{"title":"艺术在纪念暴力中的作用","authors":"monumentalização da violência","doi":"10.20396/eha.vi14.3486","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A vivência em grandes centros urbanos-históricos no território brasileiro – como o Rio de Janeiro e São Paulo – é marcada pela segregação. A organização espacial da diferença se dá de forma projetual, partindo da centralidade como princípio e a marginalização como procedimento sustentante. Nesta mobilização, as fronteiras sociais são tornadas visíveis em conformações que reiteram esta forma discriminatória de existir como unívoca; Uma destas é a disposição de grandes monumentos que evocam marcos temporais a partir de uma perspectiva histórica disseminada. Ao pensarmos o monumento como obra de arte destinada ao espaço público com fins simbólicos, adentramos em lugar de configurações sobre corpos, territórios e suas respectivas disputas, entremeados por agências políticas vetorizadas em única direção: A manutenção da estabilidade hegemônica pela cultura dominante. Nesta perspectiva, a cidade é o espaço em que se estabelecem as relações entre sociedade-indivíduo-mundo, atravessando a cultura como locus fundamental a se pensar tais relações. O tecido social, apreendido pela dinâmica capitalista, organiza-se de forma estratificada como legado das relações de poder que se estabeleceram no período colonialista. O que tomo como inquietação impelente é questionar quais são – à quem pertencem – estes corpos que são estigmatizados, desumanizados e exterminados pela lógica que se estabelece nas disputas pelo poder. Essa especificidade é determinante para a compreensão do processo de marginalização através da história; Mais decisivo que esta, somente a narrativa que se constrói em torno desta especificidade. Para compreendermos a complexidade estrutural desta narrativa, devemos retomar a espinha dorsal do pensamento ocidental, orientador sobre como agir e ser no mundo: a ontologia do sujeito. A filosofia europeia tem historicamente se debruçado na questão acerca da natureza comum da existência do ser. Tal pensamento reconfigura-se em algumas conformações – desde a metafísica platônica até a organização cartesiana do mundo –, mas orientados pela mesma sistematização. 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A vivência em grandes centros urbanos-históricos no território brasileiro – como o Rio de Janeiro e São Paulo – é marcada pela segregação. A organização espacial da diferença se dá de forma projetual, partindo da centralidade como princípio e a marginalização como procedimento sustentante. Nesta mobilização, as fronteiras sociais são tornadas visíveis em conformações que reiteram esta forma discriminatória de existir como unívoca; Uma destas é a disposição de grandes monumentos que evocam marcos temporais a partir de uma perspectiva histórica disseminada. Ao pensarmos o monumento como obra de arte destinada ao espaço público com fins simbólicos, adentramos em lugar de configurações sobre corpos, territórios e suas respectivas disputas, entremeados por agências políticas vetorizadas em única direção: A manutenção da estabilidade hegemônica pela cultura dominante. Nesta perspectiva, a cidade é o espaço em que se estabelecem as relações entre sociedade-indivíduo-mundo, atravessando a cultura como locus fundamental a se pensar tais relações. O tecido social, apreendido pela dinâmica capitalista, organiza-se de forma estratificada como legado das relações de poder que se estabeleceram no período colonialista. O que tomo como inquietação impelente é questionar quais são – à quem pertencem – estes corpos que são estigmatizados, desumanizados e exterminados pela lógica que se estabelece nas disputas pelo poder. Essa especificidade é determinante para a compreensão do processo de marginalização através da história; Mais decisivo que esta, somente a narrativa que se constrói em torno desta especificidade. Para compreendermos a complexidade estrutural desta narrativa, devemos retomar a espinha dorsal do pensamento ocidental, orientador sobre como agir e ser no mundo: a ontologia do sujeito. A filosofia europeia tem historicamente se debruçado na questão acerca da natureza comum da existência do ser. Tal pensamento reconfigura-se em algumas conformações – desde a metafísica platônica até a organização cartesiana do mundo –, mas orientados pela mesma sistematização. Isto é, o que fixa as formas de apreensão da realidade é tomado pelo sujeito como ponto