Mary Lúcia Souto Galvão, Ticiana Osvald Ramos, Tainá Santana de Deus Oliveira
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Abstract
Neste artigo pretendemos refletir sobre possíveis caminhos para que a formação em enfermagem seja qualificada a partir da pedagogia decolonial, defendida por Catherine Walsh (2007) como uma práxis baseada na insurgência educativa propositiva, representando a criação e a construção de novas condições sociais, políticas e culturais, para atender as demandas da complexa situação de saúde das populações que requer profissionais com capacidade crítico-reflexiva para atuarem na perspectiva de cuidado integral respeitando os princípios da equidade, autonomia, emancipação e satisfação. O artigo é fruto de uma investigação de doutorado em torno dos saberes de Parteiras Tradicionais do território do antigo quilombo do Cabula (Salvador) e teve como objetivo discutir como esses saberes podem contribuir para a formação de enfermeiras, refletindo sobre a importância da Educação Popular em Saúde e de ações extensionistas, desenvolvidas no curso de enfermagem da Universidade do Estado da Bahia. A metodologia da pesquisa foi qualitativa, incluindo: análise de documentos relacionados a ações de extensão na atenção à saúde do curso de Enfermagem, rodas de conversa e entrevistas-narrativas com mulheres mais velhas do bairro do Cabula, guardiãs de saberes, para resgatar memórias das parteiras tradicionais que atuaram naquele território até meados do século XX, quando o parto passou a ser institucionalizado. Nesta perspectiva, apresentamos uma primeira sessão na qual são trabalhados aspectos conceituais e teóricos que constroem a reflexão sobre a relação entre a colonialidade, a medicalização do parto e a atuação de parteiras e uma segunda sessão na qual são apresentadas duas possíveis dimensões da pedagogia decolonial em enfermagem, enquanto resultados: a extensão universitária e a aproximação de memórias de parteiras.