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“A HUMANIDADE INCÔMODA”: ARTE E RESISTÊNCIA EM TEMPOS INFERNAIS
Brice Parain dizia que a guerra, de forma terrivel e paradoxal, dera valor a vida e recordara aos homens que nao podem perder um so instante, mas tambem incubara neles uma desconfianca em relacao a linguagem nunca antes imaginada. A mesma desconfianca contagiara as imagens de uma irrealidade nauseabunda, colocando em causa o valor que ainda podiam chegar a ter para a humanidade. De todos os modos, nos campos e nas prisoes, no exilio e nas trincheiras, a arte soube partilhar as privacoes do quotidiano, passando a ser tao importante muitas vezes como alimentar-se e se aquecer, recuperando em certo modo a sua antiga funcao catartica. E nas sombras cuidou das palavras e das imagens, da sensibilidade e da imaginacao, da precaria humanidade do animal humano. O presente trabalho pretende refletir sobre o que dao a pensar essas imagens nas quais a arte oferece a ultima resistencia possivel.