Thayane Fraga de Paula, Ana Luísa Borba Gediel, Mylene Mayara Santos Dias
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A partir do desenvolvimento de um estudo etnografico, utilizando recursos como caderno de campo, etnografia virtual e entrevistas, foi possivel adentrar no cotidiano das mulheres Surdas e identificar 6 agentes, com idade entre 25 e 43 anos, usuarias da LIBRAS e que frequentam as unidades de saude, mas nao estao cadastradas nas ESFs. Para o desenvolvimento do estudo obtivemos recursos via FAPEMIG e CNPq. Segundo os dados obtidos pela pesquisa, percebemos a baixa utilizacao das unidades de saude para questoes relativas a sexualidade e reproducao. Em contra partida, o uso de tecnologias de informacao e comunicacao foi evidenciado como agency , ou seja, tais mulheres usufruem das Tecnologias de Informacao e Comunicacao – TICs – para buscar entendimento acerca do proprio corpo e sua sexualidade. Outro aspecto a ser destacado e a autonomia das mulheres surdas em relacao as questoes que envolvem a surdez e sua cultura, com a enfase na LIBRAS e na identificacao de ser Surda de forma positiva, contrapondo-se a deficiencia. Ademais, foram constatadas situacoes de violencia de genero. O acompanhamento familiar mostrou-se de modo tutelar (quando as Surdas apresentam pouca agencia sobre sua saude sexual) ou no sentido de interpretacao (no caso em que a filha ouvinte faz a traducao para a mae Surda). A saude das mulheres Surdas por vezes e prejudicada devido a fatores como barreira linguistica, despreparo profissional, tutela e infantilizacao pelas instituicoes familias e, ate mesmo, religiosas, o que interfere tambem no agenciamento que essas mulheres tem sobre seu proprio corpo. A partir desse conjunto de questoes averiguadas, entendemos a importância da visibilidade e reconhecimento da necessidade de melhoria das condicoes de vida e saude de uma parcela de mulheres, envolvendo a integralidade da saude e a incorporacao de novos segmentos populacionais ao atendimento da Politica Nacional de Atencao Integral a Saude da Mulher.","PeriodicalId":378003,"journal":{"name":"JMPHC. 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Mulheres Surdas e o acesso às informações acerca da Saúde
O presente trabalho envolve as tematicas de inclusao e vulnerabilidade social, com o foco nas Mulheres Surdas de classe popular e sua relacao com os principios de igualdade, de respeito a diversidade e de autonomia, inscritos nos principios da Politica Nacional para as Mulheres. Para tanto, realizamos uma pesquisa em uma cidade da Zona da Mata Mineira, durante os anos de 2013 a 2015, com o objetivo de entender como as Mulheres Surdas fluentes em Lingua Brasileira de Sinais - LIBRAS, que nao estao cadastradas nas Estrategias de Saude da Familia (ESFs), adquirem informacoes acerca de sua saude. Para ponderar tais informacoes, tomamos por base o II Plano Nacional de Politicas para as Mulheres e as diretrizes do Sistema Unico de Saude, no que tange ao exercicio dos direitos sexuais e reprodutivos. A partir do desenvolvimento de um estudo etnografico, utilizando recursos como caderno de campo, etnografia virtual e entrevistas, foi possivel adentrar no cotidiano das mulheres Surdas e identificar 6 agentes, com idade entre 25 e 43 anos, usuarias da LIBRAS e que frequentam as unidades de saude, mas nao estao cadastradas nas ESFs. Para o desenvolvimento do estudo obtivemos recursos via FAPEMIG e CNPq. Segundo os dados obtidos pela pesquisa, percebemos a baixa utilizacao das unidades de saude para questoes relativas a sexualidade e reproducao. Em contra partida, o uso de tecnologias de informacao e comunicacao foi evidenciado como agency , ou seja, tais mulheres usufruem das Tecnologias de Informacao e Comunicacao – TICs – para buscar entendimento acerca do proprio corpo e sua sexualidade. Outro aspecto a ser destacado e a autonomia das mulheres surdas em relacao as questoes que envolvem a surdez e sua cultura, com a enfase na LIBRAS e na identificacao de ser Surda de forma positiva, contrapondo-se a deficiencia. Ademais, foram constatadas situacoes de violencia de genero. O acompanhamento familiar mostrou-se de modo tutelar (quando as Surdas apresentam pouca agencia sobre sua saude sexual) ou no sentido de interpretacao (no caso em que a filha ouvinte faz a traducao para a mae Surda). A saude das mulheres Surdas por vezes e prejudicada devido a fatores como barreira linguistica, despreparo profissional, tutela e infantilizacao pelas instituicoes familias e, ate mesmo, religiosas, o que interfere tambem no agenciamento que essas mulheres tem sobre seu proprio corpo. A partir desse conjunto de questoes averiguadas, entendemos a importância da visibilidade e reconhecimento da necessidade de melhoria das condicoes de vida e saude de uma parcela de mulheres, envolvendo a integralidade da saude e a incorporacao de novos segmentos populacionais ao atendimento da Politica Nacional de Atencao Integral a Saude da Mulher.