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Abstract
O século XX na América Central e América Latina ficou marcado pelo autoritarismo advindo de governos ditatoriais que ascenderam ao poder em muitos países dessas regiões. No Brasil, o regime foi implantado a partir de 1964 e deixou um rastro de violências físicas e simbólicas que permanecem na contemporaneidade. O aniversário de cinquenta anos do golpe de Estado que colocou os militares no poder, aliado ao término dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade impulsionaram a produção de narrativas sobre o tema. Muitos desses autores que vêm sendo publicados nos últimos anos são mulheres que direta ou indiretamente foram afetadas pelos eventos pretéritos. Dentre a produção dessas mulheres, destacamos o romance de Maria Pilla, Volto semana que vem (2015a), que reúne memórias organizadas de forma desarranjada sobre sua infância, juventude, envolvimento com a militância e consequente exílio e prisão na Argentina. Embora o cárcere se caracterize como um espaço sombrio e de cerceamento da liberdade, Pilla foca nas relações estabelecidas com as companheiras de cativeiro e suas estratégias de sobrevivência. Assim, analisamos o tópico do registro das memórias que dizem respeito à resiliência feminina no cárcere. Nesse percurso, valendo-nos, principalmente, da pesquisa de Eurídice Figueiredo (2017) sobre o tema, refletimos brevemente a respeito da produção literária sobre a ditadura dos últimos anos; fazemos uma leitura do romance de Pilla; analisamos a questão da prisão feminina na narrativa e pensamos acerca do significado da obra no contexto em que foi produzida, compreendendo-a, como Figueiredo (2017) como uma possibilidade de arquivo do nosso passado ditatorial.