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Abstract
As cidades brasileiras são marcadas pela violência e pela insegurança urbana, que colonizam os imaginários sociais, alicerçando modos de apropriação e enunciando supostas soluções à problemática. Essas, são oferecidas principalmente pelo mercado, sendo os condomínios horizontais fechados um de seus baluartes. São vendidos como um novo modo de socialização urbana, que aproximam seus habitantes da natureza, dos momentos de lazer, os mantém longe da violência, do medo e da insegurança, ou seja, ampliam sua liberdade e qualidade de vida. A análise das narrativas em torno dos condomínios, conforme evidenciamos neste texto a partir de entrevistas com citadinos de Araguaína, Tocantins, revelam que eles têm se transformado em um ideal de cidade. As narrativas veiculadas pelos moradores entrevistados dessa cidade, apontam na direção de uma condominização da vida urbana como solução para a insegurança. A resolução dos problemas urbanos, nessa perspectiva, passa pelo isolamento e separação, via multiplicação de muros e cercas, cenário ideal para fertilização de preconceitos, racismo e ódio às minorias. Apesar de ser o imaginário hegemônico, encontrou-se entre os entrevistados vozes dissonantes, especialmente daqueles que já sofreram algum tipo de violência simbólica nesses lugares, os quais encontram-se fora de qualquer horizonte de habitabilidade. Ainda que importante, essas posições não revelam e veiculam uma imaginação geográfica da cidade alternativa aos condomínios fechados. Por isso, essas discussões são fundamentais para oferecer novas mediações às vozes dissidentes a um modelo de urbe que avança e ameaça a luta e concretização do direito à cidade.