{"title":"去工作吧,混蛋!街头艺术家作品中的偏差和污名化及其组织含义","authors":"A. C. F. Sampaio, M. Bispo","doi":"10.1590/1984-92302022v29n0037pt","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo O nosso objetivo neste artigo é analisar o trabalho dos artistas circenses no semáforo a partir de um olhar sociológico. Diante disso, este texto busca contribuir para o avanço do debate sobre trabalho, indo além da perspectiva psicológica individualista que predomina na área de administração e nos estudos organizacionais. Assumindo o trabalho enquanto uma prática social oriunda de processos organizativos, utilizamos as noções clássicas — derivadas da sociologia — de estigma e desvio e uma posição crítica à racionalidade neoliberal, com o objetivo de contribuir teoricamente para se pensar o trabalho por uma lógica não tradicional. Olhamos para as organizações fora das organizações como, por exemplo, família, a rua e a cidade. A partir de dezoito entrevistas semiestruturadas com artistas, apresentamos como principais resultados que o estigma de vagabundos e sujos e as dificuldades de relacionamento com as famílias são os principais entraves desse tipo de trabalho realizado pelos artistas. Concluímos que a racionalidade neoliberal orientada para o mercado, que se apropria do trabalho das pessoas fazendo da maximização do lucro a própria racionalidade da vida, contribui para que os artistas circenses no semáforo sejam considerados desviantes e estigmatizados, abrindo espaço para um discurso raivoso, promotor de violências e preconceitos. Nesse sentido, é preciso transformar o “vai trabalhar, vagabundo!” em compreensão e respeito ao diferente.","PeriodicalId":206469,"journal":{"name":"Organizações & Sociedade","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Vai Trabalhar, Vagabundo! Desvio e Estigma no Trabalho do Artista de Rua e suas Implicações Organizativas\",\"authors\":\"A. C. F. Sampaio, M. Bispo\",\"doi\":\"10.1590/1984-92302022v29n0037pt\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Resumo O nosso objetivo neste artigo é analisar o trabalho dos artistas circenses no semáforo a partir de um olhar sociológico. Diante disso, este texto busca contribuir para o avanço do debate sobre trabalho, indo além da perspectiva psicológica individualista que predomina na área de administração e nos estudos organizacionais. Assumindo o trabalho enquanto uma prática social oriunda de processos organizativos, utilizamos as noções clássicas — derivadas da sociologia — de estigma e desvio e uma posição crítica à racionalidade neoliberal, com o objetivo de contribuir teoricamente para se pensar o trabalho por uma lógica não tradicional. Olhamos para as organizações fora das organizações como, por exemplo, família, a rua e a cidade. A partir de dezoito entrevistas semiestruturadas com artistas, apresentamos como principais resultados que o estigma de vagabundos e sujos e as dificuldades de relacionamento com as famílias são os principais entraves desse tipo de trabalho realizado pelos artistas. Concluímos que a racionalidade neoliberal orientada para o mercado, que se apropria do trabalho das pessoas fazendo da maximização do lucro a própria racionalidade da vida, contribui para que os artistas circenses no semáforo sejam considerados desviantes e estigmatizados, abrindo espaço para um discurso raivoso, promotor de violências e preconceitos. Nesse sentido, é preciso transformar o “vai trabalhar, vagabundo!” em compreensão e respeito ao diferente.\",\"PeriodicalId\":206469,\"journal\":{\"name\":\"Organizações & Sociedade\",\"volume\":\"23 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2022-12-01\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Organizações & Sociedade\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.1590/1984-92302022v29n0037pt\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Organizações & Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/1984-92302022v29n0037pt","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Vai Trabalhar, Vagabundo! Desvio e Estigma no Trabalho do Artista de Rua e suas Implicações Organizativas
Resumo O nosso objetivo neste artigo é analisar o trabalho dos artistas circenses no semáforo a partir de um olhar sociológico. Diante disso, este texto busca contribuir para o avanço do debate sobre trabalho, indo além da perspectiva psicológica individualista que predomina na área de administração e nos estudos organizacionais. Assumindo o trabalho enquanto uma prática social oriunda de processos organizativos, utilizamos as noções clássicas — derivadas da sociologia — de estigma e desvio e uma posição crítica à racionalidade neoliberal, com o objetivo de contribuir teoricamente para se pensar o trabalho por uma lógica não tradicional. Olhamos para as organizações fora das organizações como, por exemplo, família, a rua e a cidade. A partir de dezoito entrevistas semiestruturadas com artistas, apresentamos como principais resultados que o estigma de vagabundos e sujos e as dificuldades de relacionamento com as famílias são os principais entraves desse tipo de trabalho realizado pelos artistas. Concluímos que a racionalidade neoliberal orientada para o mercado, que se apropria do trabalho das pessoas fazendo da maximização do lucro a própria racionalidade da vida, contribui para que os artistas circenses no semáforo sejam considerados desviantes e estigmatizados, abrindo espaço para um discurso raivoso, promotor de violências e preconceitos. Nesse sentido, é preciso transformar o “vai trabalhar, vagabundo!” em compreensão e respeito ao diferente.