Catarina Morawska, A. C. Campos, Bruno Campos Cardoso, C. Paulino
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Abstract
Resumo Neste artigo, problematizamos a política científica nacional, tal como proposta pela Portaria 1.122/2020 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), que institui áreas tecnológicas prioritárias, no que se refere a projetos de pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações. Buscamos demonstrar como, subjacente a tal política, está a ideia de transversalidade hierárquica, com as ciências sociais, humanas e de base acessórias às áreas aplicadas, bem como a expectativa de que os projetos científicos gerem produtos e serviços comercializáveis. Por meio de uma discussão que explicita a noção de tecnologia mobilizada pelo Ministério e o privilégio que este confere à relação entre empresas e áreas tecnológicas, procuramos mostrar como tal perspectiva se diferencia daquela proposta, em meados do século XX, pela cibernética, que apostava nas possibilidades comunicativas entre diferentes áreas científicas. Argumentamos que o debate mais recente sobre uma ecologia das práticas permite levar adiante uma perspectiva ainda mais expansiva, que reconhece o caráter situado de toda ciência e vislumbra colaborações entre práticas de conhecimento científicas e não-científicas, mutuamente implicadas por situações ecológicas particulares. Nesse contexto, o potencial das ciências sociais inclui viabilizar esse tipo de cooperação, visando responder a problemas que tenham em conta a manutenção da multiplicidade dos modos de vida.
期刊介绍:
Editada por primeira vez em 1986, nove anos depois da fundação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), a Revista Brasileira de Ciências Sociais (RBCS) consolidou-se ou longo dos anos como um dos periódicos mais importantes de veiculação da produção científica de ponta nas três grandes áreas das ciências sociais (antropologia, sociologia e ciência política). É um periódico multidisciplinar no campo das ciências humanas que segue uma definição estrita de multidisciplinaridade, privilegiando contribuições substantivas em seu campo. Ocasionalmente, acolhe artigos oriundos de outras áreas, quando claramente dedicados a travar interlocução com a produção de conhecimento nas ciências sociais. Publicada ininterruptamente durante todos esses anos, nasceu e desenvolveu seu perfil editorial ao longo do tempo como periódico da Anpocs. A partir do número 90, publicado em fevereiro de 2016, passou a circular apenas em formato digital. Os artigos da revista se encontram disponíveis, em acesso aberto, tanto no SciELO quanto na página institucional da Anpocs, no canal Publicações, bem como em algumas redes acadêmicas.