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Ao exame objetivo e neurológico, além da alteração da marcha, não apresentava outros achados. Pela evolução suspeita do quadro foi referenciado para o serviço de urgência pediátrico hospitalar para avaliação. Não foram encontradas outras alterações ao exame objetivo. Foi submetido a estudo analítico, que revelou uma creatina cinase (CK) de 7110U/L, mioglobina de 1935ng/ml e aspartato aminotransferase (AST) de 191U/L, sem alteração de função renal. Perante resultados sugestivos de miosite foi decidido internamento para fluidoterapia intravenosa. Em regime de internamento foi realizado aspirado nasofaríngeo para cultura e virologia, que testou positivo para vírus Influenza B; foi, assim, assumido o diagnóstico de miosite vírica por Influenza B. O doente recebeu tratamento com oseltamivir durante quatro dias em regime de internamento, com boa resposta. Teve alta hospitalar após estes quatro dias, assintomático e com indicação para repouso e reforço da hidratação oral. 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Quando não é só uma gripe: relato de caso de uma miosite viral
Introdução: As infeções das vias aéreas superiores (IVAS) em crianças são dos motivos mais comuns de consulta aguda nos cuidados de saúde primários e habitualmente têm bom prognóstico. No entanto, em certos quadros clínicos, as complicações ou doenças menos comuns, como a miosite, devem ser consideradas. Descrição do caso: Uma criança de oito anos de idade, previamente saudável, foi observada pela primeira vez no centro de saúde em novembro de 2019 por tosse e febre com dois dias de evolução, sem alterações de relevo no exame objetivo – foi assumida uma IVAS e prescrito tratamento com antipirético e reforço da hidratação oral. O doente volta três dias depois à unidade com manutenção do quadro clínico, marcha anormal e dor na região posterior da perna, na região dos músculos gastrocnemius bilateralmente. Ao exame objetivo e neurológico, além da alteração da marcha, não apresentava outros achados. Pela evolução suspeita do quadro foi referenciado para o serviço de urgência pediátrico hospitalar para avaliação. Não foram encontradas outras alterações ao exame objetivo. Foi submetido a estudo analítico, que revelou uma creatina cinase (CK) de 7110U/L, mioglobina de 1935ng/ml e aspartato aminotransferase (AST) de 191U/L, sem alteração de função renal. Perante resultados sugestivos de miosite foi decidido internamento para fluidoterapia intravenosa. Em regime de internamento foi realizado aspirado nasofaríngeo para cultura e virologia, que testou positivo para vírus Influenza B; foi, assim, assumido o diagnóstico de miosite vírica por Influenza B. O doente recebeu tratamento com oseltamivir durante quatro dias em regime de internamento, com boa resposta. Teve alta hospitalar após estes quatro dias, assintomático e com indicação para repouso e reforço da hidratação oral. Comentário: Devemos estar atentos a sintomas menos comuns em casos de presumíveis de IVAS e aumentar a acessibilidade dos cuidados de saúde primários para reavaliações de certos casos.