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Abstract
A literatura é o refúgio e o lugar de registro de muitas vivências resultantes da realidade de períodos históricos, principalmente os traumáticos, como a ditadura militar, que, no Brasil, perpetuou de 1964 a 1985, mas deixou marcas até na atualidade. Muitos são os escritores que escreveram obras literárias que guardam em seu enredo histórias representativas dos 21 anos de ditadura militar. Maria José Silveira, por exemplo, em seu livro Felizes poucos: onze contos e um curinga, publicado em 2016, expressa, em onze contos, diversificadas vivências experienciadas por militantes e seus familiares e amigos durante aquele período histórico. No começo e no final do livro, bem como no final de um conto e começo de outro, aparece um personagem inusitado – o Curinga – que exerce diversas funções enquanto conversa com o leitor e a própria autora, além de comentar as cenas narradas. Observando-se essas questões, objetiva-se, neste estudo, analisar a representação de realidades da história da ditadura militar na obra ficcional supracitada em meio às estratégias narrativas suscitadas pela autora para conseguir atingir seus propósitos. Para subsidiar tais assertivas, recorre-se à teoria do efeito estético de Wolfgang Iser (1999) e aos estudos de Walter Benjamin (1987), Jeanne Marie-Gagnebin (2006), Márcio Seligmann-Silva (2000, 2003) e Euridice Figueiredo (2017) sobre narrativa, história, memória e as possibilidades de representação de traumas históricos na literatura, considerando seu contexto ficcional. Diante disso, as análises propiciam destacar que a literatura, por ser ficcional e formada por diversas estratégias narrativas, possibilita a representação da realidade das personagens vítimas da ditadura militar e a resistência da memória destas na ficção, uma vez que esta abarca outros elementos que os da história.