Leonardo Tibiriçá Corrêa, C. F. Plata, Esther Lopes Ricci, Maria Aparecida Nicoletti, É. C. Caperuto, H. S. Spinoza, Juliana Weckx Peña Muñoz, André Rinaldi Fukushima
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Abstract
A maconha e uma planta utilizada desde a Antiguidade com finalidade medicinal, atuando clinicamente como sedativo, analgesico e antiemetico. O principal efeito colateral e a perturbacao do sistema nervoso central, causando euforia e alucinacoes, levando a movimentacao popular em favor da proibicao, apesar de ser menos viciante e perigoso que etanol e derivados opioides. Em 1964, foi isolado o ?9-tetrahidrocanabinol, principal psicoativo da maconha, levando a hipotese de que seu mecanismo de acao seria semelhante aos anestesicos gerais. Em 1988, foi descoberto os receptores canabinoides, dando inicio a exploracao de seu sistema endogeno. Em 1992, a descoberta do primeiro mediador endogeno, denominado anandamida. Em 1994, e lancado o primeiro medicamento atuante no sistema de endocanabinoides, denominado rimonabanto, com a finalidade de inibir o apetite e tratar a obesidade. Em 2008, o rimonabanto e retirado do mercado por induzir a depressao e ansiedade e dispor de relacao com a ocorrencia de suicidio. Em 2019, a Agencia Nacional de Vigilância Sanitaria regulamentou os requisitos de fabricacao, dispensacao e receituario com a RDC 327/19. Atualmente, o sistema de canabinoides possui maior conhecimento e e possivel estabelecer diversas aplicacoes clinicas, por exemplo, atuando na atenuacao dos sintomas motores da Doenca de Parkinson, na dor neuropatica ou inflamatoria, diminuicao da pressao intraocular no glaucoma e como antiemetico durante a quimioterapia. O presente trabalho visa revisar os aspectos historicos da maconha no Brasil e o trajeto das descobertas de seus derivados, assim como a biossintese e sinalizacao endocanabinoide e as aplicacoes clinicas em uma abordagem farmacologica.