“Eclipse da palavra”: travessias no “Canto de Ulisses” de Primo Levi

Helena Bressan Carminati, Patricia Peterle
{"title":"“Eclipse da palavra”: travessias no “Canto de Ulisses” de Primo Levi","authors":"Helena Bressan Carminati, Patricia Peterle","doi":"10.11606/issn.2238-8281.i45p24-36","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"“Hoje é Primo quem vai comigo buscar a sopa” (LEVI, 1988, p. 163). A frase, aparentemente simples, simboliza o convite para uma troca pouco possível. O espaço concentracionário, onde a linguagem sofre aquilo que, sabiamente, o escritor italiano Primo Levi (1919-1987) define como “eclipse da palavra”, abre-se nesse momento, mais especificamente no capítulo “O canto de Ulisses” de É isto um homem? (1947), para uma outra possibilidade. A palavra que pouco a pouco vai perdendo vida encontra no diálogo entre os dois personagens, Primo Levi e Pikolo, um reencontro com suas subjetividades e não só. É pensando nesse capítulo, e sobretudo, no gesto tradutório como um ato de amorosidade, que este ensaio se inscreve. Nesse sentido, enquanto encontro, a tradução será parte de movimentos que não necessariamente precisam ser binários, isto é, uma cisão entre um dentro e um fora, entre o eu e o outro. De fato, em Tradução como cultura, Gayatri Spivak se refere à tradução como um ato não apenas de leitura íntima, mas também como ato amoroso, de entrega e solidariedade. É a escuta de Pikolo que torna possível o ato tradutório de Levi que recita os versos da Divina Comédia. E se “Nenhuma fala é fala enquanto não é ouvida” (SPIVAK, 2015, p. 58), pretende-se pensar de que forma a tradução acontece em “O canto de Ulisses” e quais caminhos ela torna possíveis dentro de um ambiente tão cerceado quanto o Campo.","PeriodicalId":31355,"journal":{"name":"Revista de Italianistica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-12-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista de Italianistica","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i45p24-36","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

“Hoje é Primo quem vai comigo buscar a sopa” (LEVI, 1988, p. 163). A frase, aparentemente simples, simboliza o convite para uma troca pouco possível. O espaço concentracionário, onde a linguagem sofre aquilo que, sabiamente, o escritor italiano Primo Levi (1919-1987) define como “eclipse da palavra”, abre-se nesse momento, mais especificamente no capítulo “O canto de Ulisses” de É isto um homem? (1947), para uma outra possibilidade. A palavra que pouco a pouco vai perdendo vida encontra no diálogo entre os dois personagens, Primo Levi e Pikolo, um reencontro com suas subjetividades e não só. É pensando nesse capítulo, e sobretudo, no gesto tradutório como um ato de amorosidade, que este ensaio se inscreve. Nesse sentido, enquanto encontro, a tradução será parte de movimentos que não necessariamente precisam ser binários, isto é, uma cisão entre um dentro e um fora, entre o eu e o outro. De fato, em Tradução como cultura, Gayatri Spivak se refere à tradução como um ato não apenas de leitura íntima, mas também como ato amoroso, de entrega e solidariedade. É a escuta de Pikolo que torna possível o ato tradutório de Levi que recita os versos da Divina Comédia. E se “Nenhuma fala é fala enquanto não é ouvida” (SPIVAK, 2015, p. 58), pretende-se pensar de que forma a tradução acontece em “O canto de Ulisses” e quais caminhos ela torna possíveis dentro de um ambiente tão cerceado quanto o Campo.
“文字的消逝”:普里莫·李维的《尤利西斯角》中的十字路口
“今天是Primo和我一起去拿汤”(LEVI, 1988,第163页)。这个看似简单的短语象征着一种不可能的交换的邀请。意大利作家普里莫·列维(Primo Levi, 1919-1987)明智地将语言定义为“文字的日蚀”的集中空间,在那一刻打开了,更具体地说,在《这是一个人吗?》(1947),另一种可能性。在普里莫·列维和皮科洛这两个人物之间的对话中,这个逐渐失去生命的词与他们的主观性和其他方面的重新相遇。正是考虑到这一章,最重要的是,把翻译的手势作为一种爱的行为,这篇文章被镌刻了下来。从这个意义上说,当我遇到翻译时,翻译将是运动的一部分,而这些运动不一定是二元的,也就是说,内在与外在、自我与他人之间的分裂。事实上,在翻译作为一种文化中,加亚特里·斯皮瓦克(Gayatri Spivak)将翻译视为一种不仅是亲密阅读的行为,而且是一种爱、奉献和团结的行为。正是皮科洛的倾听使利瓦伊背诵《神曲》诗句的翻译行为成为可能。如果“没有语言是语言,直到它被听到”(SPIVAK, 2015, p. 58),我们打算思考翻译是如何在《尤利西斯之歌》中发生的,以及它使哪些路径成为可能,在一个像乡村这样狭窄的环境中。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
审稿时长
24 weeks
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信