Elisa Mergulhão Estronioli, José Queiroz de Miranda Neto
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Abstract
Este trabalho tem por objetivo identificar as diferentes concepções de espaço que embasam o conceito de atingido por barragem a partir da análise do caso dos moradores da ocupação da Lagoa do bairro Jardim Independente I, na cidade de Altamira-Pará. Os moradores da área supracitada se organizaram, junto ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), para serem reconhecidos como atingidos pela hidrelétrica de Belo Monte, em um processo de lutas que evidenciou os limites da concepção espacial utilizada no setor elétrico para definir os atingidos. O trabalho foi feito com base em dados secundários e entrevistas abertas e semiestruturadas com ex-moradores da área e de outros atores desse processo. Os resultados indicam a existência de pelo menos duas perspectivas espaciais que conformam as disputas em torno do conceito de atingido. A primeira, proveniente do setor elétrico, corresponde a uma concepção “areal” delimitada a partir do “polígono do empreendimento” (baseado na cota de inundação). Ela se relaciona à visão territorial-patrimonialista e hídrica de atingido, que prioriza o aspecto físico do espaço e oculta as relações sociais. A segunda é uma concepção espacial “humana” ou “relacional”, que considera os efeitos espaciais desses projetos de grande escala sob a lógica da totalidade, levando em conta as relações sociais na produção do espaço, incluindo as determinações de ordem política.