{"title":"弗拉迪米罗·卡波索斯与后革命反乌托邦:对佩佩特拉小说《捕食者》的思考","authors":"Mariana Sousa Dias","doi":"10.13102/LM.V11I1.4735","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"São recorrentes, na contemporaneidade, debates voltados aos rumos sociopolíticos e identitários em espaços outrora coloniais, principalmente quando pensamos nações referenciadas por processos tardios de independência. Diante da vasta abrangência de campos como os estudos culturais e o pós-colonialismo, interessa-nos pesquisar, em especial a oposição entre o homem novo angolano, idealizado durante as lutas de libertação, frente à ascensão do novo homem angolano, forjado a partir de valores capitalistas, no romance “Predadores”, de 2005. Os tensionamentos delineados pela conjugação utopia-distopia, ou seja, homem novo-novo homem, traduzem, em boa medida, não somente as problemáticas enfrentadas por Angola na atualidade, mas o elemento central da atuação literária de Pepetela: a busca por identificações a serem pensadas a partir das falhas que marcam os dois modelos subjetivos – bem como as interpretações e adaptações realizadas a partir de tais perfis. A trajetória de “aperfeiçoamento” da personagem até a total amoralidade torna-se uma síntese para a desconstrução das utopias, da revolução e, em especial, da nação projetada. Ironicamente, de acordo com lógica mercadológica, temos em Vladimiro uma figura de aparente sucesso, visto que conseguiu adaptar-se totalmente à lei do mais forte, segundo os paradigmas neoliberais. Sua derrocada, entretanto, ocorre justamente devido às crises inerentes ao sistema que o colocou no topo dos jogos de corrupção e de apropriação dos bens públicos pelo poder privado. Para estudarmos a obra, recorreremos em especial a Fanon (1979, 2008), Frade (2007) e Mudimbe (2012).","PeriodicalId":346819,"journal":{"name":"Revista Légua & Meia","volume":"118 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-02-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Vladimiro Caposso e a distopia pós-revolucionária: considerações sobre o romance Predadores, de Pepetela\",\"authors\":\"Mariana Sousa Dias\",\"doi\":\"10.13102/LM.V11I1.4735\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"São recorrentes, na contemporaneidade, debates voltados aos rumos sociopolíticos e identitários em espaços outrora coloniais, principalmente quando pensamos nações referenciadas por processos tardios de independência. Diante da vasta abrangência de campos como os estudos culturais e o pós-colonialismo, interessa-nos pesquisar, em especial a oposição entre o homem novo angolano, idealizado durante as lutas de libertação, frente à ascensão do novo homem angolano, forjado a partir de valores capitalistas, no romance “Predadores”, de 2005. Os tensionamentos delineados pela conjugação utopia-distopia, ou seja, homem novo-novo homem, traduzem, em boa medida, não somente as problemáticas enfrentadas por Angola na atualidade, mas o elemento central da atuação literária de Pepetela: a busca por identificações a serem pensadas a partir das falhas que marcam os dois modelos subjetivos – bem como as interpretações e adaptações realizadas a partir de tais perfis. A trajetória de “aperfeiçoamento” da personagem até a total amoralidade torna-se uma síntese para a desconstrução das utopias, da revolução e, em especial, da nação projetada. Ironicamente, de acordo com lógica mercadológica, temos em Vladimiro uma figura de aparente sucesso, visto que conseguiu adaptar-se totalmente à lei do mais forte, segundo os paradigmas neoliberais. Sua derrocada, entretanto, ocorre justamente devido às crises inerentes ao sistema que o colocou no topo dos jogos de corrupção e de apropriação dos bens públicos pelo poder privado. Para estudarmos a obra, recorreremos em especial a Fanon (1979, 2008), Frade (2007) e Mudimbe (2012).\",\"PeriodicalId\":346819,\"journal\":{\"name\":\"Revista Légua & Meia\",\"volume\":\"118 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-02-01\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Légua & Meia\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.13102/LM.V11I1.4735\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Légua & Meia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.13102/LM.V11I1.4735","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Vladimiro Caposso e a distopia pós-revolucionária: considerações sobre o romance Predadores, de Pepetela
São recorrentes, na contemporaneidade, debates voltados aos rumos sociopolíticos e identitários em espaços outrora coloniais, principalmente quando pensamos nações referenciadas por processos tardios de independência. Diante da vasta abrangência de campos como os estudos culturais e o pós-colonialismo, interessa-nos pesquisar, em especial a oposição entre o homem novo angolano, idealizado durante as lutas de libertação, frente à ascensão do novo homem angolano, forjado a partir de valores capitalistas, no romance “Predadores”, de 2005. Os tensionamentos delineados pela conjugação utopia-distopia, ou seja, homem novo-novo homem, traduzem, em boa medida, não somente as problemáticas enfrentadas por Angola na atualidade, mas o elemento central da atuação literária de Pepetela: a busca por identificações a serem pensadas a partir das falhas que marcam os dois modelos subjetivos – bem como as interpretações e adaptações realizadas a partir de tais perfis. A trajetória de “aperfeiçoamento” da personagem até a total amoralidade torna-se uma síntese para a desconstrução das utopias, da revolução e, em especial, da nação projetada. Ironicamente, de acordo com lógica mercadológica, temos em Vladimiro uma figura de aparente sucesso, visto que conseguiu adaptar-se totalmente à lei do mais forte, segundo os paradigmas neoliberais. Sua derrocada, entretanto, ocorre justamente devido às crises inerentes ao sistema que o colocou no topo dos jogos de corrupção e de apropriação dos bens públicos pelo poder privado. Para estudarmos a obra, recorreremos em especial a Fanon (1979, 2008), Frade (2007) e Mudimbe (2012).