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Mais especificamente, ao Museu Simoens da Silva, localizado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Realizada três anos antes do fechamento do museu por ocasião do falecimento de seu fundador, Antonio Carlos Simoens da Silva, a reportagem é fruto da célebre parceria entre o fotógrafo Jean Manzon e o repórter textual David Nasser que alavancariam a popularidade da revista neste período2. Considerando o apontamento de Barthes de que a fotografia traz a possibilidade de retorno do morto, na reportagem em questão ela é uma fonte relevante para o resgate visual e para o exercício de (re)construção do imaginário acerca de pelo menos dois mortos, o museu e a figura de seu fundador. O trabalho a seguir propõe uma análise das fotografias que compõem essa fotorreportagem. Desenvolvida ao longo de nove páginas, a narrativa de “O caçador de crânios humanos” é conduzida pelas fotografias, muito mais volumosas que o texto. 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摘要
罗兰·巴特(Roland Barthes, 1984)在他的作品《清晰的相机》(camara clara)中偏离了摄影,将其与其他图像区分开来。对作者来说,这种媒介的一个不同方面是它能够机械地无限地复制一些东西,而这些东西在存在中永远不会重复。换句话说,摄影能够捕捉和记录短暂或长期的短暂。这包括曾经被认为是永久的东西。从这个意义上说,照片可以被理解为一个事件的快照。1945年1月20日发表在《O Cruzeiro》杂志上的一篇摄影文章《人类头骨猎人》(the hunter of human cranies)将参观其中一个与事物的持久性有关的空间——博物馆(museum)。更具体地说,是位于里约热内卢博塔弗戈附近的Simoens da Silva博物馆。这篇报道是在博物馆创始人安东尼奥·卡洛斯·西莫恩斯·达席尔瓦(Antonio Carlos Simoens da Silva)去世三年前完成的,是摄影师让·曼松(Jean Manzon)和文本记者大卫·纳赛尔(David Nasser)著名合作的结果,他们利用了该杂志在这一时期的受欢迎程度。考虑笔记本的巴特的照片给死人的卷土重来的可能性,在报道在视觉上她是一个重要来源的立场和实践的(重新)构建虚幻的至少两人死亡,博物馆和其创始人的身影。下面的工作建议对构成这篇摄影报道的照片进行分析。《人类头骨猎人》的叙述长达9页,由照片主导,比文本大得多。在Leite & Riedl3对Manzon和Masser二人组的新闻逻辑的分析中,作者强调了一种新的图像呈现形式的引入,有利于摄影师更大的自主权和自由。就像
O caçador de crânios humanos: uma fotorreportagem do Museu Simoens da Silva na revista O Cruzeiro
Em sua obra “Câmara clara”, Roland Barthes (1984) faz uma digressão sobre a fotografia diferenciando-a das demais imagens. Para o autor, um dos aspectos diferenciais deste suporte é a sua capacidade de reproduzir mecanicamente ao infinito algo que, existencialmente, jamais se repetirá. Em outras palavras, a fotografia possibilita a captura e o registro do efêmero na curta ou na longa duração. Isto inclui aquilo que, em determinado momento, foi tido como permanente. Neste sentido a fotografia pode ser compreendida enquanto um recorte instantâneo de um acontecimento. Publicada na revista O Cruzeiro, em 20 de janeiro de 1945, a fotorreportagem “O caçador de crânios humanos” traz o recorte de uma visita a um desses espaços vinculados à permanência das coisas, o museu. Mais especificamente, ao Museu Simoens da Silva, localizado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Realizada três anos antes do fechamento do museu por ocasião do falecimento de seu fundador, Antonio Carlos Simoens da Silva, a reportagem é fruto da célebre parceria entre o fotógrafo Jean Manzon e o repórter textual David Nasser que alavancariam a popularidade da revista neste período2. Considerando o apontamento de Barthes de que a fotografia traz a possibilidade de retorno do morto, na reportagem em questão ela é uma fonte relevante para o resgate visual e para o exercício de (re)construção do imaginário acerca de pelo menos dois mortos, o museu e a figura de seu fundador. O trabalho a seguir propõe uma análise das fotografias que compõem essa fotorreportagem. Desenvolvida ao longo de nove páginas, a narrativa de “O caçador de crânios humanos” é conduzida pelas fotografias, muito mais volumosas que o texto. Na análise de Leite & Riedl3 sobre a lógica jornalística da dupla Manzon e Masser, os autores destacam a introdução de uma nova forma de apresentação da imagem favorecida por uma maior autonomia e liberdade do fotógrafo. Como