{"title":"无形的边界:他者和散漫的地方","authors":"Joana Sampaio Primo, Miriam Debieux Rosa","doi":"10.29327/211038.1.1-2","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Algumas escolas publicas da cidade de Sao Paulo vem se deparando com problemas na escolarizacao de criancas imigrantes, seja pela barreira linguistica, seja pela convivencia com culturas distintas. Entendemos que esta convivencia possa ser entendida como uma zona de fronteira, isto e, a delimitacao nem sempre clara de pertencimentos e nao pertencimentos. Dentre os problemas descritos, a escolarizacao de criancas imigrantes na cidade de Sao Paulo pode ser caracterizada, sobretudo, por um duplo movimento: evidencia-se pela grande quantidade de queixas escolares e encaminhamentos para processos diagnosticos psicopatologicos e surpreende pelo silenciamento na identificacao do problema como algo que diz da condicao de ser imigrante. Neste trabalho, baseamo-nos na conceitualizacao das praticas psicanaliticas clinico-politicas , tal como elaborado por Miriam Debieux Rosa (2016), como uma estrategia de investigacao da condicao migrante colocada pelas criancas estrangeiras - de primeira ou segunda geracao - no convivio em escolas regulares. Pretendemos, mesmo que como um exercicio, colocar-nos a prova do presente, isto e, ter como principio realizar um trabalho que se coloque no limite de nos (FOUCAULT, 2000) e que, por isso, situe-se na fronteira entre uma analise historica das condicoes de possibilidade do fortalecimento de determinados discursos e suas materializacoes nas praticas cotidianas. A partir dessas breves consideracoes, partimos para aquilo que pretendemos desenvolver neste artigo, a saber, uma analise de tres fragmentos , recolhidos ao longo dos anos nas escolas que temos sistematicamente acompanhando, com o objetivo de depreender deles as posicoes que o outro imigrante tem ocupado em algumas unidades escolares da cidade de Sao Paulo, no intuito de discutir as versoes discursivas da alteridade (DUSCHATZKY; SKLIAR, 2011), producoes que na maioria das vezes criam fronteiras.","PeriodicalId":168518,"journal":{"name":"Revista Culturas & Fronteiras","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-09-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"3","resultStr":"{\"title\":\"Fronteiras invisíveis: alteridade e lugares discursivos\",\"authors\":\"Joana Sampaio Primo, Miriam Debieux Rosa\",\"doi\":\"10.29327/211038.1.1-2\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Algumas escolas publicas da cidade de Sao Paulo vem se deparando com problemas na escolarizacao de criancas imigrantes, seja pela barreira linguistica, seja pela convivencia com culturas distintas. Entendemos que esta convivencia possa ser entendida como uma zona de fronteira, isto e, a delimitacao nem sempre clara de pertencimentos e nao pertencimentos. Dentre os problemas descritos, a escolarizacao de criancas imigrantes na cidade de Sao Paulo pode ser caracterizada, sobretudo, por um duplo movimento: evidencia-se pela grande quantidade de queixas escolares e encaminhamentos para processos diagnosticos psicopatologicos e surpreende pelo silenciamento na identificacao do problema como algo que diz da condicao de ser imigrante. Neste trabalho, baseamo-nos na conceitualizacao das praticas psicanaliticas clinico-politicas , tal como elaborado por Miriam Debieux Rosa (2016), como uma estrategia de investigacao da condicao migrante colocada pelas criancas estrangeiras - de primeira ou segunda geracao - no convivio em escolas regulares. Pretendemos, mesmo que como um exercicio, colocar-nos a prova do presente, isto e, ter como principio realizar um trabalho que se coloque no limite de nos (FOUCAULT, 2000) e que, por isso, situe-se na fronteira entre uma analise historica das condicoes de possibilidade do fortalecimento de determinados discursos e suas materializacoes nas praticas cotidianas. A partir dessas breves consideracoes, partimos para aquilo que pretendemos desenvolver neste artigo, a saber, uma analise de tres fragmentos , recolhidos ao longo dos anos nas escolas que temos sistematicamente acompanhando, com o objetivo de depreender deles as posicoes que o outro imigrante tem ocupado em algumas unidades escolares da cidade de Sao Paulo, no intuito de discutir as versoes discursivas da alteridade (DUSCHATZKY; SKLIAR, 2011), producoes que na maioria das vezes criam fronteiras.\",\"PeriodicalId\":168518,\"journal\":{\"name\":\"Revista Culturas & Fronteiras\",\"volume\":\"1 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2019-09-14\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"3\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Culturas & Fronteiras\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.29327/211038.1.1-2\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Culturas & Fronteiras","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.29327/211038.1.1-2","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Fronteiras invisíveis: alteridade e lugares discursivos
Algumas escolas publicas da cidade de Sao Paulo vem se deparando com problemas na escolarizacao de criancas imigrantes, seja pela barreira linguistica, seja pela convivencia com culturas distintas. Entendemos que esta convivencia possa ser entendida como uma zona de fronteira, isto e, a delimitacao nem sempre clara de pertencimentos e nao pertencimentos. Dentre os problemas descritos, a escolarizacao de criancas imigrantes na cidade de Sao Paulo pode ser caracterizada, sobretudo, por um duplo movimento: evidencia-se pela grande quantidade de queixas escolares e encaminhamentos para processos diagnosticos psicopatologicos e surpreende pelo silenciamento na identificacao do problema como algo que diz da condicao de ser imigrante. Neste trabalho, baseamo-nos na conceitualizacao das praticas psicanaliticas clinico-politicas , tal como elaborado por Miriam Debieux Rosa (2016), como uma estrategia de investigacao da condicao migrante colocada pelas criancas estrangeiras - de primeira ou segunda geracao - no convivio em escolas regulares. Pretendemos, mesmo que como um exercicio, colocar-nos a prova do presente, isto e, ter como principio realizar um trabalho que se coloque no limite de nos (FOUCAULT, 2000) e que, por isso, situe-se na fronteira entre uma analise historica das condicoes de possibilidade do fortalecimento de determinados discursos e suas materializacoes nas praticas cotidianas. A partir dessas breves consideracoes, partimos para aquilo que pretendemos desenvolver neste artigo, a saber, uma analise de tres fragmentos , recolhidos ao longo dos anos nas escolas que temos sistematicamente acompanhando, com o objetivo de depreender deles as posicoes que o outro imigrante tem ocupado em algumas unidades escolares da cidade de Sao Paulo, no intuito de discutir as versoes discursivas da alteridade (DUSCHATZKY; SKLIAR, 2011), producoes que na maioria das vezes criam fronteiras.