学术与大众之间的紧张关系与对话:雷纳托·米格兹文集

Carolina Rodrigues de Lima
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Apesar do sucesso na criação de agências estatais dedicadas à preservação da cultura popular, os folcloristas não obtiveram êxito na implantação de espaços dedicados aos estudos do folclore nas universidades. De acordo com Vilhena, “[...] no plano dos estereótipos, o folclorista se tornou o paradigma de um intelectual não acadêmico ligado por uma relação romântica ao seu objeto, que se estudaria a partir de um colecionismo incontrolado e de uma postura empiricista”2. É interessante observar que essa desvalorização acadêmica se deu de forma específica no Brasil, a despeito das origens históricas desse campo de estudos, em contexto europeu, estarem relacionadas ao direcionamento das preocupações eruditas à cultura popular e principalmente por sua relação com a identidade nacional3. 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摘要

在整个19世纪。20世纪,致力于巴西流行文化的研究是在巴西民间传说运动的支持下发展起来的。组织结构并阐述了几十年,从民俗研究的制度化,包括联邦机构的建立和巩固国家为中心的民间传说(1947)东北部的防御战役(1958年),美国国家民俗中心(1976)以及最近国家的民间传说和流行文化(2003年),效力至今。这些机构在其发展过程中属于不同的政府机构,除了收集大量的书目和博物馆藏品外,还负责起草大会、组织和促进研究。尽管成功地建立了致力于保护流行文化的国家机构,民俗学家却未能成功地在大学中建立专门用于民俗学研究的空间。根据Vilhena的说法,“……在刻板印象的层面上,民俗学家成为了非学术知识分子的典范,他们与自己的对象有着浪漫的关系,可以从不受控制的收藏主义和经验主义的立场来研究。有趣的是,这种学术贬值在巴西以一种特殊的方式发生,尽管这一研究领域的历史起源,在欧洲的背景下,与流行文化的学术关注的方向有关,特别是它与国家身份的关系3。然后,我们转向UFRJ美术学院的具体背景,从一个具体的案例中,我们可以简要概述艺术和流行文化研究在该机构中的插入情况。雷纳托·米guez的民间艺术收藏轨迹向我们揭示了一个与属于巴西民间运动的知识分子网络相连的个人,他也被插入大学,进行教学和研究。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
Tensões e diálogos entre acadêmico e popular: a Coleção Renato Miguez
No decorrer do séc. XX, os estudos dedicados à cultura popular brasileira se desenvolveram sob a égide do Movimento Folclórico Brasileiro. Uma estrutura bem organizada e articulada por muitas décadas, acompanhou a institucionalização dos estudos folclóricos, destacando-se a criação e solidificação de instituições federais como o Centro Nacional de Folclore (1947), a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (1958), o Instituto Nacional do Folclore (1976) e, mais recentemente, o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (2003), em vigor até os dias atuais. Pertencentes a diferentes órgãos governamentais durante sua trajetória, essas instituições foram responsáveis pela elaboração de congressos, organização e fomento de pesquisas, além da coleta de enormes acervos bibliográficos e museológicos. Apesar do sucesso na criação de agências estatais dedicadas à preservação da cultura popular, os folcloristas não obtiveram êxito na implantação de espaços dedicados aos estudos do folclore nas universidades. De acordo com Vilhena, “[...] no plano dos estereótipos, o folclorista se tornou o paradigma de um intelectual não acadêmico ligado por uma relação romântica ao seu objeto, que se estudaria a partir de um colecionismo incontrolado e de uma postura empiricista”2. É interessante observar que essa desvalorização acadêmica se deu de forma específica no Brasil, a despeito das origens históricas desse campo de estudos, em contexto europeu, estarem relacionadas ao direcionamento das preocupações eruditas à cultura popular e principalmente por sua relação com a identidade nacional3. Nos debruçamos, então, ao contexto específico da Escola de Belas Artes da UFRJ, onde, a partir de um caso específico, podemos ter um breve panorama da inserção que os estudos sobre arte e cultura popular tiveram na instituição. A trajetória da Coleção Renato Miguez de Arte Popular nos revela o indivíduo ligado à rede de intelectuais pertencentes ao Movimento Folclórico Brasileiro que também estava inserido na universidade, lecionando e produzindo pesquisas.
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