução: O sangramento uterino anormal (SUA) é uma condição comum na prática clínica, sendo classificado pela nomenclatura PALM-COEIN, proposta em 2011 pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). As causas estruturais (PALM) incluem pólipos, adenomiose, leiomiomas e malignidade, enquanto as causas não estruturais (COEIN) englobam coagulopatias, disfunções ovulatórias, causas endometriais, iatrogenias e causas não especificadas. A púrpura trombocitopênica imune (PTI) é uma causa menos comum de SUA, mas pode comprometer significativamente a qualidade de vida das pacientes. Relato de caso: Foi relatado o caso de paciente de 18 anos, sem comorbidades, que procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento devido a sangramento menstrual prolongado por 18 dias. Além disso, a paciente apresentava equimoses e petéquias espontâneas nos últimos 2 meses, bem como um quadro gripal leve com febre e odinofagia. Não houve atividade sexual nos últimos 12 meses. No exame inicial, constatou-se anemia grave (hematócrito de 12,3% e hemoglobina de 4,1 g/dL), plaquetopenia (30.000/mm3), INR de 1,85, TAP de 53% e teste de gravidez β-HCG negativo. O ultrassom transvaginal não evidenciou anormalidades. Após a estabilização clínica com hemotransfusão, a paciente foi encaminhada para hospital terciário no quinto dia de internação. No exame físico, observou-se sangramento moderado pelo orifício cervical, com presença de coágulos, sem lesões genitais aparentes. O útero estava dentro da pelve, móvel e indolor à mobilização, sem massas abdominais. Os exames laboratoriais revelaram hemoglobina de 8,4 g/dL, INR de 1,32 e contagem de plaquetas de 7.000/mm³. A sorologia para o vírus Epstein-Barr (EBV) indicou infecção recente, com resultado inicial indeterminado para IgM e posterior queda, além de IgG positivo. Hepatites virais, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) foram descartados. O diagnóstico de PTI secundária à infecção por EBV foi considerado, e a paciente foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de prednisolona por 30 dias. Houve resolução do sangramento vaginal e das equimoses em 5 dias, além de uma hemorragia intrarretiniana diagnosticada pela equipe de oftalmologia, que regrediu espontaneamente. A paciente recebeu alta hospitalar 11 dias após o início do tratamento, com contagem de plaquetas.