{"title":"Colher memórias de velhos: retratos de avós em obras do Caribe francófono","authors":"V. Rocha","doi":"10.5007/2175-7917.2021.e78007","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo se propõe a perscrutar representações da velhice a partir do imaginário de avós em textos teórico-literários redigidos por seus netos e netas após o falecimento dos progenitores. Com o envelhecimento acentuado de diversas populações, torna-se urgente revisitar o paradigma desta fase da vida como etapa de declínio, propícia à doença, ao enfraquecimento e à inevitável morte. Partindo-se do conceito de “valor refúgio” proposto pelo crítico literário tunisiano Albert Memmi e no intuito de ‘colher memórias de velhos’, como o fez a escritora e psicóloga brasileira Éclea Bosi, nossas análises se debruçam nas relações familiares e na importância da ancestralidade no seio da sociedade em obras do caribe francófono, mais precisamente da ilha de Martinica e do arquipélago de Guadalupe. Neste sentido, acolhemos notadamente textos dos martinicanos Patrick Chamoiseau, Raphaël Confiant, Fabienne Kanor e dos guadalupenses Simone Schwarz-Bart, Maryse Condé e Dominique Lancastre nos quais estão em cena a relação entre velhice e representação literária e nos quais emergem as noções de “oralitura” (CHAMOISEAU, 2002) , “busca identitária” (CHAMOISEAU, 2016) “presentificação” (FOUCAULT, 1992), “fabulação” (HUSTON, 2008) e morte como “ausência” (CHAMOISEAU, 2016). Por fim, vislumbra-se a ancestralidade e sua importância a partir da metáfora da árvore (HAMPÂTÉ BÂ), do “húmus” (KANOR, 2006) e da “seiva” (BOSI, 2003) para dar a ver um corpo social marcado pelos ensinamentos, pelas insurgências e pelo altruísmo de avós “velhos demais para morrer” (MARIANO, 2020).","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-08-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Anuario de Literatura","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2021.e78007","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo se propõe a perscrutar representações da velhice a partir do imaginário de avós em textos teórico-literários redigidos por seus netos e netas após o falecimento dos progenitores. Com o envelhecimento acentuado de diversas populações, torna-se urgente revisitar o paradigma desta fase da vida como etapa de declínio, propícia à doença, ao enfraquecimento e à inevitável morte. Partindo-se do conceito de “valor refúgio” proposto pelo crítico literário tunisiano Albert Memmi e no intuito de ‘colher memórias de velhos’, como o fez a escritora e psicóloga brasileira Éclea Bosi, nossas análises se debruçam nas relações familiares e na importância da ancestralidade no seio da sociedade em obras do caribe francófono, mais precisamente da ilha de Martinica e do arquipélago de Guadalupe. Neste sentido, acolhemos notadamente textos dos martinicanos Patrick Chamoiseau, Raphaël Confiant, Fabienne Kanor e dos guadalupenses Simone Schwarz-Bart, Maryse Condé e Dominique Lancastre nos quais estão em cena a relação entre velhice e representação literária e nos quais emergem as noções de “oralitura” (CHAMOISEAU, 2002) , “busca identitária” (CHAMOISEAU, 2016) “presentificação” (FOUCAULT, 1992), “fabulação” (HUSTON, 2008) e morte como “ausência” (CHAMOISEAU, 2016). Por fim, vislumbra-se a ancestralidade e sua importância a partir da metáfora da árvore (HAMPÂTÉ BÂ), do “húmus” (KANOR, 2006) e da “seiva” (BOSI, 2003) para dar a ver um corpo social marcado pelos ensinamentos, pelas insurgências e pelo altruísmo de avós “velhos demais para morrer” (MARIANO, 2020).