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Abstract
Na contemporaneidade, acirram-se os efeitos estruturais do mal-estar da civilização discutidos por Freud. Nos deteremos naquele que advém da relação com o próximo. Quando a pulsão de morte reproduz uma forma de insatisfação reiterada, o tratamento desse excesso pode recair sobre o corpo do outro que guarda uma diferença de gozo. A maneira como o gozo íntimo ganha forma de estrangeiro habitando, como o pior, o próximo, configura uma suposição de suspeita que sustenta um modo de laço social. Lacan chega a falar que, na matriz de toda fraternidade, está a segregação. Formamos comunidades de gozo e excluímos toda a forma diferente de satisfação que nos ameace. Na atualidade, com o acúmulo do capital, aliado aos efeitos do avanço científico, algo se modificou no laço social e produziu, dessa matriz, uma nova gramática de inimigo, que denominamos sujeito suposto suspeito como um dos nomes do pior. Contra essa lógica, a emancipação e as saídas possíveis que a psicanálise aponta para uma vida em-comum, na solidão da responsabilidade do gozo de cada um, dizem respeito às soluções éticas que enfrentam, desde dentro, todo o idealismo superegóico.