Clodoaldo Meneguello Cardoso
{"title":"RIDH ano 10: direitos humanos e democracia!","authors":"Clodoaldo Meneguello Cardoso","doi":"10.5016/ridh.v11i1.236","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em 10 de dezembro de 2013, o Observatório de Educação em Direitos Humanos, da Unesp, fez o lançamento da Revista Interdisciplinar de Direitos humanos - RIDH, nos formatos online e impresso.\nDe periodicidade semestral, a RIDH veio oferecer um novo espaço para publicação de pesquisas em direitos humanos, com olhar especial nos primeiros programas de pós-graduação interdisciplinares de direitos humanos recém-aprovados, na época, no Brasil.\nA publicação de pesquisas de mestrandos e doutorandos, sempre em coautoria com orientadores, deram o primeiro perfil à RIDH, ampliando-se posteriormente com trabalhos independentes de doutores-pesquisadores.\nDuas diretrizes – forma e contéudo – orientam o foco editorial da RIDH. Quanto à primeira, o diálogo interdisciplinar é a exigência formal de suas publicações, justamente por entender que os direitos humanos apenas se efetivam, quando se alojam transversalmente nas diversas áreas do conhecimento e da ação humana.     \nEm relação ao conteúdo, a RIDH assume como linha editorial o compromisso com a defesa, a promoção dos direitos humanos e o apoio às lutas por novos direitos. Devido à amplitude e à pluralidade de significados, a RIDH acolhe uma visão dinâmica e histórica dos direitos humanos. Essa pressupõe compreendê-los, não como naturais ou sagrados, universalmente a priori, mas como conquistas históricas de determinada classe ou grupo social, no tempo e no espaço, tendo como fundamento ético uma certa concepção da dignidade humana. Já seu caráter universal é um horizonte intencional a posteriori que se amplia a partir do diálogo intercultural, na busca do que há de profundamente humano em cada cultura.\nOs direitos humanos, na visão histórico-social, somente têm possibilidade de efetivação numa democracia, concebida desde a modernidade ocidental como uma sociedade de direitos iguais e não de privilégios. Ou seja, os direitos humanos constituem-se o fundamento ético da política democrática. Essa, assim como os direitos humanos, também está em construção continua, com transformações, avanços e recuos na história.\nEstabeleceu-se historicamente uma relação intrínseca entre democracia e direitos humanos. Em seus primeiros passos a democracia centrou-se no princípio ético da autonomia e liberdade individuais. Daí os direitos humanos civis e políticos de cada indivíduo na democracia liberal. Mais adiante, na história, tomou-se consciência de que não há liberdade e segurança individual num quadro social de miséria e fome. Construíram-se, então os direitos humanos sociais e econômicos da democracia social que busca avançar para uma democracia social participativa. Nessa, a sociedade civil organizada também participaria coletivamente das decisões das políticas públicas, além de seus representantes políticos eleitos.\nO diálogo entre esses dois fundamentos éticos dos direitos humanos para a democracia – o individual e o social – é extremamente difícil, quando se veem como excludentes. Entretanto, o século XXI nos mostra que a interdependência entre os direitos individuais e sociais não é uma questão teórica, mas condição para a sobrevivência da própria humanidade, como já havia anunciado a Conferência de Viena.\nHoje, aos direitos humanos individuais e sociais, soma-se a luta pelos direitos de identidade de grupos e dos povos e os direitos da própria vida planetária. A eminência de uma crise climática global com destruição das florestas, a poluição da água, do ar e de solo ornou-se uma possibilidade real. Coloca-se em cheque o próprio modo de ser da civilização moderna ocidental colonizadora, assentada na razão instrumental e num sistema econômico de exploração da natureza e do outro. Essa realidade exacerba-se mais ainda, quando a inovação tecnológica se coloca a serviço da desinformação e da exclusão do humano, enquanto sujeito.\nHistoricamente a democracia mostrou-se um sistema em permanente crise e transformação. Por isso, as lições do passado e a consciência crítica do presente são suas molas propulsoras para o futuro. Este é o sentido positivo da palavra “crise”, vindo do verbo grego krinein (julgar, decidir). Assim a crise atual é momento de transformação e de fortalecimento da luta pela superação de três obstáculos históricos e estruturais: o machismo, o racismo e a desigualdade social.\nEntretanto, o que vemos hoje no Brasil e em diversos países, não é a crise interna e permanente da democracia; presenciamos verdadeiros atentados contra a existência da própria democracia. Além das já conhecidas ditaduras, institucionalmente explícitas, instalam-se, na conjuntura atual, autocracias fascistas travestidas de democracia (neo)liberal, com eleições e poderes constituídos sem legitimidade. Isso se comprova pela falta de alternância no poder, pela exclusão de camadas populares do acesso aos bens sociais, pelo extermínio dos povos originários e pela destruição das florestas e dos patrimônios culturais comuns.\nÉ hora, pois, da defesa intransigente da democracia e de estarmos abertos para a reconstrução da democracia em novos paradigmas que tragam novas conquistas históricas para a humanização da humanidade. Neste contexto de transformações paradigmáticas, há uma estrela-guia no céu escuro de aparente caos e incertezas: a ética dos direitos humanos. Nela, os valores de liberdade (individual), igualdade (social) e de solidariedade (universal), incluindo a vida planetária e os direitos de identitários de grupos e povos são os princípios pétreos.\nDireitos humanos e democracia, com esses parâmetros, constituem a bússola editorial da RIDH.\n \n*   *   *\n \nA Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos inicia a edição 20, com um dossiê de estudos filosóficos sobre a dignidade humana. É uma contribuição do Grupo de Pesquisa: Filosofia da Dignidade Humana e dos Direitos Humanos, da Universidade Católica de Petrópolis-RJ.\nNa seção Artigos, há contribuições para pensar os direitos humanos em diálogo com diversas outras áreas acadêmicas.\nNa Educação, 2 artigos focalizam a educação em direitos humanos: um voltado para a juventude, outro discutindo a importância da arte nesse processo educacional. A seguir temos 1 texto com reflexões sobre a Comunicação e os direitos humanos. Direito à saúde é o tema do artigo da área da Saúde Pública. Pela História, um trabalho resgata as violações de povos indígenas pela ditadura brasileira.\nSão 4 os enfoques da área do Direito: - a proteção jurídica do direitos dos povos indígenas; - a institucionalidade na efetivação dos direitos humanos; - a pena de morte extrajudicial; e - a escravidão e o tráfico de pessoas no código penal.\nA tortura no Brasil é o estudo vindo das Ciências Sociais. Do diálogo entre Bioética e os direitos humanos vem a reflexão sobre a proteção à vida em tempos biotecnológicos. 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摘要

2013年12月10日,联合国人权教育观察组织(Unesp)在网上和印刷版推出了《跨学科人权杂志》(RIDH)。RIDH每六个月出版一次,为发表人权研究提供了一个新的空间,特别关注当时在巴西新批准的第一个跨学科人权研究生项目。硕士和博士研究的发表,总是与导师共同撰写,给了RIDH的第一个形象,后来扩大了博士研究人员的独立工作。两项指导方针——形式和内容——指导着RIDH的编辑重点。关于第一个问题,跨学科对话是其出版物的正式要求,正是因为它理解人权只有在跨越知识和人类行动的各个领域时才有效。在内容方面,《人权宣言》的编辑方针是致力于捍卫、促进人权和支持争取新权利的斗争。由于意义的广度和多元性,《人权宣言》包含了一种动态的、历史的人权观。它的前提是理解它们,不是自然的或神圣的,普遍的先天的,而是作为特定阶级或社会群体在时间和空间上的历史成就,以某种人类尊严的概念作为伦理基础。它的普遍性是一种有意的后验视野,从跨文化对话中扩展,寻找每一种文化中深刻的人性。从历史和社会的角度来看,人权只有在民主中才有可能实现,而民主是从西方现代性构想出来的,是一个享有平等权利而不是特权的社会。换句话说,人权是民主政治的道德基础。随着历史的变化、进步和倒退,人权也在不断建设中。历史上,民主与人权之间建立了一种内在的关系。在早期,民主以个人自治和自由的伦理原则为中心。因此,在自由民主国家,每个人都有公民和政治人权。后来,在历史上,人们意识到,在贫穷和饥饿的社会框架内,不可能有自由和个人安全。然后建立了社会民主的社会和经济人权,寻求向参与性社会民主迈进。在这种情况下,有组织的民间社会除了其选出的政治代表外,还将集体参与公共政策的决策。民主人权的这两种道德基础- -个人和社会- -之间的对话是极其困难的,因为它们被认为是相互排斥的。然而,二十一世纪向我们表明,正如维也纳会议已经宣布的那样,个人权利和社会权利之间的相互依存不是一个理论问题,而是人类生存的条件。今天,除了个人和社会人权外,我们还为群体和人民的身份权利以及地球生命本身的权利而斗争。森林遭到破坏、水、空气和土壤污染的全球气候危机迫在眉睫,这是一种切实可行的可能性。现代殖民西方文明的存在方式受到了质疑,它建立在工具理性和剥削自然和他人的经济体系之上。当技术创新服务于虚假信息和排斥人类作为主体时,这一现实进一步加剧。从历史上看,民主是一种处于永久危机和变革中的制度。因此,过去的教训和现在的批判意识是未来的动力。这是“危机”一词的积极含义,它来自希腊语动词krinein(判断,决定)。因此,当前的危机是变革和加强斗争的时刻,以克服三个历史和结构性障碍:大男子主义、种族主义和社会不平等。然而,我们今天在巴西和其他几个国家看到的不是民主的内部和永久性危机;我们正在目睹对民主本身存在的真正攻击。除了众所周知的制度上明确的独裁之外,在目前的情况下,法西斯独裁伪装成(新)自由民主,选举和权力没有合法性。这可以从缺乏权力交替、将基层阶层排除在获得社会产品的机会之外、土著人民的灭绝以及森林和共同文化遗产的破坏中看出。 2013年12月10日,联合国人权教育观察组织(Unesp)在网上和印刷版推出了《跨学科人权杂志》(RIDH)。RIDH每六个月出版一次,为发表人权研究提供了一个新的空间,特别关注当时在巴西新批准的第一个跨学科人权研究生项目。硕士和博士研究的发表,总是与导师共同撰写,给了RIDH的第一个形象,后来扩大了博士研究人员的独立工作。两项指导方针——形式和内容——指导着RIDH的编辑重点。关于第一个问题,跨学科对话是其出版物的正式要求,正是因为它理解人权只有在跨越知识和人类行动的各个领域时才有效。在内容方面,《人权宣言》的编辑方针是致力于捍卫、促进人权和支持争取新权利的斗争。由于意义的广度和多元性,《人权宣言》包含了一种动态的、历史的人权观。它的前提是理解它们,不是自然的或神圣的,普遍的先天的,而是作为特定阶级或社会群体在时间和空间上的历史成就,以某种人类尊严的概念作为伦理基础。它的普遍性是一种有意的后验视野,从跨文化对话中扩展,寻找每一种文化中深刻的人性。从历史和社会的角度来看,人权只有在民主中才有可能实现,而民主是从西方现代性构想出来的,是一个享有平等权利而不是特权的社会。换句话说,人权是民主政治的道德基础。随着历史的变化、进步和倒退,人权也在不断建设中。历史上,民主与人权之间建立了一种内在的关系。在早期,民主以个人自治和自由的伦理原则为中心。因此,在自由民主国家,每个人都有公民和政治人权。后来,在历史上,人们意识到,在贫穷和饥饿的社会框架内,不可能有自由和个人安全。然后建立了社会民主的社会和经济人权,寻求向参与性社会民主迈进。在这种情况下,有组织的民间社会除了其选出的政治代表外,还将集体参与公共政策的决策。民主人权的这两种道德基础- -个人和社会- -之间的对话是极其困难的,因为它们被认为是相互排斥的。然而,二十一世纪向我们表明,正如维也纳会议已经宣布的那样,个人权利和社会权利之间的相互依存不是一个理论问题,而是人类生存的条件。今天,除了个人和社会人权外,我们还为群体和人民的身份权利以及地球生命本身的权利而斗争。森林遭到破坏、水、空气和土壤污染的全球气候危机迫在眉睫,这是一种切实可行的可能性。现代殖民西方文明的存在方式受到了质疑,它建立在工具理性和剥削自然和他人的经济体系之上。当技术创新服务于虚假信息和排斥人类作为主体时,这一现实进一步加剧。从历史上看,民主是一种处于永久危机和变革中的制度。因此,过去的教训和现在的批判意识是未来的动力。这是“危机”一词的积极含义,它来自希腊语动词krinein(判断,决定)。因此,当前的危机是变革和加强斗争的时刻,以克服三个历史和结构性障碍:大男子主义、种族主义和社会不平等。然而,我们今天在巴西和其他几个国家看到的不是民主的内部和永久性危机;我们正在目睹对民主本身存在的真正攻击。除了众所周知的制度上明确的独裁之外,在目前的情况下,法西斯独裁伪装成(新)自由民主,选举和权力没有合法性。这可以从缺乏权力交替、将基层阶层排除在获得社会产品的机会之外、土著人民的灭绝以及森林和共同文化遗产的破坏中看出。 因此,现在应该毫不妥协地捍卫民主,并开放以新的模式重建民主,为人类的人性化带来新的历史成就。在这种范式转变的背景下,在明显混乱和不确定的黑暗天空中有一颗指路星:人权伦理。在这里,自由(个人)、平等(社会)和团结(普遍)的价值,包括地球生命和群体和人民的身份权利,是坚实的原则。人权和民主,以及这些参数,构成了RIDH的编辑指南针。* * *《跨学科人权杂志》第20期以一份关于人类尊严的哲学研究档案开始。这是petropolis -RJ天主教大学人类尊严和人权哲学研究小组的贡献。在文章部分,有与其他几个学术领域对话思考人权的贡献。在教育方面,有两篇文章侧重于人权教育:一篇针对青年,另一篇讨论艺术在教育过程中的重要性。以下是一篇关于传播和人权的文章。健康权是公共卫生领域文章的主题。从历史上看,有一部作品拯救了巴西独裁政权对土著人民的侵犯。法律领域有四种办法:-对土著人民权利的法律保护;-实现人权的体制;-法外死刑;e -《刑法》中的奴隶制和人口贩运。巴西的酷刑是来自社会科学的研究。生物伦理学与人权的对话产生了对生物技术时代生命保护的反思。最后,RIDH 20提出了一项关于公司人权的行政领域的研究,作为联邦一级的公共政策。良好的阅读。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
RIDH ano 10: direitos humanos e democracia!
Em 10 de dezembro de 2013, o Observatório de Educação em Direitos Humanos, da Unesp, fez o lançamento da Revista Interdisciplinar de Direitos humanos - RIDH, nos formatos online e impresso. De periodicidade semestral, a RIDH veio oferecer um novo espaço para publicação de pesquisas em direitos humanos, com olhar especial nos primeiros programas de pós-graduação interdisciplinares de direitos humanos recém-aprovados, na época, no Brasil. A publicação de pesquisas de mestrandos e doutorandos, sempre em coautoria com orientadores, deram o primeiro perfil à RIDH, ampliando-se posteriormente com trabalhos independentes de doutores-pesquisadores. Duas diretrizes – forma e contéudo – orientam o foco editorial da RIDH. Quanto à primeira, o diálogo interdisciplinar é a exigência formal de suas publicações, justamente por entender que os direitos humanos apenas se efetivam, quando se alojam transversalmente nas diversas áreas do conhecimento e da ação humana.      Em relação ao conteúdo, a RIDH assume como linha editorial o compromisso com a defesa, a promoção dos direitos humanos e o apoio às lutas por novos direitos. Devido à amplitude e à pluralidade de significados, a RIDH acolhe uma visão dinâmica e histórica dos direitos humanos. Essa pressupõe compreendê-los, não como naturais ou sagrados, universalmente a priori, mas como conquistas históricas de determinada classe ou grupo social, no tempo e no espaço, tendo como fundamento ético uma certa concepção da dignidade humana. Já seu caráter universal é um horizonte intencional a posteriori que se amplia a partir do diálogo intercultural, na busca do que há de profundamente humano em cada cultura. Os direitos humanos, na visão histórico-social, somente têm possibilidade de efetivação numa democracia, concebida desde a modernidade ocidental como uma sociedade de direitos iguais e não de privilégios. Ou seja, os direitos humanos constituem-se o fundamento ético da política democrática. Essa, assim como os direitos humanos, também está em construção continua, com transformações, avanços e recuos na história. Estabeleceu-se historicamente uma relação intrínseca entre democracia e direitos humanos. Em seus primeiros passos a democracia centrou-se no princípio ético da autonomia e liberdade individuais. Daí os direitos humanos civis e políticos de cada indivíduo na democracia liberal. Mais adiante, na história, tomou-se consciência de que não há liberdade e segurança individual num quadro social de miséria e fome. Construíram-se, então os direitos humanos sociais e econômicos da democracia social que busca avançar para uma democracia social participativa. Nessa, a sociedade civil organizada também participaria coletivamente das decisões das políticas públicas, além de seus representantes políticos eleitos. O diálogo entre esses dois fundamentos éticos dos direitos humanos para a democracia – o individual e o social – é extremamente difícil, quando se veem como excludentes. Entretanto, o século XXI nos mostra que a interdependência entre os direitos individuais e sociais não é uma questão teórica, mas condição para a sobrevivência da própria humanidade, como já havia anunciado a Conferência de Viena. Hoje, aos direitos humanos individuais e sociais, soma-se a luta pelos direitos de identidade de grupos e dos povos e os direitos da própria vida planetária. A eminência de uma crise climática global com destruição das florestas, a poluição da água, do ar e de solo ornou-se uma possibilidade real. Coloca-se em cheque o próprio modo de ser da civilização moderna ocidental colonizadora, assentada na razão instrumental e num sistema econômico de exploração da natureza e do outro. Essa realidade exacerba-se mais ainda, quando a inovação tecnológica se coloca a serviço da desinformação e da exclusão do humano, enquanto sujeito. Historicamente a democracia mostrou-se um sistema em permanente crise e transformação. Por isso, as lições do passado e a consciência crítica do presente são suas molas propulsoras para o futuro. Este é o sentido positivo da palavra “crise”, vindo do verbo grego krinein (julgar, decidir). Assim a crise atual é momento de transformação e de fortalecimento da luta pela superação de três obstáculos históricos e estruturais: o machismo, o racismo e a desigualdade social. Entretanto, o que vemos hoje no Brasil e em diversos países, não é a crise interna e permanente da democracia; presenciamos verdadeiros atentados contra a existência da própria democracia. Além das já conhecidas ditaduras, institucionalmente explícitas, instalam-se, na conjuntura atual, autocracias fascistas travestidas de democracia (neo)liberal, com eleições e poderes constituídos sem legitimidade. Isso se comprova pela falta de alternância no poder, pela exclusão de camadas populares do acesso aos bens sociais, pelo extermínio dos povos originários e pela destruição das florestas e dos patrimônios culturais comuns. É hora, pois, da defesa intransigente da democracia e de estarmos abertos para a reconstrução da democracia em novos paradigmas que tragam novas conquistas históricas para a humanização da humanidade. Neste contexto de transformações paradigmáticas, há uma estrela-guia no céu escuro de aparente caos e incertezas: a ética dos direitos humanos. Nela, os valores de liberdade (individual), igualdade (social) e de solidariedade (universal), incluindo a vida planetária e os direitos de identitários de grupos e povos são os princípios pétreos. Direitos humanos e democracia, com esses parâmetros, constituem a bússola editorial da RIDH.   *   *   *   A Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos inicia a edição 20, com um dossiê de estudos filosóficos sobre a dignidade humana. É uma contribuição do Grupo de Pesquisa: Filosofia da Dignidade Humana e dos Direitos Humanos, da Universidade Católica de Petrópolis-RJ. Na seção Artigos, há contribuições para pensar os direitos humanos em diálogo com diversas outras áreas acadêmicas. Na Educação, 2 artigos focalizam a educação em direitos humanos: um voltado para a juventude, outro discutindo a importância da arte nesse processo educacional. A seguir temos 1 texto com reflexões sobre a Comunicação e os direitos humanos. Direito à saúde é o tema do artigo da área da Saúde Pública. Pela História, um trabalho resgata as violações de povos indígenas pela ditadura brasileira. São 4 os enfoques da área do Direito: - a proteção jurídica do direitos dos povos indígenas; - a institucionalidade na efetivação dos direitos humanos; - a pena de morte extrajudicial; e - a escravidão e o tráfico de pessoas no código penal. A tortura no Brasil é o estudo vindo das Ciências Sociais. Do diálogo entre Bioética e os direitos humanos vem a reflexão sobre a proteção à vida em tempos biotecnológicos. A RIDH 20, enfim, apresenta um estudo da área de Administração sobre direitos humanos para empresa, como a política pública na esfera federal. Boa Leitura!  
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