{"title":"O Ilá das Iyabás em Alma da África: anciãs e deusas de Antonio Olinto","authors":"J. R. Costa","doi":"10.5007/2175-7917.2021.e75639","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Nesse artigo, buscaremos refletir sobre a relação que se estabelece entre as representações da mulher idosa e as deusas da mitologia orixaísta, as iyabás, na trilogia Alma da África (2007) de Antonio Olinto, estabelecendo, principalmente, um olhar sobre a importância dessas anciãs na organização de famílias matrifocais. Buscaremos mostrar que a estrutura familiar matrifocal, fundamental na sociedade tribal africana, reaparece, tanto na sociedade brasileira – notadamente dentre as mulheres afrodescendentes, quanto na sociedade do período de descolonização africana. Em A Casa da Água (2007), primeiro tomo da trilogia Alma da África, lançado em 1967, estudaremos a desterritorialização e a reterritorialização de duas personagens, Catarina – que recupera, posteriormente, seu verdadeiro nome, Ainá – e Epifânia. Em O Rei de Keto (2007), lançado originalmente em 1980, resgataremos a busca da velha comerciante Aduké pela educação de sua filha, Ainá, dentro dos valores tribais, enquanto sua sucessora no matriarcado. Finalmente, em Trono de Vidro (2007), lançado pela comemoração do centenário da abolição da escravatura, em 1987, encontraremos Mariana, que aparecera, na infância e fase adulta, em A Casa da Água (2007), mostrando sua força nos âmbitos sociais, políticos e econômicos, nas vésperas de completar, ela própria, seu centenário, auxiliando a neta, Mariana Ilufemi, na redemocratização do fictício país de Zorei. A partir de teóricos como Beauvoir, Elias, Bordieu, Davis e Meletínski, este estudo tenta reconhecer a influência da mítica orixaísta, na figura de suas deusas ancestrais, na consolidação de um matriarcado tribal.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Anuario de Literatura","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2021.e75639","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Nesse artigo, buscaremos refletir sobre a relação que se estabelece entre as representações da mulher idosa e as deusas da mitologia orixaísta, as iyabás, na trilogia Alma da África (2007) de Antonio Olinto, estabelecendo, principalmente, um olhar sobre a importância dessas anciãs na organização de famílias matrifocais. Buscaremos mostrar que a estrutura familiar matrifocal, fundamental na sociedade tribal africana, reaparece, tanto na sociedade brasileira – notadamente dentre as mulheres afrodescendentes, quanto na sociedade do período de descolonização africana. Em A Casa da Água (2007), primeiro tomo da trilogia Alma da África, lançado em 1967, estudaremos a desterritorialização e a reterritorialização de duas personagens, Catarina – que recupera, posteriormente, seu verdadeiro nome, Ainá – e Epifânia. Em O Rei de Keto (2007), lançado originalmente em 1980, resgataremos a busca da velha comerciante Aduké pela educação de sua filha, Ainá, dentro dos valores tribais, enquanto sua sucessora no matriarcado. Finalmente, em Trono de Vidro (2007), lançado pela comemoração do centenário da abolição da escravatura, em 1987, encontraremos Mariana, que aparecera, na infância e fase adulta, em A Casa da Água (2007), mostrando sua força nos âmbitos sociais, políticos e econômicos, nas vésperas de completar, ela própria, seu centenário, auxiliando a neta, Mariana Ilufemi, na redemocratização do fictício país de Zorei. A partir de teóricos como Beauvoir, Elias, Bordieu, Davis e Meletínski, este estudo tenta reconhecer a influência da mítica orixaísta, na figura de suas deusas ancestrais, na consolidação de um matriarcado tribal.
在这篇文章中,我们试图反思安东尼奥·奥林托(Antonio Olinto)的《非洲之魂》三部曲(2007)中,老妇人和东方神话中的女神iyabás之间建立的关系,主要是着眼于这些长辈在母系家庭组织中的重要性。我们将努力表明,作为非洲部落社会基础的母系家庭结构再次出现在巴西社会中,尤其是在非洲裔妇女中,就像在非洲非殖民化时期的社会中一样。在1967年发行的《非洲之魂》三部曲的第一卷《A Casa daÁgua》(2007)中,我们将研究卡塔琳娜(Catarina)和埃皮芬尼亚(Epifânia)这两个角色的非殖民化和重新属地化。在1980年发行的《凯托国王》(2007年)中,我们将拯救寻找老商人阿杜凯的工作,以在部落价值观范围内教育她的女儿艾娜,同时也是她的母系继承人。最后,在1987年废除奴隶制一百周年纪念活动发起的Trono de Vidro(2007)中,我们将发现Mariana,她在童年和成年时都出现在A Casa daÁgua(2007,在虚构的佐雷国家的重新民主化中。本研究以波伏娃、伊利亚、博尔迪厄、戴维斯和梅莱廷斯基等理论家为基础,试图认识到神话中的东方派在其祖先女神形象中对部落母系巩固的影响。