{"title":"阿道夫·冯·希尔德布兰德,维克多·布雷切雷特和远处的图像","authors":"E. Pinheiro","doi":"10.20396/eha.vi14.3407","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Ao conceber um monumento sobre as Bandeiras, Victor Brecheret (1894-1955) fugiu à caracterização prosaica dos personagens, que dominava as representações do tema na produção escultórica paulistana desde a década de 1910, em sua maioria dedicada à homenagem de figuras históricas específicas por meio da escultura retratística. A invenção de Brecheret, pelas circunstâncias do projeto, deveria de fato assumir um caráter mais grandioso e não se ater a uma única figura. A representação de diversas personagens históricas poderia ser um aspecto complicador, caso se desejasse reuni-las em torno de um momento histórico coerente. A solução foi a representação das Bandeiras não como episódio específico, mas como processo histórico formador de uma identidade, e assim dotado de um confesso caráter alegórico. Se noutros trabalhos do artista no mesmo período é visível uma intensa experimentação formal tendente ora à simplificação e geometrização das formas, ora a uma reverberação expressiva no tratamento das superfícies, na primeira maquete para o Monumento (1920), cujo assunto era de grande de interesse ao poder público, embora tais experimentações emerjam, o artista deixa clara a necessidade de atender às expectativas do tema, fator que possivelmente restringia o nível de abstração do qual considerava conveniente dispor. Identificado como a promessa da escultura moderna brasileira, Brecheret fôra escolhido pelos intelectuais modernistas para dar forma ao monumento paulista. Pensado para as comemorações do Centenário da Independência, efeméride que incentivou a proliferação de outras figuras de bandeirantes pela cidade, o primeiro projeto de Brecheret para uma obra de grandes proporções estava entremeado nas convenções da escultura monumental do período (fig. 01). 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Adolf von Hildebrand, Victor Brecheret e a imagem a distância
Ao conceber um monumento sobre as Bandeiras, Victor Brecheret (1894-1955) fugiu à caracterização prosaica dos personagens, que dominava as representações do tema na produção escultórica paulistana desde a década de 1910, em sua maioria dedicada à homenagem de figuras históricas específicas por meio da escultura retratística. A invenção de Brecheret, pelas circunstâncias do projeto, deveria de fato assumir um caráter mais grandioso e não se ater a uma única figura. A representação de diversas personagens históricas poderia ser um aspecto complicador, caso se desejasse reuni-las em torno de um momento histórico coerente. A solução foi a representação das Bandeiras não como episódio específico, mas como processo histórico formador de uma identidade, e assim dotado de um confesso caráter alegórico. Se noutros trabalhos do artista no mesmo período é visível uma intensa experimentação formal tendente ora à simplificação e geometrização das formas, ora a uma reverberação expressiva no tratamento das superfícies, na primeira maquete para o Monumento (1920), cujo assunto era de grande de interesse ao poder público, embora tais experimentações emerjam, o artista deixa clara a necessidade de atender às expectativas do tema, fator que possivelmente restringia o nível de abstração do qual considerava conveniente dispor. Identificado como a promessa da escultura moderna brasileira, Brecheret fôra escolhido pelos intelectuais modernistas para dar forma ao monumento paulista. Pensado para as comemorações do Centenário da Independência, efeméride que incentivou a proliferação de outras figuras de bandeirantes pela cidade, o primeiro projeto de Brecheret para uma obra de grandes proporções estava entremeado nas convenções da escultura monumental do período (fig. 01). Uma grande arquitetura comunicante, de um geometrismo art dèco, separava as figuras dos sertanistas do espaço do mundo real. O frêmito no tratamento da superfície reverberava o entusiasmo pela escultura do