Eneida Da Silva Fiori, Luiz Fernando Conde Sangenis
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Abstract
As investigações em torno da laicidade do estado e da escola pública criaram o consenso de que a sociedade brasileira apresenta dificuldades para atomizar-se estritamente ao campo político sem a interveniência da esfera da religião. Importa, agora, pensar as causas que podem explicar as razões para que o processo de secularização/desencantamento, no contexto brasileiro, se configure diferenciado. Argumentamos que a teoria da secularização, elaborada em sociedades cristãs europeias, não tem a mesma eficácia teórica para explicar outros processos de secularização em sociedades não europeias. A cultura brasileira, além do cristianismo, formou-se a partir de diversas matrizes religiosas, a indígena e a africana, num imbricado processo de sincretização. Destacamos a influência africana, particularmente a tradição religiosa nagô-yorubá, que permeou o complexo cultural brasileiro. Mesmo em ambientes católicos, ainda hegemônicos, vigora uma compreensão mágica e sacral da realidade. Ao contrário do que se esperaria, o mundo continua encantado e permeado por forças sobrenaturais que inibem a potência secularizante do cristianismo.