{"title":"性别歧视阴影下的理性:塞内加思想中的女性","authors":"Taynam Santos Luz Bueno","doi":"10.11606/issn.1517-0128.v39i2p177-189","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo será abordada a ambígua e, por vezes, contraditória representação das mulheres no pensamento do filósofo estoico Sêneca. Com isso, pretende-se demonstrar que a construção da postura misógina no âmbito da filosofia se dá, primeiramente, desde a antiguidade e, muitas vezes, de modo conflituoso com os próprios pressupostos e princípios professados pelas diversas correntes de pensamento. No caso específico deste texto, pretendemos demonstrar como Sêneca, declarado filósofo estoico, apresenta o gênero feminino de modo pejorativo e, como veremos, com discutível respaldo no conjunto dos princípios da filosofia do pórtico. Ao acompanhar as reflexões do pensador romano sobre o gênero feminino percebemos que há uma dupla apresentação das mulheres. Em algumas passagens, o filósofo as expõe como virtuosas e, portanto, dignas da atividade filosófica e da realização de ações corretas. Por outro lado, e na maior parte das vezes, o autor latino confere ao gênero feminino características que indicam limitações e podem prejudicar seu comportamento ético, mitigando assim o exercício pleno de sua racionalidade. Por muitas vezes, vemos Sêneca associar aos adjetivos femininos falhas morais e deficiências de caráter, ao passo que, aos adjetivos masculinos, o filósofo creditará ações virtuosas e ligadas à racionalidade. No entanto, como compreender tal ambiguidade em relação ao gênero feminino se, por princípio, o pensamento estoico afirma que a potencialidade de realização de ações virtuosas é garantida à humanidade, graças a sua participação na razão universal?","PeriodicalId":175674,"journal":{"name":"Cadernos de Ética e Filosofia Política","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Razão à sombra do sexismo: o feminino no pensamento de Sêneca\",\"authors\":\"Taynam Santos Luz Bueno\",\"doi\":\"10.11606/issn.1517-0128.v39i2p177-189\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Neste artigo será abordada a ambígua e, por vezes, contraditória representação das mulheres no pensamento do filósofo estoico Sêneca. Com isso, pretende-se demonstrar que a construção da postura misógina no âmbito da filosofia se dá, primeiramente, desde a antiguidade e, muitas vezes, de modo conflituoso com os próprios pressupostos e princípios professados pelas diversas correntes de pensamento. No caso específico deste texto, pretendemos demonstrar como Sêneca, declarado filósofo estoico, apresenta o gênero feminino de modo pejorativo e, como veremos, com discutível respaldo no conjunto dos princípios da filosofia do pórtico. Ao acompanhar as reflexões do pensador romano sobre o gênero feminino percebemos que há uma dupla apresentação das mulheres. Em algumas passagens, o filósofo as expõe como virtuosas e, portanto, dignas da atividade filosófica e da realização de ações corretas. Por outro lado, e na maior parte das vezes, o autor latino confere ao gênero feminino características que indicam limitações e podem prejudicar seu comportamento ético, mitigando assim o exercício pleno de sua racionalidade. Por muitas vezes, vemos Sêneca associar aos adjetivos femininos falhas morais e deficiências de caráter, ao passo que, aos adjetivos masculinos, o filósofo creditará ações virtuosas e ligadas à racionalidade. No entanto, como compreender tal ambiguidade em relação ao gênero feminino se, por princípio, o pensamento estoico afirma que a potencialidade de realização de ações virtuosas é garantida à humanidade, graças a sua participação na razão universal?\",\"PeriodicalId\":175674,\"journal\":{\"name\":\"Cadernos de Ética e Filosofia Política\",\"volume\":\"12 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-12-21\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Cadernos de Ética e Filosofia Política\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p177-189\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos de Ética e Filosofia Política","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p177-189","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Razão à sombra do sexismo: o feminino no pensamento de Sêneca
Neste artigo será abordada a ambígua e, por vezes, contraditória representação das mulheres no pensamento do filósofo estoico Sêneca. Com isso, pretende-se demonstrar que a construção da postura misógina no âmbito da filosofia se dá, primeiramente, desde a antiguidade e, muitas vezes, de modo conflituoso com os próprios pressupostos e princípios professados pelas diversas correntes de pensamento. No caso específico deste texto, pretendemos demonstrar como Sêneca, declarado filósofo estoico, apresenta o gênero feminino de modo pejorativo e, como veremos, com discutível respaldo no conjunto dos princípios da filosofia do pórtico. Ao acompanhar as reflexões do pensador romano sobre o gênero feminino percebemos que há uma dupla apresentação das mulheres. Em algumas passagens, o filósofo as expõe como virtuosas e, portanto, dignas da atividade filosófica e da realização de ações corretas. Por outro lado, e na maior parte das vezes, o autor latino confere ao gênero feminino características que indicam limitações e podem prejudicar seu comportamento ético, mitigando assim o exercício pleno de sua racionalidade. Por muitas vezes, vemos Sêneca associar aos adjetivos femininos falhas morais e deficiências de caráter, ao passo que, aos adjetivos masculinos, o filósofo creditará ações virtuosas e ligadas à racionalidade. No entanto, como compreender tal ambiguidade em relação ao gênero feminino se, por princípio, o pensamento estoico afirma que a potencialidade de realização de ações virtuosas é garantida à humanidade, graças a sua participação na razão universal?