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O artigo, de natureza bibliográfica, discute a necropolítica como um dispositivo de poder que não só provoca a morte como busca impedir que o sofrimento gerado pela morte produza sensibilidade e comoção no espaço público, por meio de uma gestão do luto. A tese defendida é de que o luto, mais que um mero estado emocional de reação à perda, é capaz de levar à tomada de consciência sobre relações de dominação e restituir o estatuto de perdas humanas às mortes que a necropolítica tenta invisibilizar. Inicialmente, o artigo revisita a formulação do conceito de necropolítica em Achille Mbembe, mostrando como se pode expandir seu escopo original para compreender o luto como objeto do controle necropolítico. Em seguida, retoma a reflexão freudiana do luto como processo de recuperação da capacidade de engajamento com o mundo pela ressignificação da perda sofrida. Na sequência, relê as ideias de Freud à luz dos aportes oferecidos por Judith Butler, sobre a distribuição desigual da condição de ser passível de luto, e por Angela Harris, sobre o papel das emoções na crítica social, para teorizar sobre a possibilidade de uma experiência do luto que funcione como mecanismo de articulação política contra-hegemônica. Ao final, o artigo aborda alguns aspectos da administração da pandemia de covid-19 no Brasil como breve exemplo da gestão necropolítica do luto e das possibilidades de sua subversão à luz dos argumentos apresentados.