Josefa Felix do Nascimento, Cristine Gorski Severo
{"title":"Políticas linguísticas de uma comunidade cigana Calón em Sergipe","authors":"Josefa Felix do Nascimento, Cristine Gorski Severo","doi":"10.15448/1984-7726.2023.1.43500","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste texto, apresentamos e analisamos as políticas linguísticas de uma comunidade cigana Calón estabelecida no município de Itabaianinha-SE. Para tanto, nos apoiamos nas proposições teóricas de Spolsky (2004, 2016) e de Bonacina-Pugh (2012) sobre políticas linguísticas declaradas, políticas linguísticas percebidas e políticas linguísticas praticadas; nas reflexões sobre tradição inventada (HOBSBAWM; RANGER, 2008); e na abordagem sobre estigma (GOFFMAN; 1988). Nossa análise enfoca os seguintes elementos: o sentido de língua cigana e a relação da língua com a identidade e a tradição inventada; o papel do estigma e do segredo como dimensões valorativas; a transmissão da língua e o ensino da língua cigana; e o papel dos ritos na configuração de práticas linguísticas. Atentamos, também, tanto para as legislações e iniciativas jurídico-políticas, como para a dimensão das crenças/valores e costumes da comunidade sobre suas práticas de linguagem, especialmente sobre o papel da língua-segredo como reguladora das políticas linguísticas praticadas. A pesquisa inclui levantamento bibliográfico e pesquisa de campo realizada em 2020-2021, com a realização de entrevistas, observação e anotações em diário, enfocando o papel da pesquisa engajada na construção de conhecimento sobre as políticas linguísticas da comunidade. Defendemos que as políticas linguísticas devem considerar a perspectiva da experiência da comunidade – e seus costumes – como elementos orientadores sobre os sentidos de língua e de sua revitalização e valorização, contribuindo, assim, para a desconstrução de estereótipos envolvendo as comunidades ciganas e suas línguas no Brasil. Registramos a importância das políticas públicas e da mobilização da comunidade local para os processos de desconstrução de preconceitos e estereótipos.","PeriodicalId":42440,"journal":{"name":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Letras de Hoje-Estudos e Debates em Linguistica Literatura e Lingua Portuguesa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.43500","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Neste texto, apresentamos e analisamos as políticas linguísticas de uma comunidade cigana Calón estabelecida no município de Itabaianinha-SE. Para tanto, nos apoiamos nas proposições teóricas de Spolsky (2004, 2016) e de Bonacina-Pugh (2012) sobre políticas linguísticas declaradas, políticas linguísticas percebidas e políticas linguísticas praticadas; nas reflexões sobre tradição inventada (HOBSBAWM; RANGER, 2008); e na abordagem sobre estigma (GOFFMAN; 1988). Nossa análise enfoca os seguintes elementos: o sentido de língua cigana e a relação da língua com a identidade e a tradição inventada; o papel do estigma e do segredo como dimensões valorativas; a transmissão da língua e o ensino da língua cigana; e o papel dos ritos na configuração de práticas linguísticas. Atentamos, também, tanto para as legislações e iniciativas jurídico-políticas, como para a dimensão das crenças/valores e costumes da comunidade sobre suas práticas de linguagem, especialmente sobre o papel da língua-segredo como reguladora das políticas linguísticas praticadas. A pesquisa inclui levantamento bibliográfico e pesquisa de campo realizada em 2020-2021, com a realização de entrevistas, observação e anotações em diário, enfocando o papel da pesquisa engajada na construção de conhecimento sobre as políticas linguísticas da comunidade. Defendemos que as políticas linguísticas devem considerar a perspectiva da experiência da comunidade – e seus costumes – como elementos orientadores sobre os sentidos de língua e de sua revitalização e valorização, contribuindo, assim, para a desconstrução de estereótipos envolvendo as comunidades ciganas e suas línguas no Brasil. Registramos a importância das políticas públicas e da mobilização da comunidade local para os processos de desconstrução de preconceitos e estereótipos.