屏幕上的当代

C. Pimenta, V. Sousa, P. R. Costa, Edson Capoano
{"title":"屏幕上的当代","authors":"C. Pimenta, V. Sousa, P. R. Costa, Edson Capoano","doi":"10.32813/2179-1120.2121.v14.n2.a798","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"            A complexidade do mundo contemporâneo impõe formatações inovadoras na leitura das linguagens que circulam na comunicação social convencional (ou hegemônica), as quais imprimem a necessidade de outras perspectivas de abordagem dos fenômenos socioculturais em emergência. \nDesse lugar de partida, o dossiê “o contemporâneo visto pelo ecrã: políticas, culturas, memórias e identidades” se propôs em reunir reflexões que discutam as inseguranças de nossos tempos. “Ecrãs”, na tradução para a língua portuguesa do Brasil, pode ser entendido como tela de cinema, televisão, computador, celular, tablet, etc., o que a transforma em um espaço de circulação de informações, “máquinas de produção de subjetividades”, como sugere Félix Guatari (1982). \nNa tradução dessas máquinas de produção de subjetividades aparecem um conjunto de inseguranças, para o bem e para o mal. Inseguranças que “colocam em xeque” a ordem (política, econômica, social, cultural, moral, ética, intelectual, simbólica e subjetiva) estabelecida a partir de um consenso cêntrico “ditado” pela cultura ocidental, mas traz, consigo, o fortalecimento do debate sobre a condição humana. \nDessa premissa, impõe leituras distintas da realidade, em que se abrem perspectivas para outros e novos conhecimentos abafados, calados, omitidos, desprivilegiados, subalternizados, colonizados ou para novas e outras interpretações de distintas formas de linguagem e comunicação social, diante de um modelo hegemônico de desenvolvimento, crescimento e progresso aplicados, com maior ou menor grau, a todos, em escala mundial. \nAbrem-se, face às \"imposições\" dos tempos informacionais e tecnológicos que experimentamos, amplos campos de disputa “dos”, \"nos\" e “pelos” sistemas de linguagens que afetam dimensões do político, da cultura, das memórias e das identidades, forjando a necessidade de diferentes modos de compreensão do mundo. \nPara pensarmos esses contextos em disputa, tomamos como referência a provocação de Sousa (2020) e o destaque em Séquéla (1993, p. 13) que questiona alguns pontos a respeito do nosso tempo: \"[...] o poder não existe. A política despolitiza-se, a justiça mediatiza-se, a Igreja prega no deserto, a empresa já não tem poder, e quando a rua se enreda ela enreda-se. A nossa sociedade bipolariza-se, já não entre esquerda e direita, já que não significam grande coisa, mas entre os verdadeiros 'reaças' e os falsos modernos\". Tudo isto se repete, dia após dia, nos ecrãs da televisão, das redes sociais, do cinema. \nA provocação citada foi replicada por Pimenta (2020) e, posteriormente, por Costa (2020), no sentido de tensionar as certezas do futuro e o medo diante de um mundo “doente”. As perguntas sem a devida resposta se avolumam diante da liquidez de nossos tempos (Bauman, 2008) ou da interferência do não-humano nas dinâmicas concretas do humano (Latour, 2012). Contudo, outros quadros de organização social, mental e simbólica se inscrevem nesse processo – por exemplo a proposta do “bem viver” (Acosta, 2016). \nEsses traçados, aparentemente contraditórios, porém instigantes, fomentam reflexões sobre as formas de disputas que organizam as linguagens e comunicações estruturadoras das “crenças” (no sentido de organização das relações em sociedade) racionais (ciência), simbólicas (religiões), políticas (ideologias) e se juntam às dinâmicas em torno de uma determinada cultura. \nHá, na base que fundamenta e justifica essa proposição, duas preocupações subjacentes que nos convenceram a instigar pesquisadores, nacionais e internacionais, de línguas ibero-americanas e luso-fônicos, em trazer suas contribuições a este dossiê: (a) a história das relações de colonização; (b) a necessidade de descolonização. \nOs exercícios anunciados caminham no sentido de desenvolver um interconhecimento de Portugal e do Brasil enquanto países de língua portuguesa, marcados por um passado colonial comum, para além de promover o desenvolvimento da cooperação científica, cultural e artística entre os seus povos, ampliado para os países africanos de língua portuguesa. Podemos destacar que esses movimentos perpassam pela integração da problemática da memória social e das identidades transculturais, com as migrações entre os dois países como pano de fundo. \nOs textos que compõem o dossiê trabalham com temáticas contemporâneas e assumem um caráter interdisciplinar (teórico e empírico), por meio de interfaces que implicam questões no campo da política, cultura, memórias e identidades. Sintetizam preocupações com as linguagens no sentido de “revelarem” o surgimento de inúmeras formas de desenvolvimento, ambiental e econômico, em outras bases de organização sociocultural. \n“As marcas do luso-tropicalismo nas intervenções do Presidente da República português (2016-2021)”, abre o dossiê apontando as consequências da política do Estado Novo português em relação aos então territórios “ultramarinos” para legitimar o colonialismo e, consequentemente, mantém o mito da tolerância racial e do nacionalismo integrador e universalista. \nEm “reflexões sobre o Brasil colônia: as escolas de samba e algumas histórias que a História não contou”, enfatiza-se a relação cultura e desenvolvimento na perspectiva de questionamentos sobre a história colonial brasileira, a partir de manifestações culturais de carnaval, desencadeadas por determinadas escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, em especial os desfiles da G.R.E.S Paraíso do Tuiuti, (2018) e da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2019). \n“Margarida Cardoso e as mulheres da Casa-Grande: reconfigurar a memória (pós)colonial a partir da branquitude”, apresenta a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente, no sentido de ultrapassar um evento silencioso e silenciado que marcou a sociedade portuguesa desde os anos 1970 até à década de 1990 dentro das ideias de branquitude e de fragilidade branca. \nNo artigo “um narcisismo colonial: implicações históricas nas tecnologias de vigilância”, propõe-se refletir sobre a interferência dos legados de colonialidade nas tecnologias de vigilância no espaço pós-colonial europeu, argumentando que estes instrumentos implicadas e comprometidas com os contextos histórico, político, social e cultural da ordem hegemônica. \nPor sua vez, em “dilemas da ciberdemocracia: em qual medida o ciber potencializa a democracia?”, há uma interpretação dos efeitos sociais da ciberdemocracia, na sociedade contemporânea, por meio de identificação dos possíveis danos democráticos vinculados ao uso das redes sociais como plataforma de dissipação de discursos. Apresenta o argumento de que muitos indivíduos se utilizam das redes sociais e desconhecem sua estruturação, atenuando problemáticas do convívio democrático, bem como o espaço da e-democracia não se traduz em, apenas, benefícios. \nDentro dessa dinâmica, a análise elaborada no “Wikipédia em língua portuguesa: dinâmicas, estruturas e dilemas na colaboração para o conhecimento”, expõe a realidade da plataforma Wikipédia em língua portuguesa. Trazem alguns casos que demonstram o quotidiano desta comunidade colaborativa, retratando os desafios inerentes à função de edição e difusão de conhecimento em regime enciclopédico, livre e colaborativo para, no final, considerar que as forças superam as fraquezas deste processo colaborativo, sem deixar de reconhecer a existência de disputas poder, sombras aos objetivos altruístas deste projeto enciclopédico. \nNo artigo “zoom out / zoom in às redes sociais digitais do Plano Nacional de Cinema: um visionamento em tempos pandêmicos\", vê-se uma elaboração sobre o interesse pelas potencialidades do cinema à educação a partir do Plano Nacional de Cinema de Portugal (PNC), enquanto um programa governamental junto do público escolar. Acredita-se que algumas ferramentas da web social, como as redes sociais digitais, podem ser instrumentos de trabalho válidos para as iniciativas do PNC, numa virtualização complementar da sua presença física nas escolas. \nDo debate em “Resistência à intermediação pelos ecrãs/telas conectadas” emergem as lógicas tecno-econômicas que organizam as relações sociotécnicas das plataformas sociais digitais. A análise recai sobre temas como: motivação para escolha de voto; cobertura da imprensa sobre o movimento Black Lives Matter; covid-19. Salienta que houve resistência em relação às notícias da imprensa, opiniões de influenciadores ou resultados das discussões em grupos de redes sociais, por parte dos consumidores de informação. \nO argumento “do subúrbio para a periferia: o suburbanismo fantástico contemporâneo, uma nova ambientação do subgênero cinematográfico?” tensiona o tratamento cinematográfico de Angus McFadzean (2017), tomando como base os filmes A Gente se Vê Ontem (See You Yesterday, Stefon Bristol, 2019) e Vampiros x The Bronx (Vampires x The Bronx, Osmany Rodriguez, 2020). Explicita que estes filmes representam um ciclo fechado do suburbanismo fantástico e podem ser caracterizados como resposta pontual de Hollywood a movimentos sociais como o #OscarSoWhite e o #BlackLivesMatter, mas, também, sensibilidades modernas sobre a representatividade e participação de novos corpos na indústria cinematográfica. \nO dossiê se encerra com o artigo “olhares netnográficos sobre cultura, desenvolvimento e ações coletivas no vale do paraíba”. Na articulação textual, entende-se cultura como instância ativa da formação social e base ao desenvolvimento regional, apontando à necessária elevação da ação sociocultural ao status de consciência política, visto que se constitui como força de resistência e transformação. \nNa sequência, na seção ensaio, segue o texto “pedagogia do cinema na escola: a prática audiovisual como construção social e de ensino” e problematiza a escola brasileira na sua relação com a produção audiovisual, no sentido de que a escola repense suas práticas excludentes que perpetuam uma monoculturalidade hegemôni","PeriodicalId":393564,"journal":{"name":"Revista Ciências Humanas","volume":"53 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-08-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"O CONTEMPORÂNEO VISTO PELO ECRÃ\",\"authors\":\"C. Pimenta, V. Sousa, P. R. 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Inseguranças que “colocam em xeque” a ordem (política, econômica, social, cultural, moral, ética, intelectual, simbólica e subjetiva) estabelecida a partir de um consenso cêntrico “ditado” pela cultura ocidental, mas traz, consigo, o fortalecimento do debate sobre a condição humana. \\nDessa premissa, impõe leituras distintas da realidade, em que se abrem perspectivas para outros e novos conhecimentos abafados, calados, omitidos, desprivilegiados, subalternizados, colonizados ou para novas e outras interpretações de distintas formas de linguagem e comunicação social, diante de um modelo hegemônico de desenvolvimento, crescimento e progresso aplicados, com maior ou menor grau, a todos, em escala mundial. \\nAbrem-se, face às \\\"imposições\\\" dos tempos informacionais e tecnológicos que experimentamos, amplos campos de disputa “dos”, \\\"nos\\\" e “pelos” sistemas de linguagens que afetam dimensões do político, da cultura, das memórias e das identidades, forjando a necessidade de diferentes modos de compreensão do mundo. \\nPara pensarmos esses contextos em disputa, tomamos como referência a provocação de Sousa (2020) e o destaque em Séquéla (1993, p. 13) que questiona alguns pontos a respeito do nosso tempo: \\\"[...] o poder não existe. 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Contudo, outros quadros de organização social, mental e simbólica se inscrevem nesse processo – por exemplo a proposta do “bem viver” (Acosta, 2016). \\nEsses traçados, aparentemente contraditórios, porém instigantes, fomentam reflexões sobre as formas de disputas que organizam as linguagens e comunicações estruturadoras das “crenças” (no sentido de organização das relações em sociedade) racionais (ciência), simbólicas (religiões), políticas (ideologias) e se juntam às dinâmicas em torno de uma determinada cultura. \\nHá, na base que fundamenta e justifica essa proposição, duas preocupações subjacentes que nos convenceram a instigar pesquisadores, nacionais e internacionais, de línguas ibero-americanas e luso-fônicos, em trazer suas contribuições a este dossiê: (a) a história das relações de colonização; (b) a necessidade de descolonização. \\nOs exercícios anunciados caminham no sentido de desenvolver um interconhecimento de Portugal e do Brasil enquanto países de língua portuguesa, marcados por um passado colonial comum, para além de promover o desenvolvimento da cooperação científica, cultural e artística entre os seus povos, ampliado para os países africanos de língua portuguesa. Podemos destacar que esses movimentos perpassam pela integração da problemática da memória social e das identidades transculturais, com as migrações entre os dois países como pano de fundo. \\nOs textos que compõem o dossiê trabalham com temáticas contemporâneas e assumem um caráter interdisciplinar (teórico e empírico), por meio de interfaces que implicam questões no campo da política, cultura, memórias e identidades. Sintetizam preocupações com as linguagens no sentido de “revelarem” o surgimento de inúmeras formas de desenvolvimento, ambiental e econômico, em outras bases de organização sociocultural. \\n“As marcas do luso-tropicalismo nas intervenções do Presidente da República português (2016-2021)”, abre o dossiê apontando as consequências da política do Estado Novo português em relação aos então territórios “ultramarinos” para legitimar o colonialismo e, consequentemente, mantém o mito da tolerância racial e do nacionalismo integrador e universalista. \\nEm “reflexões sobre o Brasil colônia: as escolas de samba e algumas histórias que a História não contou”, enfatiza-se a relação cultura e desenvolvimento na perspectiva de questionamentos sobre a história colonial brasileira, a partir de manifestações culturais de carnaval, desencadeadas por determinadas escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, em especial os desfiles da G.R.E.S Paraíso do Tuiuti, (2018) e da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2019). \\n“Margarida Cardoso e as mulheres da Casa-Grande: reconfigurar a memória (pós)colonial a partir da branquitude”, apresenta a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente, no sentido de ultrapassar um evento silencioso e silenciado que marcou a sociedade portuguesa desde os anos 1970 até à década de 1990 dentro das ideias de branquitude e de fragilidade branca. \\nNo artigo “um narcisismo colonial: implicações históricas nas tecnologias de vigilância”, propõe-se refletir sobre a interferência dos legados de colonialidade nas tecnologias de vigilância no espaço pós-colonial europeu, argumentando que estes instrumentos implicadas e comprometidas com os contextos histórico, político, social e cultural da ordem hegemônica. \\nPor sua vez, em “dilemas da ciberdemocracia: em qual medida o ciber potencializa a democracia?”, há uma interpretação dos efeitos sociais da ciberdemocracia, na sociedade contemporânea, por meio de identificação dos possíveis danos democráticos vinculados ao uso das redes sociais como plataforma de dissipação de discursos. Apresenta o argumento de que muitos indivíduos se utilizam das redes sociais e desconhecem sua estruturação, atenuando problemáticas do convívio democrático, bem como o espaço da e-democracia não se traduz em, apenas, benefícios. \\nDentro dessa dinâmica, a análise elaborada no “Wikipédia em língua portuguesa: dinâmicas, estruturas e dilemas na colaboração para o conhecimento”, expõe a realidade da plataforma Wikipédia em língua portuguesa. Trazem alguns casos que demonstram o quotidiano desta comunidade colaborativa, retratando os desafios inerentes à função de edição e difusão de conhecimento em regime enciclopédico, livre e colaborativo para, no final, considerar que as forças superam as fraquezas deste processo colaborativo, sem deixar de reconhecer a existência de disputas poder, sombras aos objetivos altruístas deste projeto enciclopédico. \\nNo artigo “zoom out / zoom in às redes sociais digitais do Plano Nacional de Cinema: um visionamento em tempos pandêmicos\\\", vê-se uma elaboração sobre o interesse pelas potencialidades do cinema à educação a partir do Plano Nacional de Cinema de Portugal (PNC), enquanto um programa governamental junto do público escolar. Acredita-se que algumas ferramentas da web social, como as redes sociais digitais, podem ser instrumentos de trabalho válidos para as iniciativas do PNC, numa virtualização complementar da sua presença física nas escolas. \\nDo debate em “Resistência à intermediação pelos ecrãs/telas conectadas” emergem as lógicas tecno-econômicas que organizam as relações sociotécnicas das plataformas sociais digitais. A análise recai sobre temas como: motivação para escolha de voto; cobertura da imprensa sobre o movimento Black Lives Matter; covid-19. Salienta que houve resistência em relação às notícias da imprensa, opiniões de influenciadores ou resultados das discussões em grupos de redes sociais, por parte dos consumidores de informação. \\nO argumento “do subúrbio para a periferia: o suburbanismo fantástico contemporâneo, uma nova ambientação do subgênero cinematográfico?” tensiona o tratamento cinematográfico de Angus McFadzean (2017), tomando como base os filmes A Gente se Vê Ontem (See You Yesterday, Stefon Bristol, 2019) e Vampiros x The Bronx (Vampires x The Bronx, Osmany Rodriguez, 2020). Explicita que estes filmes representam um ciclo fechado do suburbanismo fantástico e podem ser caracterizados como resposta pontual de Hollywood a movimentos sociais como o #OscarSoWhite e o #BlackLivesMatter, mas, também, sensibilidades modernas sobre a representatividade e participação de novos corpos na indústria cinematográfica. \\nO dossiê se encerra com o artigo “olhares netnográficos sobre cultura, desenvolvimento e ações coletivas no vale do paraíba”. Na articulação textual, entende-se cultura como instância ativa da formação social e base ao desenvolvimento regional, apontando à necessária elevação da ação sociocultural ao status de consciência política, visto que se constitui como força de resistência e transformação. \\nNa sequência, na seção ensaio, segue o texto “pedagogia do cinema na escola: a prática audiovisual como construção social e de ensino” e problematiza a escola brasileira na sua relação com a produção audiovisual, no sentido de que a escola repense suas práticas excludentes que perpetuam uma monoculturalidade hegemôni\",\"PeriodicalId\":393564,\"journal\":{\"name\":\"Revista Ciências Humanas\",\"volume\":\"53 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-08-09\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Ciências Humanas\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.32813/2179-1120.2121.v14.n2.a798\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Ciências Humanas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.32813/2179-1120.2121.v14.n2.a798","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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摘要

当代世界的复杂性要求在阅读传统(或霸权)媒体中传播的语言时采用创新的格式,这表明需要从其他角度来处理紧急的社会文化现象。从这个起点出发,“屏幕上的当代:政治、文化、记忆和身份”档案旨在收集讨论我们这个时代不安全感的反思。“ecras”,在翻译成巴西葡萄牙语时,可以理解为电影、电视、电脑、手机、平板电脑等的屏幕,将其转变为信息流通的空间,如felix Guatari(1982)所建议的“主体性生产机器”。在生产这些机器翻译主体性出现一系列的不安全感,好和坏,由贬低“将军”的(政治、经济、社会、文化、道德、伦理、知识基础上组建的、象征性的和主观的)共识cêntrico“说法”的西方文化,但我可以带上它,关于人类生存条件的加强。现实的假定,规定了不同的读数,在其他开放前景和掩盖新知识,安静,说服他,而他,subalternizados殖民或其他新的诠释不同的语言形式和媒体面前的生涯发展的主流模式,发展和进步,都或多或少,在全球范围内。面对我们所经历的信息和技术时代的“强加”,我们打开了影响政治、文化、记忆和身份维度的语言系统的广泛争议领域,锻造了对不同理解世界方式的需求。为了思考这些有争议的背景,我们参考了Sousa(2020)的挑衅和sequela (1993, p. 13)的亮点,质疑了关于我们这个时代的一些观点:“……权力并不存在。政治去政治化了,正义被媒体化了,教会在沙漠中布道,公司不再有权力,当街道陷入困境时,它也陷入了困境。我们的社会变得两极化,不再是左派和右派之间,因为它们没有什么意义,而是真实的‘反应’和虚假的现代之间。”所有这些都在电视屏幕、社交网络和电影中日复一日地重复着。Pimenta(2020)和Costa(2020)复制了上述挑衅,以紧张未来的确定性和对“病态”世界的恐惧。在我们这个时代的流动性(Bauman, 2008)或非人类对人类具体动态的干涉(Latour, 2012)之前,没有适当答案的问题变得越来越多。然而,其他社会、心理和象征组织框架也在这个过程中被记录下来——例如“美好生活”的提议(Acosta, 2016)。这些表面上矛盾但发人深省的追踪,激发了对组织语言和交流的争议形式的反思,这些争议组织了理性(科学)、象征(宗教)、政治(意识形态)的“信仰”(在社会关系组织的意义上),并加入了围绕特定文化的动态。在支持和证明这一主张的基础上,有两个潜在的关切,说服我们鼓励来自伊比利亚-美洲和葡萄牙语的国家和国际研究人员对这一档案作出贡献:(a)殖民关系的历史;(b)殖民关系的历史;(c)殖民关系的历史(b)非殖民化的必要性。练习实际出发,开发一个interconhecimento葡萄牙和巴西葡语国家,由一个共同的殖民历史,除了促进科学的发展,两国人民之间文化和艺术,扩大到葡语非洲国家。我们可以强调,这些运动渗透到社会记忆和跨文化身份问题的整合中,以两国之间的移民为背景。构成档案的文本处理当代主题,并通过涉及政治、文化、记忆和身份领域问题的界面,采取跨学科特征(理论和经验)。他们综合了对语言的关注,以“揭示”在社会文化组织的其他基础上出现的各种形式的发展,环境和经济。 后,在测试文本,跟着“视听电影:学校教学实践的社会建构和巴西”,讨论了学校教育音像生产关系,学校重新实践专属于一个monoculturalidade hegemôni
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
O CONTEMPORÂNEO VISTO PELO ECRÃ
            A complexidade do mundo contemporâneo impõe formatações inovadoras na leitura das linguagens que circulam na comunicação social convencional (ou hegemônica), as quais imprimem a necessidade de outras perspectivas de abordagem dos fenômenos socioculturais em emergência. Desse lugar de partida, o dossiê “o contemporâneo visto pelo ecrã: políticas, culturas, memórias e identidades” se propôs em reunir reflexões que discutam as inseguranças de nossos tempos. “Ecrãs”, na tradução para a língua portuguesa do Brasil, pode ser entendido como tela de cinema, televisão, computador, celular, tablet, etc., o que a transforma em um espaço de circulação de informações, “máquinas de produção de subjetividades”, como sugere Félix Guatari (1982). Na tradução dessas máquinas de produção de subjetividades aparecem um conjunto de inseguranças, para o bem e para o mal. Inseguranças que “colocam em xeque” a ordem (política, econômica, social, cultural, moral, ética, intelectual, simbólica e subjetiva) estabelecida a partir de um consenso cêntrico “ditado” pela cultura ocidental, mas traz, consigo, o fortalecimento do debate sobre a condição humana. Dessa premissa, impõe leituras distintas da realidade, em que se abrem perspectivas para outros e novos conhecimentos abafados, calados, omitidos, desprivilegiados, subalternizados, colonizados ou para novas e outras interpretações de distintas formas de linguagem e comunicação social, diante de um modelo hegemônico de desenvolvimento, crescimento e progresso aplicados, com maior ou menor grau, a todos, em escala mundial. Abrem-se, face às "imposições" dos tempos informacionais e tecnológicos que experimentamos, amplos campos de disputa “dos”, "nos" e “pelos” sistemas de linguagens que afetam dimensões do político, da cultura, das memórias e das identidades, forjando a necessidade de diferentes modos de compreensão do mundo. Para pensarmos esses contextos em disputa, tomamos como referência a provocação de Sousa (2020) e o destaque em Séquéla (1993, p. 13) que questiona alguns pontos a respeito do nosso tempo: "[...] o poder não existe. A política despolitiza-se, a justiça mediatiza-se, a Igreja prega no deserto, a empresa já não tem poder, e quando a rua se enreda ela enreda-se. A nossa sociedade bipolariza-se, já não entre esquerda e direita, já que não significam grande coisa, mas entre os verdadeiros 'reaças' e os falsos modernos". Tudo isto se repete, dia após dia, nos ecrãs da televisão, das redes sociais, do cinema. A provocação citada foi replicada por Pimenta (2020) e, posteriormente, por Costa (2020), no sentido de tensionar as certezas do futuro e o medo diante de um mundo “doente”. As perguntas sem a devida resposta se avolumam diante da liquidez de nossos tempos (Bauman, 2008) ou da interferência do não-humano nas dinâmicas concretas do humano (Latour, 2012). Contudo, outros quadros de organização social, mental e simbólica se inscrevem nesse processo – por exemplo a proposta do “bem viver” (Acosta, 2016). Esses traçados, aparentemente contraditórios, porém instigantes, fomentam reflexões sobre as formas de disputas que organizam as linguagens e comunicações estruturadoras das “crenças” (no sentido de organização das relações em sociedade) racionais (ciência), simbólicas (religiões), políticas (ideologias) e se juntam às dinâmicas em torno de uma determinada cultura. Há, na base que fundamenta e justifica essa proposição, duas preocupações subjacentes que nos convenceram a instigar pesquisadores, nacionais e internacionais, de línguas ibero-americanas e luso-fônicos, em trazer suas contribuições a este dossiê: (a) a história das relações de colonização; (b) a necessidade de descolonização. Os exercícios anunciados caminham no sentido de desenvolver um interconhecimento de Portugal e do Brasil enquanto países de língua portuguesa, marcados por um passado colonial comum, para além de promover o desenvolvimento da cooperação científica, cultural e artística entre os seus povos, ampliado para os países africanos de língua portuguesa. Podemos destacar que esses movimentos perpassam pela integração da problemática da memória social e das identidades transculturais, com as migrações entre os dois países como pano de fundo. Os textos que compõem o dossiê trabalham com temáticas contemporâneas e assumem um caráter interdisciplinar (teórico e empírico), por meio de interfaces que implicam questões no campo da política, cultura, memórias e identidades. Sintetizam preocupações com as linguagens no sentido de “revelarem” o surgimento de inúmeras formas de desenvolvimento, ambiental e econômico, em outras bases de organização sociocultural. “As marcas do luso-tropicalismo nas intervenções do Presidente da República português (2016-2021)”, abre o dossiê apontando as consequências da política do Estado Novo português em relação aos então territórios “ultramarinos” para legitimar o colonialismo e, consequentemente, mantém o mito da tolerância racial e do nacionalismo integrador e universalista. Em “reflexões sobre o Brasil colônia: as escolas de samba e algumas histórias que a História não contou”, enfatiza-se a relação cultura e desenvolvimento na perspectiva de questionamentos sobre a história colonial brasileira, a partir de manifestações culturais de carnaval, desencadeadas por determinadas escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, em especial os desfiles da G.R.E.S Paraíso do Tuiuti, (2018) e da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2019). “Margarida Cardoso e as mulheres da Casa-Grande: reconfigurar a memória (pós)colonial a partir da branquitude”, apresenta a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente, no sentido de ultrapassar um evento silencioso e silenciado que marcou a sociedade portuguesa desde os anos 1970 até à década de 1990 dentro das ideias de branquitude e de fragilidade branca. No artigo “um narcisismo colonial: implicações históricas nas tecnologias de vigilância”, propõe-se refletir sobre a interferência dos legados de colonialidade nas tecnologias de vigilância no espaço pós-colonial europeu, argumentando que estes instrumentos implicadas e comprometidas com os contextos histórico, político, social e cultural da ordem hegemônica. Por sua vez, em “dilemas da ciberdemocracia: em qual medida o ciber potencializa a democracia?”, há uma interpretação dos efeitos sociais da ciberdemocracia, na sociedade contemporânea, por meio de identificação dos possíveis danos democráticos vinculados ao uso das redes sociais como plataforma de dissipação de discursos. Apresenta o argumento de que muitos indivíduos se utilizam das redes sociais e desconhecem sua estruturação, atenuando problemáticas do convívio democrático, bem como o espaço da e-democracia não se traduz em, apenas, benefícios. Dentro dessa dinâmica, a análise elaborada no “Wikipédia em língua portuguesa: dinâmicas, estruturas e dilemas na colaboração para o conhecimento”, expõe a realidade da plataforma Wikipédia em língua portuguesa. Trazem alguns casos que demonstram o quotidiano desta comunidade colaborativa, retratando os desafios inerentes à função de edição e difusão de conhecimento em regime enciclopédico, livre e colaborativo para, no final, considerar que as forças superam as fraquezas deste processo colaborativo, sem deixar de reconhecer a existência de disputas poder, sombras aos objetivos altruístas deste projeto enciclopédico. No artigo “zoom out / zoom in às redes sociais digitais do Plano Nacional de Cinema: um visionamento em tempos pandêmicos", vê-se uma elaboração sobre o interesse pelas potencialidades do cinema à educação a partir do Plano Nacional de Cinema de Portugal (PNC), enquanto um programa governamental junto do público escolar. Acredita-se que algumas ferramentas da web social, como as redes sociais digitais, podem ser instrumentos de trabalho válidos para as iniciativas do PNC, numa virtualização complementar da sua presença física nas escolas. Do debate em “Resistência à intermediação pelos ecrãs/telas conectadas” emergem as lógicas tecno-econômicas que organizam as relações sociotécnicas das plataformas sociais digitais. A análise recai sobre temas como: motivação para escolha de voto; cobertura da imprensa sobre o movimento Black Lives Matter; covid-19. Salienta que houve resistência em relação às notícias da imprensa, opiniões de influenciadores ou resultados das discussões em grupos de redes sociais, por parte dos consumidores de informação. O argumento “do subúrbio para a periferia: o suburbanismo fantástico contemporâneo, uma nova ambientação do subgênero cinematográfico?” tensiona o tratamento cinematográfico de Angus McFadzean (2017), tomando como base os filmes A Gente se Vê Ontem (See You Yesterday, Stefon Bristol, 2019) e Vampiros x The Bronx (Vampires x The Bronx, Osmany Rodriguez, 2020). Explicita que estes filmes representam um ciclo fechado do suburbanismo fantástico e podem ser caracterizados como resposta pontual de Hollywood a movimentos sociais como o #OscarSoWhite e o #BlackLivesMatter, mas, também, sensibilidades modernas sobre a representatividade e participação de novos corpos na indústria cinematográfica. O dossiê se encerra com o artigo “olhares netnográficos sobre cultura, desenvolvimento e ações coletivas no vale do paraíba”. Na articulação textual, entende-se cultura como instância ativa da formação social e base ao desenvolvimento regional, apontando à necessária elevação da ação sociocultural ao status de consciência política, visto que se constitui como força de resistência e transformação. Na sequência, na seção ensaio, segue o texto “pedagogia do cinema na escola: a prática audiovisual como construção social e de ensino” e problematiza a escola brasileira na sua relação com a produção audiovisual, no sentido de que a escola repense suas práticas excludentes que perpetuam uma monoculturalidade hegemôni
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