Artur Nogueira Matos Alencar, Rafael Del Bel Sonoda, Renato de Lima Rozenowicz, Juliana Cristina Marinheiro, Heloísa Rosa
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Objetivo: Revisar a literatura acerca da possível associação entre o microbioma/MI no desenvolvimento do câncer de mama. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa utilizando-se artigos científicos publicados na base de dados Medline/Pubmed, buscados a partir das palavras-chave \"breast cancer AND microbiome\", no dia 28/01/2022. Para a pesquisa, foram aplicados os seguintes filtros: livros e documentos, ensaio clínico, ensaio clínico randomizado, meta-análise, revisão sistemática e revisão, no período de 10 anos. Dentre os 156 artigos encontrados, foram mantidos para análise aqueles cujo título contém as palavras “microbiome” e/ou “microbiota” e “breast cancer”, somando um total de 28 artigos. Resultados: Os 26 de 28 artigos analisados sugerem que a MI influência nos níveis de estrogênios circulantes e excretados. Estrogênios endógenos (estradiol, estrona e estriol), seus metabólitos e estrogênios exógenos são relevantes para a carcinogênese do tecido mamário. No fígado, são conjugados a partir de reações de glicuronidação e sulfonação e posteriormente secretados no intestino através da bile. Hipotetiza-se que o estroboloma (conjunto de genes de bactérias entéricas cujos produtos são capazes de metabolizar os estrogênios) module o metabolismo do hormônio devido a atividade beta-glicuronidase exibida por bactérias como Escherichia coli, Bacteroides, Bifidobacterium e Citrobacter. Sendo assim, na disbiose, sugere-se que um estroboloma enriquecido com tais bactérias favorece a desconjugação e o consequente aumento nos níveis de estrogênios livres circulantes via reabsorção entero-hepática. Ao se ligar no receptor de estrogênio no tecido mamário, o estrogênio estimula a proliferação celular, favorecendo a iniciação e a promoção do câncer. Conclusão: Novos estudos devem ser realizados para comprovar a associação entre o microbioma e a constituição da MI no desenvolvimento do câncer de mama. A descoberta poderá auxiliar na elaboração de novas recomendações e diretrizes para a prática clínica, além de melhorar a abordagem quanto à prevenção e prognóstico do câncer de mama, diminuindo o número de mortes associadas à doença. 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O PAPEL DO MICROBIOMA NO DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE MAMA: UMA ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL?
Introdução: A microbiota humana é formada por microrganismos comensais e os genes que eles expressam são conhecidos por microbioma. A microbiota intestinal (MI) participa de processos fisiológicos e sua composição pode ser modulada por fatores modificáveis e não modificáveis como genética, dieta, tabagismo e consumo de álcool; seu desequilíbrio (disbiose) pode levar a várias doenças, entre elas o câncer. Estudos recentes mostram a relação entre a composição da MI no metabolismo dos estrogênios e seu possível envolvimento com o câncer de mama, que é o tipo de câncer mais incidente entre mulheres. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o Brasil, estimam-se 66.280 novos casos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Objetivo: Revisar a literatura acerca da possível associação entre o microbioma/MI no desenvolvimento do câncer de mama. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa utilizando-se artigos científicos publicados na base de dados Medline/Pubmed, buscados a partir das palavras-chave "breast cancer AND microbiome", no dia 28/01/2022. Para a pesquisa, foram aplicados os seguintes filtros: livros e documentos, ensaio clínico, ensaio clínico randomizado, meta-análise, revisão sistemática e revisão, no período de 10 anos. Dentre os 156 artigos encontrados, foram mantidos para análise aqueles cujo título contém as palavras “microbiome” e/ou “microbiota” e “breast cancer”, somando um total de 28 artigos. Resultados: Os 26 de 28 artigos analisados sugerem que a MI influência nos níveis de estrogênios circulantes e excretados. Estrogênios endógenos (estradiol, estrona e estriol), seus metabólitos e estrogênios exógenos são relevantes para a carcinogênese do tecido mamário. No fígado, são conjugados a partir de reações de glicuronidação e sulfonação e posteriormente secretados no intestino através da bile. Hipotetiza-se que o estroboloma (conjunto de genes de bactérias entéricas cujos produtos são capazes de metabolizar os estrogênios) module o metabolismo do hormônio devido a atividade beta-glicuronidase exibida por bactérias como Escherichia coli, Bacteroides, Bifidobacterium e Citrobacter. Sendo assim, na disbiose, sugere-se que um estroboloma enriquecido com tais bactérias favorece a desconjugação e o consequente aumento nos níveis de estrogênios livres circulantes via reabsorção entero-hepática. Ao se ligar no receptor de estrogênio no tecido mamário, o estrogênio estimula a proliferação celular, favorecendo a iniciação e a promoção do câncer. Conclusão: Novos estudos devem ser realizados para comprovar a associação entre o microbioma e a constituição da MI no desenvolvimento do câncer de mama. A descoberta poderá auxiliar na elaboração de novas recomendações e diretrizes para a prática clínica, além de melhorar a abordagem quanto à prevenção e prognóstico do câncer de mama, diminuindo o número de mortes associadas à doença. Palavras-chave: microbiota; estrogênios; neoplasia da mama.