{"title":"活着的个体:对黑格尔和迪马斯·马索洛的两种哲学解释","authors":"Á. Bô","doi":"10.25247/p1982-999x.2020.v20n3.p179-205","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste trabalho de culminação da Doutrina do Conceito de Hegel, pretendemos compreender a noção hegeliana de indivíduo vivo e refletir o seu entrosamento com a abordagem de Dimas Masolo no contexto da filosofia africana. Partimos do pressuposto que o indivíduo vivo constitui o primeiro momento da vida, o qual ele se coloca como indiferente frente a uma objetividade que lhe contrapõe como indiferente, na medida em que, simultaneamente, autodetermina-se como conceito, por si e para si, dentro da doutrina do conceito. Ele é o princípio de individuação, que a vida exige que se torne distinto de outras realidades. A vida enquanto conceito relaciona-se consigo mesma e autodetermina-se como singularidade subjetiva, a ideia imediata que é somente a alma universal criadora. Portanto, falar de indivíduo vivo equivale-se a dizer vida, a ideia de vida, uma universalidade. A relação da subjetividade e objetividade está sempre presente no indivíduo vivo. Analogamente à análise anterior, encontramos o muntu (pessoa ou indivíduo), que é resultado da união entre mu + ntu ₌ muntu, um ser concreto constituído de corpo, mente e cultura. “Eu sou porque nós somos” mostra a ideia de relação que o pensamento africano no geral finca como um humanismo da filosofia do nós. Por fim, pretendemos sustentar que a noção de indivíduo vivo em Hegel, assim como a de indivíduo/pessoa em Masolo convergem, na medida em que ambos colocam a comunidade e o Estado como garantias da efetivação do indivíduo, sem violar a sua individualidade, porque a existência dele determina de alguma medida a plenitude do Estado.","PeriodicalId":145419,"journal":{"name":"Revista Ágora Filosófica","volume":"10 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Indivíduo Vivo: Duas Interpretações Filosóficas de Hegel e de Dimas Masolo\",\"authors\":\"Á. Bô\",\"doi\":\"10.25247/p1982-999x.2020.v20n3.p179-205\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Neste trabalho de culminação da Doutrina do Conceito de Hegel, pretendemos compreender a noção hegeliana de indivíduo vivo e refletir o seu entrosamento com a abordagem de Dimas Masolo no contexto da filosofia africana. Partimos do pressuposto que o indivíduo vivo constitui o primeiro momento da vida, o qual ele se coloca como indiferente frente a uma objetividade que lhe contrapõe como indiferente, na medida em que, simultaneamente, autodetermina-se como conceito, por si e para si, dentro da doutrina do conceito. Ele é o princípio de individuação, que a vida exige que se torne distinto de outras realidades. A vida enquanto conceito relaciona-se consigo mesma e autodetermina-se como singularidade subjetiva, a ideia imediata que é somente a alma universal criadora. Portanto, falar de indivíduo vivo equivale-se a dizer vida, a ideia de vida, uma universalidade. A relação da subjetividade e objetividade está sempre presente no indivíduo vivo. Analogamente à análise anterior, encontramos o muntu (pessoa ou indivíduo), que é resultado da união entre mu + ntu ₌ muntu, um ser concreto constituído de corpo, mente e cultura. “Eu sou porque nós somos” mostra a ideia de relação que o pensamento africano no geral finca como um humanismo da filosofia do nós. Por fim, pretendemos sustentar que a noção de indivíduo vivo em Hegel, assim como a de indivíduo/pessoa em Masolo convergem, na medida em que ambos colocam a comunidade e o Estado como garantias da efetivação do indivíduo, sem violar a sua individualidade, porque a existência dele determina de alguma medida a plenitude do Estado.\",\"PeriodicalId\":145419,\"journal\":{\"name\":\"Revista Ágora Filosófica\",\"volume\":\"10 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2020-12-26\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Ágora Filosófica\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2020.v20n3.p179-205\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Ágora Filosófica","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2020.v20n3.p179-205","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Indivíduo Vivo: Duas Interpretações Filosóficas de Hegel e de Dimas Masolo
Neste trabalho de culminação da Doutrina do Conceito de Hegel, pretendemos compreender a noção hegeliana de indivíduo vivo e refletir o seu entrosamento com a abordagem de Dimas Masolo no contexto da filosofia africana. Partimos do pressuposto que o indivíduo vivo constitui o primeiro momento da vida, o qual ele se coloca como indiferente frente a uma objetividade que lhe contrapõe como indiferente, na medida em que, simultaneamente, autodetermina-se como conceito, por si e para si, dentro da doutrina do conceito. Ele é o princípio de individuação, que a vida exige que se torne distinto de outras realidades. A vida enquanto conceito relaciona-se consigo mesma e autodetermina-se como singularidade subjetiva, a ideia imediata que é somente a alma universal criadora. Portanto, falar de indivíduo vivo equivale-se a dizer vida, a ideia de vida, uma universalidade. A relação da subjetividade e objetividade está sempre presente no indivíduo vivo. Analogamente à análise anterior, encontramos o muntu (pessoa ou indivíduo), que é resultado da união entre mu + ntu ₌ muntu, um ser concreto constituído de corpo, mente e cultura. “Eu sou porque nós somos” mostra a ideia de relação que o pensamento africano no geral finca como um humanismo da filosofia do nós. Por fim, pretendemos sustentar que a noção de indivíduo vivo em Hegel, assim como a de indivíduo/pessoa em Masolo convergem, na medida em que ambos colocam a comunidade e o Estado como garantias da efetivação do indivíduo, sem violar a sua individualidade, porque a existência dele determina de alguma medida a plenitude do Estado.