{"title":"债务再融资只不过是推迟问题","authors":"J. M. Conti","doi":"10.5151/9788580393149-67","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A situação dos Estadosmembros de nossa federação em um cenário de forte crise fiscal e recessão como essa que vivemos é realmente difícil e complexa. Isto porque nos entes federados predominam as despesas de custeio, em geral de natureza obrigatória, sendo pequena a margem que permite redução. E boa parte das receitas vem de transferências constitucionais, muitas delas oriundas de impostos federais, como o IR e o IPI, que compõem as receitas do Fundo de Parti cipação dos Estados e Distrito Federal, o FPM. Outra parte significativa vem do ICMS, cuja arrecadação guarda estreita relação com a atividade econômica, redu zindose quando esta é baixa, como ocorre agora. Sendo assim, vêse que os Esta dos têm suas receitas diretamente relacionadas a atos que dependem de ação do governo central, e, em situações como a atual, em que a crise é em boa parte decor rente da má gestão das contas públicas e condução desastrada da política econômi ca por parte do governo federal, quem sai prejudicado são os Estados. Ficam, por conseguinte, à mercê de atos sobre os quais não têm ingerência, e veemse compelidos a administrar o orçamento sem alternativas que possam resol ver satisfatoriamente os problemas. Ainda que os governadores consigam melhorar a gestão em seus Estados, os efeitos esperados nem sempre são de curto prazo e não produzem resultados imediatos, além de serem bastante limitados. Está em discussão, em fase avançada, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar 257/2016, que estabelece o “Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal”, com uma série de medidas voltadas ao “estímulo ao reequilíbrio fiscal”, focadas principalmente no refinanciamento das suas dívidas.","PeriodicalId":338694,"journal":{"name":"Levando o Direito financeiro a Sério - A luta Continua 3ª edição","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-04-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Refinanciar dívidas nada mais é do que postergar problemas\",\"authors\":\"J. M. Conti\",\"doi\":\"10.5151/9788580393149-67\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A situação dos Estadosmembros de nossa federação em um cenário de forte crise fiscal e recessão como essa que vivemos é realmente difícil e complexa. Isto porque nos entes federados predominam as despesas de custeio, em geral de natureza obrigatória, sendo pequena a margem que permite redução. E boa parte das receitas vem de transferências constitucionais, muitas delas oriundas de impostos federais, como o IR e o IPI, que compõem as receitas do Fundo de Parti cipação dos Estados e Distrito Federal, o FPM. Outra parte significativa vem do ICMS, cuja arrecadação guarda estreita relação com a atividade econômica, redu zindose quando esta é baixa, como ocorre agora. Sendo assim, vêse que os Esta dos têm suas receitas diretamente relacionadas a atos que dependem de ação do governo central, e, em situações como a atual, em que a crise é em boa parte decor rente da má gestão das contas públicas e condução desastrada da política econômi ca por parte do governo federal, quem sai prejudicado são os Estados. Ficam, por conseguinte, à mercê de atos sobre os quais não têm ingerência, e veemse compelidos a administrar o orçamento sem alternativas que possam resol ver satisfatoriamente os problemas. Ainda que os governadores consigam melhorar a gestão em seus Estados, os efeitos esperados nem sempre são de curto prazo e não produzem resultados imediatos, além de serem bastante limitados. Está em discussão, em fase avançada, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar 257/2016, que estabelece o “Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal”, com uma série de medidas voltadas ao “estímulo ao reequilíbrio fiscal”, focadas principalmente no refinanciamento das suas dívidas.\",\"PeriodicalId\":338694,\"journal\":{\"name\":\"Levando o Direito financeiro a Sério - A luta Continua 3ª edição\",\"volume\":\"1 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2018-04-20\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Levando o Direito financeiro a Sério - A luta Continua 3ª edição\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.5151/9788580393149-67\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Levando o Direito financeiro a Sério - A luta Continua 3ª edição","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5151/9788580393149-67","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Refinanciar dívidas nada mais é do que postergar problemas
A situação dos Estadosmembros de nossa federação em um cenário de forte crise fiscal e recessão como essa que vivemos é realmente difícil e complexa. Isto porque nos entes federados predominam as despesas de custeio, em geral de natureza obrigatória, sendo pequena a margem que permite redução. E boa parte das receitas vem de transferências constitucionais, muitas delas oriundas de impostos federais, como o IR e o IPI, que compõem as receitas do Fundo de Parti cipação dos Estados e Distrito Federal, o FPM. Outra parte significativa vem do ICMS, cuja arrecadação guarda estreita relação com a atividade econômica, redu zindose quando esta é baixa, como ocorre agora. Sendo assim, vêse que os Esta dos têm suas receitas diretamente relacionadas a atos que dependem de ação do governo central, e, em situações como a atual, em que a crise é em boa parte decor rente da má gestão das contas públicas e condução desastrada da política econômi ca por parte do governo federal, quem sai prejudicado são os Estados. Ficam, por conseguinte, à mercê de atos sobre os quais não têm ingerência, e veemse compelidos a administrar o orçamento sem alternativas que possam resol ver satisfatoriamente os problemas. Ainda que os governadores consigam melhorar a gestão em seus Estados, os efeitos esperados nem sempre são de curto prazo e não produzem resultados imediatos, além de serem bastante limitados. Está em discussão, em fase avançada, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar 257/2016, que estabelece o “Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal”, com uma série de medidas voltadas ao “estímulo ao reequilíbrio fiscal”, focadas principalmente no refinanciamento das suas dívidas.