{"title":"朱红和朱红:sao保罗和西班牙美洲之间的艺术交流(16 - 18世纪)","authors":"T. Montanari","doi":"10.20396/eha.vi14.3439","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O sulfeto de mercúrio, dito vermelhão é um pigmento derivado do cinábrio em sua forma natural, conhecido e utilizado desde a antiguidade. Atualmente, porém, sua utilização é muito rara, devido à toxicidade do mercúrio. No Peru, por volta de 1550, o poeta e merchant português Enrique Garces reconheceu que o pó vermelho usado pelos indígenas nas pinturas corporais era cinábrio. Sabendo que o mercúrio era encontrado perto dos depósitos de cinábrio, Garces questionou os índios e soube que a fonte era próxima a Huamanga. Garces sabia que o mercúrio poderia ser utilizado no garimpo de ouro e prata, e, em 1559, obteve do Vice-rei em Lima, uma licença de 12 anos para explorar o mercúrio, tornando possível a exploração da prata de Potosí, chegando a uma escala grande e sistemática em 1572.2 Assim, além da importância para a mineração, o cinábrio, na forma de pigmento, foi largamente utilizado na pintura andina, chegando até terras paulistas no período colonial.3 Na região da Ruta de la Plata ― atual território da Bolívia e do Chile ―, ainda se preservam algumas capelas e igrejas com todo o seu interior ornamentado com pinturas murais de repertório iconográfico cristão, como o juízo final, os sacramentos, a paixão de Cristo, e a representações do céu e do inferno.4 As pinturas com padrões têxteis, brutescos e grotescas também são recorrentes, bem como a mistura destes repertórios. Assim, ao mesmo tempo em que se buscava recriar o decoro e o esplendor do interior das igrejas europeias por meio das pinturas murais, estas pinturas também eram utilizadas como ferramenta para a catequização e fixação da doutrina cristã entre os indígenas, sobretudo em localidades menos centrais onde a presença religiosa era esporádica.5","PeriodicalId":305074,"journal":{"name":"Atas do 14º...","volume":"319 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Vermelhão e Cinábrio: intercâmbios artísticos entre São Paulo e América hispânica (séculos XVI- XVIII)\",\"authors\":\"T. Montanari\",\"doi\":\"10.20396/eha.vi14.3439\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O sulfeto de mercúrio, dito vermelhão é um pigmento derivado do cinábrio em sua forma natural, conhecido e utilizado desde a antiguidade. 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Vermelhão e Cinábrio: intercâmbios artísticos entre São Paulo e América hispânica (séculos XVI- XVIII)
O sulfeto de mercúrio, dito vermelhão é um pigmento derivado do cinábrio em sua forma natural, conhecido e utilizado desde a antiguidade. Atualmente, porém, sua utilização é muito rara, devido à toxicidade do mercúrio. No Peru, por volta de 1550, o poeta e merchant português Enrique Garces reconheceu que o pó vermelho usado pelos indígenas nas pinturas corporais era cinábrio. Sabendo que o mercúrio era encontrado perto dos depósitos de cinábrio, Garces questionou os índios e soube que a fonte era próxima a Huamanga. Garces sabia que o mercúrio poderia ser utilizado no garimpo de ouro e prata, e, em 1559, obteve do Vice-rei em Lima, uma licença de 12 anos para explorar o mercúrio, tornando possível a exploração da prata de Potosí, chegando a uma escala grande e sistemática em 1572.2 Assim, além da importância para a mineração, o cinábrio, na forma de pigmento, foi largamente utilizado na pintura andina, chegando até terras paulistas no período colonial.3 Na região da Ruta de la Plata ― atual território da Bolívia e do Chile ―, ainda se preservam algumas capelas e igrejas com todo o seu interior ornamentado com pinturas murais de repertório iconográfico cristão, como o juízo final, os sacramentos, a paixão de Cristo, e a representações do céu e do inferno.4 As pinturas com padrões têxteis, brutescos e grotescas também são recorrentes, bem como a mistura destes repertórios. Assim, ao mesmo tempo em que se buscava recriar o decoro e o esplendor do interior das igrejas europeias por meio das pinturas murais, estas pinturas também eram utilizadas como ferramenta para a catequização e fixação da doutrina cristã entre os indígenas, sobretudo em localidades menos centrais onde a presença religiosa era esporádica.5