{"title":"埃洛昆人与西塞罗《腓力比卡》中的反讽","authors":"Bruna Fernanda Abreu","doi":"10.25187/codex.v11i1.57530","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"As Filípicas de Marco Túlio Cícero, escritas após o assassinato de Júlio César em 15 de março de 44 a.C., trazem em seu conteúdo as tensões políticas e históricas daquele momento, além de evidenciarem o conflito entre o próprio orador e Marco Antônio. Esses discursos consistem, basicamente, na difamação da imagem pública e privada de Marco Antônio e vê-se que o seu ethos é construído de modo negativo, contrapondo-se ao de Cícero. Neste artigo, analisa-se a ironia como uma ferramenta retórica para a construção do ethos do adversário. Ao longo dos discursos, as características negativas têm um significado muito claro ao estarem associadas diretamente a Antônio, contudo, ao citar algo positivo querendo dizer o contrário, o orador apenas reforça o tom de deboche para com a imagem do adversário, fazendo uso da ironia. Isso produz, no discurso, um efeito sobre a imagem de Antônio, mas também sobre a própria caracterização do orador, ou seja, o que Cícero diz sobre Antônio significa muito sobre si mesmo. Afirmar que Antônio é um homo eloquens não é coerente com o objetivo invectivo das Filípicas, mas faz sentido se, na verdade, em vez de tomarmos a expressão literalmente, considerarmos seu estatuto irônico. Sempre pensando que o orador retrata a si próprio e a Antônio como antípodas nas várias facetas da vida privada e pública, podemos, diante da expressão homo eloquens, remeter ao ethos pré-discursivo de Cícero diante de seu público, na ocasião dos discursos reconhecido como o maior orador de Roma.","PeriodicalId":188835,"journal":{"name":"CODEX - Revista de Estudos Clássicos","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Homo eloquens e a ironia nas Filípicas de Cícero\",\"authors\":\"Bruna Fernanda Abreu\",\"doi\":\"10.25187/codex.v11i1.57530\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"As Filípicas de Marco Túlio Cícero, escritas após o assassinato de Júlio César em 15 de março de 44 a.C., trazem em seu conteúdo as tensões políticas e históricas daquele momento, além de evidenciarem o conflito entre o próprio orador e Marco Antônio. Esses discursos consistem, basicamente, na difamação da imagem pública e privada de Marco Antônio e vê-se que o seu ethos é construído de modo negativo, contrapondo-se ao de Cícero. Neste artigo, analisa-se a ironia como uma ferramenta retórica para a construção do ethos do adversário. Ao longo dos discursos, as características negativas têm um significado muito claro ao estarem associadas diretamente a Antônio, contudo, ao citar algo positivo querendo dizer o contrário, o orador apenas reforça o tom de deboche para com a imagem do adversário, fazendo uso da ironia. Isso produz, no discurso, um efeito sobre a imagem de Antônio, mas também sobre a própria caracterização do orador, ou seja, o que Cícero diz sobre Antônio significa muito sobre si mesmo. Afirmar que Antônio é um homo eloquens não é coerente com o objetivo invectivo das Filípicas, mas faz sentido se, na verdade, em vez de tomarmos a expressão literalmente, considerarmos seu estatuto irônico. Sempre pensando que o orador retrata a si próprio e a Antônio como antípodas nas várias facetas da vida privada e pública, podemos, diante da expressão homo eloquens, remeter ao ethos pré-discursivo de Cícero diante de seu público, na ocasião dos discursos reconhecido como o maior orador de Roma.\",\"PeriodicalId\":188835,\"journal\":{\"name\":\"CODEX - Revista de Estudos Clássicos\",\"volume\":\"27 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-07-14\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"CODEX - Revista de Estudos Clássicos\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.57530\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"CODEX - Revista de Estudos Clássicos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.57530","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
As Filípicas de Marco Túlio Cícero, escritas após o assassinato de Júlio César em 15 de março de 44 a.C., trazem em seu conteúdo as tensões políticas e históricas daquele momento, além de evidenciarem o conflito entre o próprio orador e Marco Antônio. Esses discursos consistem, basicamente, na difamação da imagem pública e privada de Marco Antônio e vê-se que o seu ethos é construído de modo negativo, contrapondo-se ao de Cícero. Neste artigo, analisa-se a ironia como uma ferramenta retórica para a construção do ethos do adversário. Ao longo dos discursos, as características negativas têm um significado muito claro ao estarem associadas diretamente a Antônio, contudo, ao citar algo positivo querendo dizer o contrário, o orador apenas reforça o tom de deboche para com a imagem do adversário, fazendo uso da ironia. Isso produz, no discurso, um efeito sobre a imagem de Antônio, mas também sobre a própria caracterização do orador, ou seja, o que Cícero diz sobre Antônio significa muito sobre si mesmo. Afirmar que Antônio é um homo eloquens não é coerente com o objetivo invectivo das Filípicas, mas faz sentido se, na verdade, em vez de tomarmos a expressão literalmente, considerarmos seu estatuto irônico. Sempre pensando que o orador retrata a si próprio e a Antônio como antípodas nas várias facetas da vida privada e pública, podemos, diante da expressão homo eloquens, remeter ao ethos pré-discursivo de Cícero diante de seu público, na ocasião dos discursos reconhecido como o maior orador de Roma.